GTC | NVIDIA busca atuar em todos os segmentos da implantação de IA
Por Daniel Trefilio | Editado por Jones Oliveira | 20 de Março de 2024 às 19h35
Nesta última semana, a NVIDIA realizou o GTC 2024, totalmente focado em Inteligência Artificial. Além do lançamento da nova arquitetura Blackwell de GPUs, a empresa apresentou sua estratégia fullstack para acelerar a implantação de IA em todos os setores da economia e indústria, cobrindo do hardware e aplicações à própria criação da demanda com consultorias direcionadas para serviços corporativos em diferentes escalas.
Desde que as primeiras GPU gamers GeForce foram utilizadas para otimizar o reconhecimento de imagens no projeto Alexnet, em 2012, o foco da NVIDIA cada vez mais se voltou para as possibilidades de suas tecnologias para além do mercado gamer. Pouco mais de uma década depois, a empresa chega com o projeto ambicioso de promover uma nova revolução industrial com a Computação Acelerada por IA e seus desdobramentos.
Acelerando o futuro da computação
A Inteligência Artificial é composta essencialmente por duas etapas, o treinamento dos modelos e as inferências, ou execução propriamente dita desses modelos em seus respectivos cenários de uso. Atualmente, praticamente toda a infraestrutura NVIDIA instalada para IA é extremamente eficiente na etapa de treinamento, mas segundo o próprio Jensen Huang, a IA não se faz no hardware, mas no software.
O hardware é apenas a ferramenta que irá viabilizar todas as aplicações idealizadas para melhorar diferentes setores da sociedade e da própria vida, e com isso em mente, a NVIDIA inaugura o conceito de Computação Acelerada por IA. Além de fabricar os chips em si, com os Blackwell GB200 a NVIDIA está investindo em criar experiências completas combinando uma série de outros serviços.
NIM - NVIDIA Inferecenes Microservices
No campo dos softwares, a empresa lançou o NVIDIA Inference Microservices, pacote de modelos de linguagem reduzidos, pré-treinados e otimizados em CUDA para reduzir o deploy de tecnologias de IA de meses para semana. Para os campos de pesquisa e desenvolvimento, a empresa ainda trouxe uma série de evoluções dos modelos NeMo e outras ferramentas para, por exemplo, simular propriedades físicas de novas moléculas sintéticas para avaliar suas aplicações, eficácia, estabilidade, etc.
Gêmeos Digitais, Omniverse e GenAI
Na indústria, a IA Generativa abre portas para robôs, tanto humanoides quanto maquinários autônomos, para acelerar tomadas de decisão, otimizar a logística, identificar falhas de processo ou de segurança. Tudo isso, sem depender de intervenção humana, acelerando todos os processos, sem incorrer em eventuais riscos para funcionários.
Efetivamente, muito disso já é possível hoje em dia, até certo ponto, com simulações e tecnologias de IoT. A grande novidade é que a chegada da IA também expande o potencial da plataforma NVIDIA Omniverse, que permite criar gêmeos digitais inseridos em um ambiente virtual com total respeito às leis da física.
Com isso, é possível inserir uma LLM para um veículo autônomo, por exemplo, em quantos contextos forem necessários, sem depender que um protótipo encontre aquela situação no mundo real para ser treinado. Além de acelerar consideravelmente a velocidade do treinamento, também é possível inserir situações atípicas, como animais atravessando uma rodovia, estradas interditadas ou outro veículo vindo na contramão.
Com um gêmeo digital em altíssima escala do planeta, a Terra 2, com correntes marítimas e outros eventos meteorológicos processados por IA, é possível criar dentro do Omniverse modelos geológicos mais precisos e visuais, auxiliando o trabalho de órgãos ambientais.
No desenvolvimento de jogos, a ferramenta ACE é a próxima etapa na criação de personagens com interações cada vez mais próximas das humanas, com personalidades próprias. Com isso, cada jogador que interagir com aquele personagem terá uma experiência realmente única.
Criando a solução e a demanda
Contudo, a própria NVIDIA não vende seu hardware diretamente às empresas, mas licencia para parcerias, como Dell, Lenovo e Supermicro, e fornece um serviço de “consultoria” criado uma ponte entre os clientes e essas marcas. Ao atuar em todas as etapas da implantação de IA, do hardware ao direcionamento para as soluções dimensionadas, a NVIDIA praticamente cria o produto, seus usos e a própria demanda desse produto, em um ecossistema circular fullstack.
De maneira geral, praticamente todas as edições anteriores da Graphics Technolgy Conference foram direcionadas para desenvolvedores, por mostrar o potencial de ferramentas NVIDIA para fins extremamente específicos. Contudo, a edição de 2024 não apenas mudou isso, como traçou uma rota do que esperar para todos os campos da economia e indústria ao apresentar o conceito da Computação Acelerada por IA.
Naturalmente, as GPUs NVIDIA ainda são a força motriz para impulsionar essa (re)evolução, mas a empresa deixa oficialmente de se posicionar como apenas uma fabricante de placas de vídeo, para se apresentar como a referência para fornecer a experiência completa de IA, de ponta a ponta.