Rostos gerados por IA são mais confiáveis que faces de pessoas reais
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |
Um novo experimento realizado por pesquisadores da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, mostrou que rostos gerados por sistemas de inteligência artificial (IA) são indistinguíveis de rostos humanos reais. Além disso, as pessoas tendem a confiar mais nas fisionomias criadas em computador.
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Segundo os cientistas, os voluntários tiveram dificuldade para distinguir rostos de pessoas reais em comparação com modelos sintetizados pela plataforma StyleGAN2 — rede adversária generativa da NVIDIA, capaz de criar totalmente do zero um rosto com características físicas quase imperceptíveis a olho nu.
“Descobrimos que não só os rostos sintéticos são altamente realistas, como também são considerados mais confiáveis do que rostos reais, podendo ser altamente eficazes quando usados para fins obscuros, como em aplicações de deep fake”, explica a professora Sophie Nightingale, coautora da pesquisa.
Falso ou verdadeiro
Os pesquisadores treinaram a inteligência artificial com uma série de imagens representando rostos de pessoas negras, além de mulheres e homens brancos do leste e do sul da Ásia. Depois disso, eles compilaram 400 rostos reais com outras 400 versões sintéticas complementares.
Com base nesses modelos, eles pediram a três grupos para identificar rostos falsos a partir de uma seleção de 128 imagens. O primeiro grupo tinha que distinguir as imagens reais das falsas, enquanto o segundo recebeu treinamento para identificar falsificações. Já o terceiro avaliou a confiabilidade de imagens geradas por IA em uma escala de um a sete.
“O grupo que não recebeu treinamento identificou falsificações em 48,2% dos casos. Aqueles que passaram pelo treinamento distinguiram os rostos artificiais com 59% de precisão. Em média, as fisionomias sintéticas foram percebidas como 7,7% mais confiáveis do que suas cópias reais”, acrescenta Nightingale.
Mais confiáveis
Durante os testes, rostos artificiais de pessoas negras foram classificados como mais confiáveis do que os rostos de representantes do sul da Ásia. Já as mulheres foram classificadas como significativamente mais confiáveis do que os homens, independentemente da etnia ou da cor da pele.
Segundo os cientistas, rostos sintetizados podem ser considerados mais confiáveis porque se assemelham a rostos com proporções médias, aparentemente relacionados a pessoas que transmitem mais confiança quando apenas a fisionomia é levada em consideração.
“Talvez o mais assustador desse estudo seja a consequência de que, em um mundo digital em que qualquer imagem ou vídeo podem ser falsificados, a autenticidade de qualquer gravação inconveniente ou indesejada precisa ser questionada de uma forma muito mais ampla”, encerra Nightingale.
Fonte: Lancaster University