Olimpíadas 2024 | Como a IA vai revolucionar o teste antidoping nos jogos?
Por Fidel Forato |
A Inteligência artificial (IA) deve revolucionar a identificação de casos de doping entre os atletas dos jogos olímpicos, como mostram pesquisas preliminares da Agência Mundial Antidoping (WADA). Nas Olimpíadas de 2024, o teste antidoping segue modelos mais tradicionais, mas isso deve mudar em breve.
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- Olimpíadas 2024 | Como funciona o teste antidoping dos jogos olímpicos
A WADA desenvolve uma série de experimentos com o uso da IA na análise de substâncias que são proibidas, a partir de amostras de urina e sangue. Iniciativas da Agência Internacional de Testes (ITA) também buscam desenvolver novas ferramentas para identificar o uso de substâncias ilícitas.
Composta por anabolizantes, hormônios sintéticos e outras substâncias, essa lista é criada para que a competição seja justa (assim, os atletas competem de forma mais igualitária possível, sem “atalhos” para o bom desempenho) e também protege a saúde dos envolvidos. Os anabolizantes podem ser prejudiciais, por exemplo.
Passaporte de desempenho dos atletas
A ITA trabalha no desenvolvimento de novas técnicas que podem permitir a análise em massa de dados sobre o desempenho dos atletas olímpicos. Quando a ferramenta estiver pronta, a ideia é implementar uma espécie de passaporte de desempenho, criado com IA.
"Certas práticas de doping permitem que os atletas alcancem resultados [excelentes] muito rapidamente", fugindo do que é esperado, a partir de seu histórico como atleta nos últimos anos, explica Benjamin Cohen, diretor do ITA, para agência de notícias AFP.
Então, a IA poderá sugerir se um resultado excepcional é resultado de esforço contínuo ou se ocorreu devido ao uso de substâncias proibidas. Após esse parecer, investigações individuais poderão ser realizadas.
Testes iniciais com o passaporte de desempenho já foram realizados com atletas da natação e de levantamento de peso. Isso foi viável, já que os atletas competem em ambientes idênticos todas as vezes. Entretanto, ainda não há uma data para a implementação geral da prática.
Uso da IA no teste antidoping
Em relação à inovação no teste antidoping, parte das pesquisas da WADA está associada ao trabalho do cientista Wolfgang Maaß, da Universidade do Sarre (Alemanha).
Por exemplo, a equipe de Wolfgang trabalha no desenvolvimento de um algoritmo de aprendizado de máquina capaz de detectar, de forma mais eficiente e barata, a presença de eritropoietina nas amostras dos atletas dos jogos olímpicos.
Aqui, vale mencionar que a eritropoietina é um hormônio que estimula a produção de hemácias, quase sempre associado ao doping sanguíneo. Esta estratégia aumenta artificialmente a capacidade de transporte de oxigênio do sangue, o que melhora o desempenho nos esportes que exigem resistência aeróbica.
"Embora a detecção e identificação direta de eritropoietina em amostras de sangue de atletas tenham se mostrado um meio eficaz para descobrir doping, nem todos os casos são facilmente detectáveis, e algumas análises são muito caras para serem realizadas em todas as amostras”, afirma estudo apresentado pelo grupo durante a IEEE International Conference on Digital Health (ICDH). Assim, a IA entra como uma alternativa para baratear os custos da análise.
Embora os resultados preliminares sejam bastante positivos, usar a IA para melhorar o teste antidoping ainda não é uma realidade totalmente implementada nas Olimpíadas de Paris. No entanto, essas novas tecnologias devem revolucionar a detecção de fraudes nos próximos jogos.
Fonte: Universidade do Sarre, VOA (AFP), ICDH