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Startup cria capacete capaz de "ler" pensamentos de quem usa o equipamento

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 21 de Junho de 2021 às 20h30

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Reprodução/Kernel
Reprodução/Kernel

Você usaria um capacete capaz de “ler” a sua mente? Por falta de um, a startup norte-americana Kernel criou dois dispositivos que podem analisar o comportamento dos neurônios de pessoas comuns, longe dos laboratórios. Cada gadget futurista custa US$ 50 mil (cerca de R$ 250 mil).

Os capacetes possuem sensores e outros componentes eletrônicos que medem os impulsos elétricos e o fluxo sanguíneo em tempo real. A ideia é usar o equipamento para obter uma visão detalhada do envelhecimento cerebral, concussões, derrames e a dinâmica por trás de experiências mais sutis, como na meditação.

“Para progredir em todas as frentes de que precisamos como sociedade, temos que colocar o cérebro e todo o seu conteúdo on-line”, diz o CEO da Kernel, Bryan Johnson, que convenceu os investidores a apostarem cerca de US$ 50 milhões (R$ 250 milhões em conversão direta) no desenvolvimento dos capacetes.

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Flow

O dispositivo chamado Flow é o que mais se parece com um capacete usado por ciclistas. Por fora, ele possui vários painéis de alumínio que envolvem a cabeça do usuário. Do lado de dentro, vários sensores ficam responsáveis pela leitura dos sinais cerebrais e um fio na parte traseira faz a conexão com o computador via cabo USB-C comum.

Ele consegue medir as mudanças nos níveis de oxigenação do sangue por meio da análise das partes do cérebro que são ativadas quando os neurônios disparam sinais específicos. O sistema lança pulsos de laser para identificar onde ocorreu essa alteração, calculando a quantidade de fótons refletidos.

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Quanto mais longo for esse trajeto, mais fundo os fótons entram no cérebro, fazendo uma leitura completa sobre o que acontece durante as sinapses. “É uma maneira muito boa de separar os fótons que entraram no cérebro daqueles que só atingiram o crânio e ricochetearam”, explica o professor de engenharia biomecânica e diretor do Centro de Neurofotônica da Universidade de Boston, David Boas.

Flux

O outro capacete, denominado Flux, possui um emaranhado de fios e não oferece tanta mobilidade quanto o Flow. Ele mede a atividade eletromagnética e a velocidade dos neurônios durante o processo em que os íons fluem de dentro para fora das células, em um movimento contínuo.

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Pequenos magnetômetros detectam mudanças no comportamento elétrico do cérebro, fazendo com que seja possível ver com nitidez quais partes “acendem” durante determinadas atividades. Esse sistema sugere que é possível obter informações sobre as áreas cerebrais responsáveis pela excitação, emoção, atenção, memória e aprendizagem.

“Em vez de ter um chip de computador implantado dentro do cérebro, como é o caso da Neuralink de Elon Musk, nosso sistema não é invasivo. Ele consegue fazer uma leitura completa sobre o que acontece com os neurônios por meio de lasers capazes de registrar a atividade cerebral”, afirma Johnson.

Futuro

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A ideia da Kernel é tornar a tecnologia mais acessível, com capacetes que custariam tanto quanto um smartphone de última geração. Por enquanto, os primeiros clientes são instituições de pesquisa e empresas interessadas em compreender melhor o que se passa na cabeça de seus consumidores.

Se as teorias de “leitura” cerebral se comprovarem, esses dispositivos podem ser a chave para um entendimento mais amplo sobre o que ocorre dentro da mente humana, sem a necessidade de eletrodos, chips e outros equipamentos instalados na cabeça. Bastaria colocar o capacete para se ter uma imagem exata do pensamento.

“Somos a primeira geração na história do Homo sapiens que poderia olhar para nossas vidas e imaginar a evolução para uma forma inteiramente nova de existência consciente. As coisas que estamos desenvolvendo podem criar uma ponte para que a tecnologia se torne parte de nós mesmos”, conclui Bryan Johnson.

Fonte: Bloomberg