Intel apresenta novos Core vPro de 10ª geração para empresas e profissionais
Por Jones Oliveira | 13 de Maio de 2020 às 16h00
A Intel apresentou nesta quarta-feira (13) o lineup de processadores Core vPro de 10ª geração, que compreende as famílias Core e Xeon para empresas e profissionais. Os componentes são baseados na recém-anunciada microarquitetura Comet Lake, mas como diferencial têm recursos embutidos que atendem a necessidades de três pilares de extrema importância para a fabricante: desempenho, segurança e gerenciamento remoto.
Em apresentação à imprensa, a gerente geral e vice-presidente da divisão de Plataformas de Clientes Empresariais, Stephanie Hallford, destacou que, apesar de essas características estarem em alta atualmente devido à nova realidade de home office trazida à tona pela COVID-19, a Intel já trabalha nelas há 15 anos. Naquela época, a oferta era bem mais básica e se chamava Intel AMT (Active Managemente Technology), que, resumidamente, permitia aos administradores de TI executarem assistência remota em computadores conectados à rede empresarial.
Uma década e meia depois, o AMT evoluiu e agora se chama vPro, reunindo um conjunto de recursos e capacidades que vão além da assistência e gerenciamento remoto, entregando mais desempenho, mais estabilidade e segurança a nível de hardware. Graças a esses quatro pilares, departamentos de TI conseguem manter todo o parque computacional de suas companhias em ordem, mesmo com funcionários e colaboradores trabalhando de casa, bem longe da rede corporativa.
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O que há de novo?
Em todos esses anos houve uma evolução sensível da plataforma vPro, mas o que exatamente mudou da nona geração de processadores para a décima? Bem, para falar a verdade, não muita coisa. Assim como vem fazendo com seu processo de fabricação, a Intel promoveu o "refinamento" dos recursos e funcionalidades que já estão presentes desde pelo menos a oitava geração (Whiskey Lake).
Todos os processadores da família vêm de fábrica com Wi-Fi 6 (Gig+) integrado. O padrão de conectividade utiliza recursos de segurança WPA3 e é quase três vezes mais rápido que o ainda amplamente popular 802.11ac, mas não é exatamente uma novidade nos chips Intel vPro: os componentes de duas gerações atrás já contavam com isso.
O que também não mudou foi o Intel Hardware Shield, um conjunto de recursos que previnem ataques a nível de firmware, efetivamente impedindo alterações não-autorizadas na BIOS do computador. Isso é feito verticalizando a comunicação entre o firmware e o sistema operacional para impedir que recursos críticos sejam afetados por softwares maliciosos. Segundo a Intel, mesmo quando há falha nesse processo, o Hardware Shield é capaz de detectar o problema e fazer o rollback para uma versão anterior e saudável da BIOS e sanar o problema.
Por outro lado, a ferramenta de gerenciamento remoto Intel Endpoint Management Assistant (EMA) passou por um "refinamento" muito bem-vindo. A própria companhia reconhece que antes ela era bastante voltada para o ambiente interno e que por isso acabava ajudando mais a grandes corporações com vastos parques computacionais e rede corporativa gigantesca. Agora isso muda e a EMA passa ser mais "cloud friendly", permitindo gerenciar equipamentos de virtualmente qualquer lugar e a partir de um dispositivo móvel.
Quanto ao desempenho em si, os ganhos apresentados pela Intel estão muito mais relacionados aos ajustes de microarquitetura promovidos pela companhia do que necessariamente à plataforma vPro. Em todo caso, em desktops, os novos Core vPro de 10ª geração foram 44% mais rápidos na análise e visualização de dados utilizando o Microsoft PowerBI. Aqui, o comparativo foi feito entre um equipamento com Core i7-10700 e outro com Core i7-6700, de cinco anos atrás.
Já em notebooks, testes sintéticos feitos utilizando o SYSMark 2018 apontaram desempenho geral 40% superior no comparativo entre uma máquina equipada com Core i7-10810U e outra de três anos atrás com Core i7-7600U. O subteste de produtividade do SYSMark 2018 também mostrou pontuação 36% maior no comparativo entre os dois componentes.
