Tecnologia recupera comunicação a pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica
Por Nathan Vieira |
No início do mês, a Microsoft trouxe à tona a história de Dorivaldo Fracaroli, diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que conseguiu recuperar o poder se comunicar com familiares, amigos e o com o mundo, através do Tobii Dynavox PCEYe Mini, rastreador ocular que se conecta a um PC ou tablet com Windows, permitiu que ele utilizasse os olhos como se fosse um mouse ou teclado. Na prática, basta olhar para a tela do computador e controlar o cursor do mouse com o movimento dos olhos.
Dorivaldo foi diagnosticado com ELA em maio de 2009. A doença afeta o sistema nervoso e paralisa os músculos. Atinge uma pessoa em cada grupo de 50 mil, e estima-se que perto de 5 mil brasileiros sejam diagnosticados anualmente com a doença. Medicamentos e tratamentos têm efeito apenas paliativo, auxiliando na qualidade de vida e retardando o progresso da doença e, basicamente, o paciente não melhora e vai perdendo a capacidade de se movimentar, falar, engolir e até de respirar, gradativamente.
A companhia conta que, quando só restou o piscar dos olhos como movimento, Dorivaldo desejou um dispositivo que lhe permitisse controlar um computador. Apenas em 2017 conseguiu comprar esse dispositivo, o Tobii Dynavox PCEYe Mini:
O recurso chegou ao Windows 10 depois que o ex-jogador da NFL Steve Gleason, também portador de esclerose lateral amiotrófica, enviou um e-mail para a Microsoft, pedindo aos participantes de um hackathon uma tecnologia que permitisse que ele pudesse falar com mais facilidade e mover sua cadeira de rodas sozinho, o que originou um projeto chamado Eye Gaze, cadeira de rodas que podia ser pilotada por meio do movimento dos olhos. Veja o vídeo:
Depois de três anos, Satya Nadella, CEO da Microsoft, anunciou que o Windows 10 incluiria suporte integrado ao rastreamento dos olhos e o Controle pelo Olhar (Eye Control), que requer um hardware rastreador de olhos compatível, como o Tobii de Dorivaldo. Um dos diferenciais é jogar só com os olhos, por exemplo. Em junho passado, a empresa em questão chegou até a lançar quatro novos jogos Eyes First para Windows, equipados com APIs de rastreamento ocular: Tile Slide, Match Two, Double Up e Maze.
Durante o relato, a Microsoft diz que, além de dominar bem o rastreador ocular, Dorivaldo usa um aplicativo de mensagens instantâneas para se comunicar com outras pessoas. No Word, escreve seu segundo livro. Antes do equipamento, Dorivaldo tinha o auxílio de uma tabela de papel para se comunicar. “Eu precisava piscar letra por letra até formar uma palavra e depois uma frase. Nesse meio tempo, a pessoa que anotava às vezes se perdia ou eu sinalizava a letra incorreta e tinha de começar a frase outra vez. Para conseguir algumas frases, eu ficava horas piscando. Era exaustivo. Mesmo com todo empenho, entre o início dos registros e a publicação do livro, levamos aproximadamente três anos”, conta, agora, piscando para um aplicativo de mensagens instantâneas que roda no Windows 10. O treino constante trouxe a habilidade: “Hoje, com meu equipamento, consigo escrever uma página em horas”, afirma.