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Tecnologia russa analisa galeria do celular para descobrir rotina dos usuários

Por| 21 de Dezembro de 2018 às 09h09

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DPReview
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Pesquisadores da Escola Superior de Economia da National Research University da Rússia afirmam ter criado uma tecnologia capaz de ajudar redes neurais a detectarem indivíduos específicos em vídeo, permitindo definir o gênero e a idade das pessoas no vídeo de modo mais rápido e mais preciso.

Atualmente, em 90% dos casos as redes neurais conseguem detectar o gênero de um pessoa no vídeo, mas, para a idade, a coisa é um pouco mais complicada. Ao invés de dar uma idade específica, os sistemas atuais sugerem porcentagens para faixas etárias entre 1 e 100 anos. O que eles fazem é analisar cada um dos quadros do vídeo para tentar definir a idade do indivíduo. Por exemplo, se em 30% dos quadros de um vídeo o programa achou que a pessoa tem 21 anos, e em 10% ele chegou à conclusão que ela tem 60, então o resultado apresentado será de que o indivíduo em questão tem 30% de chance de ter 21 anos e 10% de chance de ter 60 anos; considerando o resultado final, esses programas costumam apresentar uma faixa de idade com margem de erro de 5 anos para mais ou para menos.

Mas, em um artigo publicado sob o nome de Video-based age and gender recognition in mobile applications, uma equipe da Escola Superior de Economia comandada pelo professor Andrey Savchenko encontrou um jeito de otimizar essas tarefas. Os experimentos feitos em diversos vídeos provaram que a tecnologia criada pelos russos possui o melhor algoritmo para detecção de idade e gênero da atualidade.

Para o novo algoritmo, os pesquisadores russos implementaram um novo método de agregar as porcentagens geradas pelas redes neurais atuais em estatísticas e na teoria de Dempster-Shafer. Para isso, o método utiliza não uma, mas diversas redes neurais diferentes (uma para definir idade, outra para definir gênero, etc), que, quando combinadas, não só conseguem definir a idade e o gênero de uma pessoa, como também atribui um vetor único para cada pessoa.

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Agora, os pesquisadores estão passando para uma nova fase de testes do algoritmo, implementando-o em alguns apps para Android. O sistema funciona até em aparelhos menos avançados e, diferentemente de alguns sistemas já existentes em apps como o Instagram, a solução russa funciona offline processando fotos e vídeos da galeria do aparelho para coletar informações do círculo de amizades do usuário, como quem são os amigos mais próximos, a composição da família dele e a idade e gênero daqueles com quem ele mais interage.

Esses dados podem ser usados pela fabricante do smartphone para criar diversos sistemas de recomendação. Por exemplo, se um usuário possui diversas fotos e vídeos junto de uma criança, ele pode passar a ver mais anúncios de lojas de brinquedos enquanto usa o aparelho, e se o sistema percebe que os amigos costumam tirar várias fotos em um dia específico da semana, o smartphone pode começar a sugerir dicas de restaurante que são bons lugares para fazer uma festa.

Apesar do poder do aplicativo, Savchenko explica que seus servidores não têm acesso a nenhuma das fotos ou vídeos dos celulares dos usuários, mas apenas a relatórios criados a partir da análise desses conteúdos, como informações de que a maioria de suas fotos possui 4 mulheres e 2 homens, e que você gosta bastante de ir ao McDonalds. Por enquanto, o pesquisador confirmou que uma das maiores fabricantes de smartphones do mundo já mostrou interesse na tecnologia e, apesar de não nomear exatamente quem é, é provável que a Samsung, a Huawei ou a Apple utilizem essa tecnologia em seus celulares já nos próximos anos.

Fonte: EurekAlert