Modelos, compatibilidade e disponibilidade
Apesar das poucas novidades na vPro como plataforma em si, o anúncio desta quinta-feira (13) é especialmente interessante para empresas que estão com maquinário defasado e em busca de renovação. Por fazerem parte do programa, esses processadores são negociados em grande quantidade, seja em caráter de aquisição ou de cessão por contrato. Dessa forma, a ideia é que quem possui laptops e desktops com até cinco anos (média do ciclo de vida desses equipamentos) possa trocá-los dentro do programa de renovação para novos equipados com os Intel Core vPro de 10ª geração.
E não importa o tamanho do negócio, já que a Intel anunciou um portfólio escalável com nada menos que 27 processadores diferentes para atender desde aquela startup que tem até uma dezena de funcionários até corporações gigantescas, com escritórios e pessoal espalhados por todo o mundo. Para atender o público de entrada, que busca acima de tudo mobilidade, a fabricante anunciou três processadores da série U com até seis núcleos, 12 threads e clock de 4,7 GHz.
Já para atender o segmento de notebooks high-end, que além de mobilidade oferecem desempenho de ponta, a fabricante apostou em quatro processadores da série H e dois Xeon W de décima geração. Tais componentes fazem parte do seleto grupo de primeiros processadores a ultrapassarem a barreira dos 5 GHz em notebooks, alcançando até 5,3 GHz com oito núcleos, 16 threads e 16 MB de cache L3.
Finalmente, empresas que quiserem atualizar estações de trabalho desktop têm à disposição 11 Intel Core vPro de 10ª geração com até 10 núcleos, 20 threads, 20 MB de cache L3 e clock de 5,3 GHz com auxílio do Thermal Velocity Boost. Já administradores de servidores de cloud computing ou data centers focados em análises em tempo real e insights de Big Data podem escolher entre sete opções de Intel Xeon W de 10ª geração, que contam com até 10 núcleos, 20 threads e 20 MB de cache L3.
Processadores mobile Intel vPro de 10ª geração | ||||||
Modelo | Clock base | Clock máximo¹ | Núcleos | Threads | Cache L3 | TDP |
Core i9-10885H | 2,4 GHz | 5,3 GHz | 8 | 16 | 16 MB | 45W |
Core i7-10875H | 2,3 GHz | 5,1 GHz | 8 | 16 | 16 MB | 45W |
Core i7-10850H | 2,7 GHz | 5,1 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 45W |
Core i5-10400H | 2,6 GHz | 4,6 GHz | 4 | 8 | 8 MB | 45W |
Xeon W-10885M | 2,4 GHz | N/D | 8 | 16 | 16 MB | 45W |
Xeon W-10855M | 2,8 GHz | N/D | 6 | 12 | 12 MB | 45W |
Core i7-10810U | 1,1 GHz | 4,7 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 15W |
Core i7-10610U | 1,8 GHz | N/D | 4 | 8 | 8 MB | 15W |
Core i5-10310U | 1,7 GHz | 4,4 GHz | 4 | 8 | 6 MB | 15W |
Processadores desktop Intel vPro de 10ª geração | ||||||
Modelo | Clock base | Clock máximo¹ | Núcleos | Threads | Cache L3 | TDP |
Core i9-10900K | 3,7 GHz | Até 5,3 GHz | 10 | 20 | 20 MB | 125W |
Core i9-10900 | 2,8 GHz | Até 5,2 GHz | 10 | 20 | 20 MB | 65W |
Core i9-10900T | 1,9 GHz | Até 4,6 GHz | 10 | 20 | 20 MB | 35W |
Core i7-10700K | 3,8 GHz | Até 5,1 GHz | 8 | 16 | 16 MB | 125W |
Core i7-10700 | 2,9 GHz | Até 4,8 GHz | 8 | 16 | 16 MB | 65W |
Core i7-10700T | 2,0 GHz | Até 4,5 GHz | 8 | 16 | 16 MB | 35W |
Core i5-10600K | 4,1 GHz | Até 4,8 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 125W |
Core i5-10600 | 3,3 GHz | Até 4,8 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 65W |
