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Após anos de esquecimento, quasicristais podem se tornar comercialmente viáveis

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 28 de Outubro de 2021 às 19h10

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Reprodução/University of Michigan
Reprodução/University of Michigan

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, acreditam ter encontrado o caminho para tornar os quasicristais um material comercialmente viável. Eles descobriram um fenômeno de autocura capaz de reduzir os defeitos estruturais que impossibilitam a utilização desses objetos no mundo real.

Essa classe de materiais, que prometia revolucionar desde a produção de células solares mais eficientes à fabricação de frigideiras mais duráveis, caiu em desuso no início dos anos 2000 por ser extremamente instável e conter uma quantidade muito grande de imperfeições morfológicas em sua base.

“Uma razão pela qual a indústria desistiu dos quasicristais é porque eles estão cheios de defeitos. Com essa descoberta surpreendente, esperamos trazer esses materiais incríveis de volta ao mercado para que possam ser usados em grande escala”, diz o professor de engenharia dos materiais Ashwin Shahani, autor principal do estudo.

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Materiais impossíveis

Os cristais comuns são materiais formados por conjuntos de átomos organizados no espaço periodicamente, com unidades que se repetem e podem conter desde um até milhares de átomos em seu interior. Já os quasicristais não possuem células unitárias nem um padrão que se repete nas três dimensões do espaço.

O material, descoberto em 1982, rendeu o Prêmio Nobel de Química ao cientista israelense Daniel Shechtman em 2011. Na época, ele classificou os quasicristais como materiais que apresentavam um ordenamento atômico impossível para os conceitos da cristalografia — ciência que estuda os cristais.

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Esses quasicristais podem se tornar ultraduros e superescorregadios graças à sua estrutura ordenada que não segue padrões repetidos como nos cristais comuns. Além disso, eles são capazes de absorver calor e luz de maneiras incomuns, exibindo propriedades elétricas exóticas e baixo atrito na interação com outros materiais.

“Os fabricantes que primeiro comercializaram o material logo descobriram pequenas rachaduras entre os cristais, chamadas limites de grão, que aumentam as chances de corrosão e tornam os quasicristais suscetíveis a falhas. Por isso, o desenvolvimento comercial desses materiais foi praticamente arquivado desde então”, explica Shahani.

Contornando o problema

Durante os testes realizados em laboratório, a equipe do professor Shahani descobriu que, sob determinadas condições, pequeno quasicristais podem colidir e se fundir, formando um único cristal maior e sem as imperfeições dos limites de grão, normalmente encontradas nos grupos de cristais menores.

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Esses cristais começam como sólidos, medindo uma fração de milímetro, suspensos em uma mistura fundida de alumínio, cobalto e níquel. À medida que a mistura esfria, os minúsculos cristais colidem e se fundem, se transformando em um quasicristal sem defeitos estruturais.

“Parece que os cristais estão se curando após a colisão, transformando um tipo de defeito em outro que eventualmente desaparece por completo. Isso é extraordinário, principalmente devido à falta periodicidade aos quasicristais observadas por outros cientistas desde sua sintetização”, comemora Shahani.

Os pesquisadores dizem que, apesar da nova abordagem, a comercialização dessa tecnologia deve demorar alguns anos. Segundo eles, a descoberta abre uma avenida sem precedentes para a fabricação dos quasicristais em escala industrial, com aplicações reais no desenvolvimento de materiais como isolantes elétricos mais eficientes e aços inoxidáveis mais resistentes.

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Fonte: University of Michigan