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Deep fake vem sendo usado por alguém que se passa por político russo na Europa

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Twitter/Rihards Kols
Twitter/Rihards Kols

Diversos parlamentares europeus estão sendo abordados por e conversando com alguém que está se passando por Leonid Volkov, chefe de gabinete de campanha do líder oposicionista russo Alexei Navalny, atualmente preso. A pessoa — ou grupo de pessoas — responsável por tal campanha está usando a tecnologia conhecida como deep fake, que emprega inteligência artificial para imitar o rosto e a voz de outra pessoa em conferências de vídeo; o próprio Volkov se mostrou surpreso com o realismo de sua contraparte falsa.

Líderes do Reino Unido, Letônia, Estônia, Lituânia e Holanda vêm compartilhando, ao longo deste último fim de semana, suas experiências bizarras com o falso porta-voz russo, que estaria abordando-lhes e mantendo conversas sobre as campanhas políticas de Navalny através de plataformas como Zoom. Entre as figuras enganadas, podemos citar Richards Kols e Tom Tugendhat, que são, respectivamente, os presidentes dos comitês de relações exteriores da Letônia. Ambos usaram o Twitter para comentar sobre o ocorrido.

O Kremlin de Putin é tão fraco e está tão assustado com o poder de Navalry que eles estão conduzindo falsas reuniões para desonrar o time de Navalry. Eles me pegaram hoje. Eles não vão transmitir as partes onde chamo Putin de assassino e ladrão, então estou escrevendo-as aqui”, afirmou Tugendhat. Para ele, o responsável pelo deep fake deseja manchar o movimento oposicionista e ainda conseguir informações privilegiadas a respeito da colaboração de líderes europeus com tal viés político.

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Já Kols usou seu perfil do Facebook para compartilhar um relato mais detalhado. Ele conta, em letão, que foi abordado via email pelo falso Volkov no dia 16 de março pedindo uma oportunidade para conversar com o Saeima (como é chamado o Parlamento da Letônia) sobre a campanha de Navalry. “A conversa tomou a forma de uma videoconferência na qual esse falso Volkov agradeceu a Letônia por seu apoio e forte posição sobre as sanções da União Europeia, destacando a importância da pressão internacional para libertar Navalny e outros prisioneiros políticos”, relembra.

“A conversa foi um tanto vaga e curta. Não havia nada que sugerisse que estávamos conhecendo um falso Volkov, alguém tentando fazer uma piada. Soubemos da possibilidade de que as Comissões de Relações Exteriores do Báltico estavam sendo ‘ridicularizadas’ durante os últimos dias, quando colegas ucranianos relataram seu encontro com um falso Volkov. No caso da Ucrânia, porém, o comportamento do ‘coringa’ foi completamente diferente — abertamente provocador e extraordinário, o que também permitiu aos colegas entenderem que havia ‘algo de errado aqui’”, explica Kols.

Compartilhando uma foto do chefe de gabinete real e sua “cópia”, Kols adicionou que o episódio serve como “uma lição muito dolorosa”, porém necessária, para que os países fiquem atentos à “era pós-verdade”.

Campanha ou trollagem?

É difícil dizer quem está por trás do falso Volkov — diferente de Tugendhat, Kols acredita que as videochamadas podem ser uma simples “trollagem” de uma famosa dupla de comediantes russos conhecidos pelos pseudônimos Vovan e Lexus. Procurado pelo The Guardian através do Facebook, Alexei Stolyarov, verdadeiro nome de Lexus, não negou ter conversado com Kols recentemente, mas garante não ter usado qualquer tipo de filtro ou tecnologia de deep fake para se passar pelo chefe opositor.

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De qualquer forma, tal episódio é emblemático ao demonstrar o quão poderosos — e perigosos — podem ser os deep fakes, sendo possível empregá-los como verdadeiras armas de guerra política (tal como as redes coordenadas de desinformação). Trata-se de algo com o que devemos nos preocupar especialmente durante este período de isolamento social, em que reuniões presenciais são evitadas e conversas sensíveis estão sendo organizadas através de chamadas de vídeo.

Fonte: The Guardian, NL Times, Richards Kols