Core i5-10600T | 2,4 GHz | Até 4,0 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 35W |
Core i5-10500 | 3,1 GHz | Até 4,5 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 65W |
Core i5-10500T | 2,3 GHz | Até 3,8 GHz | 6 | 12 | 12 MB | 35W |
Xeon W-1290P | 3,7 GHz | N/D | 10 | 20 | 20 MB | 125W |
Xeon W-1270P | 3,8 GHz | N/D | 8 | 16 | 16 MB | 125W |
Xeon W-1250P | 4,1 GHz | N/D | 6 | 12 | 12 MB | 125W |
Xeon W-1290 | 3,2 GHz | N/D | 10 | 20 | 20 MB | 80W |
Xeon W-1270 | 3,4 GHz | N/D | 8 | 16 | 16 MB | 80W |
Xeon W-1250 | 3,3 GHz | N/D | 6 | 12 | 12 MB | 80W |
Xeon W-1290T | 1,9 GHz | N/D | 10 | 20 | 20 MB | 35W |
¹ Alguns modelos empregam o Thermal Velocity Boost para alcançar essas frequências em apenas um núcleo
Durante a apresentação para a imprensa, a Intel não precisou quais chipsets e soquetes serão compatíveis com os novos processadores. Porém, posteriormente, em resposta aos pedidos do Canaltech, a fabricante confirmou que os Core vPro terão seus recursos ativados pelos chipsets Q470 no desktop (soquete LGA1200) e QM480 nos notebooks (soquete BGA1528). Quanto aos Xeon, a empresa confirmou que eles serão compatíveis com chipset W480.
Resumidamente, isso tudo significa que as empresas que quiserem adotar os novos Core vPro de 10ª geração não conseguirão fazer apenas a troca dos processadores, sendo obrigadas a também investirem em placa-mãe com soquete e chipset compatíveis. Em outras palavras, terão de adquirir máquinas completamente novas, sejam elas desktops ou laptops.
A Intel também não detalhou quando exatamente os Core vPro de 10ª geração estarão disponíveis no mercado, seja no varejo ou através de fabricantes parceiros. Porém, em apresentação anterior, a companhia confirmou ao Canaltech que o lançamento dos novos processadores Comet Lake-S de 10ª geração será feito em etapas e que os primeiros a chegarem ao mercado serão os modelos desbloqueados (Core K), em maio. Quanto aos laptops, a empresa não abriu detalhes, mas confirmou que já há parcerias ativas com Dell, HP e Lenovo e que em breve veremos novidades anunciadas pelas próprias fabricantes.
Sensação de hiato
Empresas e negócios que já têm todo seu parque tecnológico baseado em plataformas Intel podem ver vantagens em atualizá-lo para os novos Core vPro de 10ª geração, sobretudo se estiverem precisando de mais desempenho e poder computacional. Por outro lado, a falta de novidades na plataforma em si pode ser suficiente para avaliar se o upgrade realmente vale a pena.
Como vimos, assim como vem fazendo com sua microarquitetura, a Intel apenas "refinou" os recursos do vPro para os processadores de 10ª geração, não apresentando necessariamente novidades ou adições que justifiquem a mudança. Por isso, a sensação que fica é que a fabricante está passando por um hiato, um período de entressafras em que não consegue apresentar nada novo e demonstra que a Skylake, lançada no distante ano de 2015, já está saturada com tantos refinamentos.
Já há inúmeros rumores sobre as próximas gerações de processadores da fabricante e apostas de que elas finalmente empregarão litografia de 10nm e apresentarão recursos e ganhos de desempenho não só mais evidentes, mas também suficientes para justificar um upgrade em âmbito corporativo. Por enquanto, tudo não passa de especulação, mas, dado o cenário competitivo montado pela AMD com seus Ryzen PRO 4000, a Intel tem de se mexer rápido.
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