Publicidade

Cientistas criam método para criptografar informações por meio de cristais

Por| 12 de Fevereiro de 2020 às 14h07

Link copiado!

Reprodução/ Vice
Reprodução/ Vice

Essencial para a criação da criptografia, a geração de números aleatórios e sistemas de senhas vem evoluindo a cada ano e novas soluções são pensadas para aumentar a segurança. Hoje, tudo (ou quase tudo) é feito por computadores, que são capazes de criar sequências totalmente aleatórias para tokens, logins em sites e por aí vai. Mas, alguns cientistas descobriram uma nova maneira de criar ainda mais aleatoriedades sem depender exclusivamente das máquinas. Como? Utilizando cristais.

Entenda melhor

A geração aleatória de números é vital na modelagem e criptografia matemática, que é usada para criptografar e decodificar informações, fazer login em sites e proteger o tráfego da web. Mesmo assim, é difícil encontrar números verdadeiramente aleatórios. Cientistas e criadores de códigos, porém, começaram a usar elementos diferentes para gerar essa aleatoriedade, como radiação, ruídos atmosféricos e, agora, cristais.

Continua após a publicidade

De acordo com publicação na revista Matter, cientistas construíram um sistema robótico que usa o processo de cristalização para criar sequências aleatórias de números e criptografar informações. Na matéria, que foi feita por esses mesmos profissionais, eles explicam passo a passo este processo.

Sob as condições certas, os produtos químicos em uma solução líquida podem ir de um estado desordenado para um estado extremamente organizado, também conhecido como cristal. O processo é realizado aleatoriamente, com variáveis que vão desde o tempo necessário para a formação do cristal até a geometria dos produtos.

“Pegamos a palavra 'cristal' e a codificamos usando nosso gerador de números aleatórios, além de usar um algoritmo conhecido. Descobrimos que nossas mensagens codificadas com números genuinamente aleatórios levaram mais tempo para serem quebradas do que o algoritmo, porque nosso sistema podia adivinhá-lo e depois forçá-lo", disse Lee Cronin, autor sênior do estudo e professor de química da Universidade de Glasgow.

Cronin e seus coautores projetaram um robô simples que visualiza uma série de câmaras de cristalização com uma webcam e converte alguns dos recursos em uma série de zeros e uns. Os pesquisadores analisaram três reações químicas diferentes e compararam suas sequências codificadas em cima da palavra "cristal" com um criada com o Mersenne Twister, um gerador de números pseudo-aleatórios de uso geral. Depois que o decodificador descobriu a maneira pela qual o algoritmo gerava números, o método de cristalização levou mais tempo para ser quebrado.

Continua após a publicidade

Esse método oferece uma boa alternativa aos geradores de números aleatórios verdadeiros existentes e, de acordo com Cronin, seu sistema pode até ter algumas vantagens, incluindo o potencial para uso em quaisquer situações. O cientista, inclusive, comparou esse dispositivo a um aquecedor químico manual reutilizável, que também funciona com cristalização. Depois que o aquecedor de mãos perde o calor ao concluir a reação química, você pode ferver em água para liquefazer os cristais e reiniciar o processo.

Com mais aleatoriedade, mais difícil romper

Em experimentos futuros, Cronin disse que deseja adicionar entropia extra à equação introduzindo reações químicas antes de iniciar a cristalização. Em teoria, um hacker poderia criar um gerador de números aleatórios químicos copiados para acelerar a descriptografia das informações processadas pelo robô de Cronin.

Continua após a publicidade

Ainda segundo Cronin, um sistema com mais aleatoriedade pode ser ainda mais difícil de decifrar. “A idéia toda é ter um processo aleatório com base em uma cristalização aleatória. Se você juntar tudo isso, obteria números aleatórios ainda melhores", disse ele.

No artigo, Cronin e seus coautores especularam que, talvez, fosse possível criar esteb robô em um tamanho que lhe proporcionasse atuar dentro de um PC convencional. Ele acrescentou, também, que esse método é mais barato que a computação quântica, considerada padrão para geração de números aleatórios.

Fonte: Vice