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Pessoas se conectam emocionalmente com arte gerada por IA

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Agosto de 2023 às 12h44

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Darya Sannikova/Pexels
Darya Sannikova/Pexels

No momento, ainda é um consenso que a Inteligência Artificial (IA) não sente emoções, mas seria ela capaz de transmitir sentimentos? Indo um pouco além, as pessoas podem se conectar emocionalmente com obras de arte feitas por máquinas? Pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, fizeram estes questionamentos e descobriram que, sim, existe conexão emocional entre esses “produtos” e os indivíduos.

Toda a pesquisa, publicada na revista científica Computers in Human Behavior, começou com um episódio no mínimo curioso. Em 2018, a obra Retrato de Edmond Belamy, feito por um algoritmo de IA, foi arrematada em um leilão por 432 mil dólares (cerca de 2,1 milhão de reais).

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O valor seria considerado normal dentro daquilo que é praticado no universo da arte feita por humanos, mas era praticamente inédito para esse tipo de composição feita por máquinas. Na época, a maioria das reações foi negativa.

Arte gerada por IA provoca emoções?

Com a ascensão da IA generativas, que produzem imagens em segundos sob comandos humanos, até mesmo de forma gratuita, esta é uma questão bastante importante e que tem inúmeros desdobramentos práticos.

Para testar a hipótese, os pesquisadores se inspiraram no quadro 4900 Colors, uma pintura feita sobre alumínio, criada por Gerhard Richter, pintor alemão, em 2007. Quem contempla a obra abstrata se depara com uma enorme variedade de blocos coloridos, criando um painel que testa os limites do que é arte.

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Limitando o uso das cores, os pesquisadores pediram que artistas criassem obras usando apenas blocos nas cores branco e preto. Estes não poderiam formar nenhuma imagem conhecida, ou seja, a tela teria que ser abstrata. No entanto, os artistas tinham que ter alguma intencionalidade e o objetivo de transmitir alguma sensação com as suas obras. Em paralelo, foram criados diferentes desenhos similares com a ajuda da IA. Observação: os dois grupos de obras lembram um QR Code, mas não funcionam como tal.

A seguir, veja dois exemplos das artes exibidas, sendo que o primeiro quadro foi composto por um artista, enquanto o segundo é a criação de uma IA:

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Para testar se as criações, mesmo simples, poderiam evocar sentimentos no público, os cientistas recrutaram 48 voluntários, todos com ensino médio completo, sendo que alguns tinham doutorado. Os participantes foram convidados a ver as imagens, uma por vez. A ideia é que aquilo feito por uma IA ou por um humano não fosse segredo.

Sim, humanos se emocionam com arte feita por IA

“Nosso estudo encontrou evidências bastante convincentes e consistentes sugerindo que os participantes relataram sentir emoções e também atribuir intenções às imagens, independentemente de serem geradas por um computador ou por um artista humano”, afirmam os autores, em artigo.

Os resultados, segundo os pesquisadores, “contradizem a crença de que a arte feita por IA ​​carece da capacidade de evocar elementos intencionais e emoções humanas”. No entanto, eles confirmam que os voluntários relataram emoções mais fortes quando o trabalho foi realmente feito por um artista.

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Desdobrando a descoberta, isso significa que filmes, músicas ou mesmo comerciais feitos por IA podem despertar emoções no público. Só que, aqui, é preciso considerar que ela “aprendeu” e “bebeu” da fonte de milhares de anos da criação artística humana para entregar os seus atuais resultados.

IA não tem emoções para transmitir em suas pinturas

Apesar do resultado, é também importante salientar um outro ponto: diferente dos artistas que colocam as suas emoções em uma obra, a IA tenta, ao máximo, emular emoções com base nos comandos que recebeu.

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A questão, para os pesquisadores, é que parte da experiência do que é ser humano consiste em procurar sentidos dentro daquilo que conhece. “Crianças muito pequenas, por exemplo, demonstraram procurar e detectar espontaneamente significados e emoções em obras de arte ou desenhos”, afirmam.

Nesse contexto, “envolvimentos empáticos e emocionais podem ser particularmente fortes com computadores, e especialmente IA, que permitem uma interação caracterizada pela capacidade de resposta aparentemente específica ao indivíduo”, afirmam. Nos cinemas, o filme Ela é um dos grandes exemplos da paixão que se pode nutrir por um sistema operacional.

Só que se o que marca a existência da arte é a intencionalidade, como propõe o pesquisador britânico Michael Baxandall, esta forma de expressão artística continua a ser exclusiva dos humanos, já que a IA, hoje, não tem essas intenções. No futuro, é possível que essas definições precisem ser revistas e atualizadas.

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Fonte: Computers in Human Behavior e Universidade de Viena