Publicidade

Google teve 100 dias para criar rival do ChatGPT, revela portal

Por  • Editado por Bruno De Blasi | 

Compartilhe:
Bruno De Blasi/Canaltech
Bruno De Blasi/Canaltech
Tudo sobre Google

O Google determinou um prazo de 100 dias para criar um concorrente do ChatGPT após o sucesso inicial da ferramenta da OpenAI, no final de 2022. A Big Tech priorizou o desenvolvimento da nova ferramenta e juntou uma nova equipe para entrar na corrida de IA — o que culminou no lançamento do Bard, atual Gemini.

As informações foram publicadas em uma reportagem do site Wired, que conversou com funcionários e ex-funcionários da Gigante de Mountain View sobre os bastidores. 

O projeto a curto prazo foi coordenado pela executiva Sissie Hsiao, atualmente a gerente geral de experiências Gemini e Google Assistant, e precisou enfrentar desafios estruturais e alucinações até chegar a uma concorrência parelha.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Alerta vermelho para a IA

O Google sempre se reforçou como uma empresa interessada no desenvolvimento de IA, mas passava por uma fase de estagnação na área e queda nas ações quando o ChatGPT surgiu. Mesmo com limitações e respostas incorretas, o chatbot da OpenAI podia ser testado pelos usuários e até levantava uma ameaça de substituir a busca convencional.

Com participação do cofundador Sergey Brin na estratégia de IA, o Google adotou um caminho de “velocidade de startup”, na qual os riscos seriam maiores e mais projetos seriam vetados. A corrida de 100 dias teve a ordem de “qualidade sobre velocidade, mas rápido”, segundo a reportagem. 

Além disso, o Google aproveitou para juntar forças locais: os dois principais departamentos de pesquisa de IA da empresa, DeepMind e Google Brain, atuavam separadamente e passaram a compartilhar ideias construir o melhor modelo de linguagem do mercado. O nome Titan foi sugerido para a tecnologia, mas a empresa decidiu seguir com Gemini (usado até hoje).

Foco total e alucinações da ferramenta

A equipe reunida para criar o rival do ChatGPT tinha cerca de 100 funcionários de diferentes departamentos do Google. O Bard tinha prioridade máxima internamente, então os gerentes precisavam liberar funcionários e toda a infraestrutura foi voltada para liberar espaço nos servidores, informou a reportagem.

Com o alto consumo de eletricidade nos data centers, a empresa também precisou criar novos mecanismos de segurança para atender à alta demanda. As medidas geraram insatisfação em outros setores de pesquisa de IA, visto que os cientistas tiveram que parar de publicar artigos científicos por um tempo, mas o foco estava no treinamento do Gemini e qualquer oportunidade de “esconder o jogo” da OpenAI importava.

Um dos grandes problemas estava na correção de alucinações (quando a IA inventa fatos) e respostas ofensivas. Um ex-funcionário comentou para a Wired que o chatbot chegou a criar “estereótipos raciais comicamente ruins”, além de responder de forma ofensiva ou imprópria. 

Continua após a publicidade

Outras inovações de IA do Google passavam por meses de revisão, mas não era possível fazer isso com o prazo apertado do Bard. A ferramenta foi lançada como um “experimento” de acesso limitado em 6 de fevereiro de 2023, um dia antes de a Microsoft anunciar a integração da IA generativa com a busca no Bing

O anúncio, no entanto, contou com uma gafe ao incluir uma resposta errada sobre o telescópio James Webb e fez as ações do Google despencarem.

Busca por melhor modelo

Continua após a publicidade

Mesmo com o Bard na ativa, o Google ainda estava atrás da OpenAI nos lançamentos da área, principalmente com a chegada da família GPT-4, mais inteligente e capaz de analisar códigos.

A Big Tech decidiu unificar as unidades de IA para criar o Google DeepMind, com sede em Mountain View, EUA, numa unidade separada e isolada. Coordenada por Demis Hassabis, o antigo chefe da unidade do DeepMind em Londres, Inglaterra, a equipe precisava trabalhar em ritmo intenso e conciliar funcionários de oito fusos horários diferentes. 

O modelo de IA Gemini foi lançado em dezembro de 2023 e enfim conseguiu ter desempenho similar ou superior aos modelos de estado da arte da OpenAI. 

Continua após a publicidade

Depois disso, a empresa ampliou o acesso à IA em seus produtos — todos os serviços do Google com mais de dois bilhões de usuários mensais, como Chrome e Gmail, já possuem recursos com a ajuda do Gemini. Além disso, o assistente ganhou mais recursos nos dispositivos móveis e se tornou uma peça-chave nas novas versões do Android.

Leia também:

VÍDEO: como instalar o DeepSeek R1 no seu computador? Ele consegue rodar a inteligência artificial offline?

Continua após a publicidade

Fonte: Wired