Sensor de capacete é capaz de prever e evitar lesões cerebrais em atletas
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |
No filme Um Homem entre Gigantes, de 2015, o ator Will Smith mostra os riscos das lesões cerebrais sofridas por jogadores de futebol americano. No cinema, o protagonista usou a ciência para provar que os danos causados colocavam as vidas dos atletas em risco. Agora, os cientistas da Universidade Heriot Watt, na Escócia, em parceria com a startup HIT, querem utilizar a tecnologia para evitar futuros casos de concussão.
O sensor de impacto que se encaixa em qualquer tipo de capacete foi desenvolvido na incubadora da escola de negócios da universidade. Ele é usado em conjunto com um aplicativo para detectar a Força G, registrando movimentações bruscas que ocorrem na cabeça após o choque com algum objeto ou pessoa ou até mesmo ao cabecear uma bola.
Ao receber o impacto, o sensor manda os dados para o aplicativo que emite uma notificação de alerta sobre a força do tranco sofrido. “Como jogador de rúgbi, eu passei a pesquisar formas de evitar lesões cerebrais depois que um amigo se machucou. Na época eu achei pouca tecnologia disponível para monitorar o impacto na cabeça, apesar da gravidade do problema que ocorre em diferentes esportes” disse o responsável pelo projeto, Euan Bowen.
Na prática
O HIT Impact monitora e identifica em tempo real vários tipos de impactos que o usuário sofre durante a prática da atividade esportiva. Quando o nível de força aplicada à cabeça atinge um limite predeterminado, a equipe médica recebe um alerta e o jogador é retirado de campo para evitar danos mais severos.
Ao rastrear esses impactos, informações são coletadas para um banco de dados que vai auxiliar na pesquisa e no diagnóstico de lesões cerebrais traumáticas, criando protocolos de concussão muito mais eficientes.
Os esportes de alto impacto estão se concentrando cada vez mais na mitigação de concussões através de estudos sobre a influência do futebol americano nos casos de demência. "Esses estudos já descobriram que ex-jogadores têm até três vezes e meia mais chances de morrer de demência do que a população em geral”, explica Euan Bowen.
Veja o HIT Impact em ação:
Vaquinha virtual
O sensor que vem acompanhado de um aplicativo especial tem um alcance de 150 metros e é capaz de gravar os dados em vários dispositivos ao mesmo tempo. Além de monitorar os dados individuais de cada jogador, o HIT Impact também possui um modo “time” para ser usado em esportes coletivos como rúgbi e futebol.
Para começar a produzir os sensores em escala comercial, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo que pretende arrecadar 63 mil libras (quase R$ 500 mil) até maio deste ano.
Os pesquisadores esperam que a iniciativa também seja financiada pela indústria esportiva ao redor do mundo, que teria total interesse em proteger seus atletas. “O HIT Impact é uma tecnologia muito necessária para rastrear e apoiar os esforços atuais para aumentar a segurança esportiva em um momento em que os órgãos dirigentes dos esportes de alto impacto estão cada vez mais focados em minimizar os traumas na cabeça”, disse o gerente da incubadora de negócios, Kallum Russel.
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Fonte: Heriot Watt University, HIT