Café pode ajudar a tornar concreto 30% mais resistente
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 23 de Agosto de 2023 às 16h27
Um estudo conduzido pela RMIT University e publicado na edição de setembro do periódico Journal of Cleaner Production mostrou que a borra de café pode ajudar a tornar o concreto 30% mais resistente. O método também reduz o uso de recursos naturais, como areia.
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Conforme anuncia o comunicado, a Austrália gera 75 milhões de kg de resíduos de café moído todos os anos – a maior parte vai para aterros. Mundialmente, 10 bilhões de kg de café torrado são gerados anualmente.
“A inspiração para o nosso trabalho foi encontrar uma maneira inovadora de usar grandes quantidades de resíduos de café em projetos de construção, em vez de ir para aterros sanitários", defende o grupo.
Para fazer os testes, os pesquisadores coletaram o material em vários cafés da Austrália e secaram para remover a umidade. Em seguida, o material orgânico seco foi aquecido em duas temperaturas diferentes, através de um processo de baixa energia e livre de oxigênio.
Doze projetos de mistura foram usados para comparar os efeitos da borra de café não tratada, aquecida a 350 graus e aquecida a 500 graus.
Os pesquisadores descobriram que, de todos os concretos testados, aquele que substituiu 15% da areia por borra de café aquecida a 350 °C levou a uma melhoria significativa nas propriedades do material, resultando em um aumento de 29,3% na força compressiva.
Vantagens de usar o café no concreto
Segundo a equipe, a indústria do concreto tem potencial para contribuir significativamente para aumentar a reciclagem de resíduos orgânicos, como o café usado. "Nossa pesquisa está nos estágios iniciais, mas essas descobertas interessantes oferecem uma maneira inovadora de reduzir significativamente a quantidade de resíduos orgânicos que vão para aterros", alegam os autores.
Além de economizar espaço nos aterros, os pesquisadores envolvidos defendem que essa técnica de produção do concreto também preserva os recursos naturais finitos. “Com uma abordagem de economia circular, poderíamos manter o lixo orgânico fora do aterro e também preservar melhor nossos recursos naturais", completa o time.
Os pesquisadores agora planejam desenvolver estratégias práticas de implementação, e estão "empenhados em colaborar com várias indústrias para desenvolver os estudos", conforme diz a faculdade.
Formas alternativas de fazer concreto
Não é a primeira vez que os cientistas buscam formas alternativas para esse material. Para se ter uma noção, em maio deste ano, pesquisadores da Indonésia começaram a testar concreto feito com fraldas usadas.
Na ocasião, os pesquisadores viram que o material usado em elementos como vigas e colunas poderia ter 27% de sua areia substituída pelas fraldas em uma casa de um único pavimento. Em paredes, 40% da areia poderia ser trocada. Já no concreto da pavimentação, em que é necessário mais resistência, ela seria de apenas 9%.
Já em 2022, uma empresa canadense apresentou um concreto que usa restos de aço em vez de cimento. Segundo os próprios criadores, a tecnologia possibilita a produção de vários materiais de construção pré-moldados que são muito mais fortes, consideravelmente mais baratos e mais sustentáveis do que as alternativas atuais feitas à base de cimento.