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Gás sintético pode custar o mesmo que combustíveis fósseis em 2022. Será mesmo?

Por| 12 de Fevereiro de 2020 às 22h50

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G1
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O debate sobre o uso de combustíveis fósseis contra a manutenção do meio ambiente é algo que acontece há décadas e, mesmo com soluções surgindo, o papo sempre acaba chegando a um ponto onde os custos para alternativas impedem que algo mais limpo se popularize. Mas, e se pudéssemos abastecer nossos carros, aviões e demais meios de transporte com uma energia barata e eficiente e que pode ser fabricada tal qual a gasolina ou o diesel? Uma matéria publicada recentemente pela revista Joule mostra que o gás sintético pode ser essa alternativa e que não vai demorar muito, podendo ocorrer já em 2022.

Esse artigo mostra Rob McGinnis, um especialista em extração de combustíveis por meio do ar, falando sobre um tipo de criação de energia renovável que usa essa técnica, que recebeu a sigla "DAC", ou, captura direta de ar, e destaca como essa alternativa poderia se encaixar na infraestrutura de combustível já existente. Embora o gás sintético possa ter sido descartado no passado com outras grandes abordagens, como a engenharia solar ou de solo, o autor diz que várias inovações surgiram nos últimos anos que tornam essa opção mais viável do que nunca.

"Avanços recentes em separações e catálise, junto com as reduções de longa tendência nos custos de energia solar e eólica, aumentaram significativamente o potencial de combustíveis renováveis ​​com custo competitivo a partir da captura direta de ar (DAC) de CO². Este é um desenvolvimento importante, porque há pouco tempo disponível para reduzir as emissões de CO² o suficiente para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas". disse McGinnis, fundador e CEO da empresa Prometheus, que faz essas capturas de ar.

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O DAC tem várias abordagens, mas o tipo que McGinnis elogia em seu artigo é chamada de "Eletrolítica de CO²", que usa eletricidade e água para quebrar o CO² e transformá-lo em uma opção de combustível renovável chamada SYNGAS (sigla para Gás Sintético?).

Ele cita, ainda, que desenvolver catalisadores usados ​​para conduzir essa reação - assim como a capacidade reagir à temperatura ambiente e pressão atmosférica - criou oportunidades para reduzir o preço geral do processo. Além disso, capturando o CO² na água usada para a reação e não em uma fonte dispersa como o ar, faz com que o processo use menos energia do que em abordagens anteriores. "Esses avanços juntos permitem sistemas baratos que podem produzir gasolina, diesel e combustível de aviação a partir do CO2 atmosférico", escreve McGinnis.

McGinnis escreve, também, que essas inovações, combinadas com energia solar, podem reduzir o custo da eletricidade para produzir SYNGAS derivados do DAC, o que o tornaria competitivo em termos de custo com os combustíveis fósseis tradicionais até 2022. Além disso, o especialista diz que este gás poderia usar a infraestrutura de combustível existente (por exemplo, bombas de combustível e tanques de combustível), algo que já acontece aqui no Brasil com o GNV, o gás natural que muitas pessoas usam para abastecer carros.

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Ok, mas e a redução de CO²?

O gás sintético criado com o DAC possui uma intensidade de carbono de aproximadamente 10 gramas por megajoule - um nível de magnitude decrescente. Portanto, se o gás sintético do DAC fosse realmente adotado como padrão pelo setor de transportes, o resultado poderia ser enorme.

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No entanto, como McGinnis observa em seu artigo, somente a redução de preço não dará início a essas mudanças. Além de diminuir o preço desses combustíveis, McGinnis escreve que a melhoria da infraestrutura de fontes renováveis ​​de eletricidade, como fazendas solares, será essencial para permitir o dimensionamento dessa abordagem.

"Esses custos devem ser mantidos baixos o suficiente para serem compatíveis com a competitividade dos combustíveis renováveis. Para escalar com rapidez suficiente rumo à magnitude necessária para enfrentar a crise climática, esse desafio deve ser enfrentado simultaneamente com os desafios da tecnologia de expansão e implantação", diz McGinnis.

Fonte: Inverse