Publicidade

Elizabeth II absolveu o pai da computação moderna, condenado por ser gay

Por  • Editado por  Wallace Moté  |  • 

Compartilhe:
Reprodução/National Portrait Gallery
Reprodução/National Portrait Gallery

Falecida na última quinta-feira (8), a Rainha Elizabeth II apenas concedeu três perdões reais durante o seu reinado. Um deles foi concedido a Alan Turing, matemático e criptoanalista britânico considerado o pai da ciência da computação, condenado por ser homossexual em 1952.

Alan Turing foi uma figura extremamente importante para a história da tecnologia. Aos 23 anos, o britânico criou uma máquina baseada em amplo sistema de cálculos binários que usava sequências para resolver problemas e que, anos mais tarde, deu origem à lógica do algoritmo usado na computação moderna.

Na Segunda Guerra Mundial, a atuação do matemático no núcleo de inteligência britânico foi fundamental para decifrar mensagens codificadas criadas pela máquina nazista Enigma. Com a criação do sistema Colossus, foi possível descobrir a exata localização das tropas inimigas na Normandia, ação que ficou conhecida como o Dia D.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Mesmo com as importantes contribuições ao Reino Unido, Alan Turing foi condenado por ser homossexual em 1952. Naquele período, a homossexualidade era considerada um crime no país e o cientista foi detido após apresentar um rapaz como namorado à polícia enquanto prestava depoimento depois de ter a própria casa assaltada.

Acusado de “indecência”, o matemático pôde cumprir a pena em liberdade após aceitar a condição de passar por um tratamento hormonal com injeções de estrogênio sintético. A prática era considerada uma espécie de “castração química” usando o hormônio feminino.

Com a condenação, Turing passou a ser perseguido por ser homossexual, perdeu cargos importantes e não conseguia mais se sustentar. Paralelamente, o tratamento hormonal afetava completamente o corpo do cientista e o deixava deprimido.

No dia 7 de junho de 1954, o matemático britânico cometeu suicídio ao comer uma maçã envenenada com cianeto. Nesta época, a rainha Elizabeth II já era a principal representante da Família Real.

Perdão tardio

Infelizmente, o perdão e o reconhecimento de Alan Turing só aconteceram quase 60 anos após sua morte. A participação do cientista na decodificação das mensagens nazistas apenas foi revelada oficialmente em 2013, mesmo após os dados sobre as operações terem deixado de ser confidenciais nos anos 1970.

Continua após a publicidade

Então, em 2013, a rainha Elizabeth II concedeu perdão ao importante matemático britânico pelo crime de homossexualidade. Entretanto, somente em 2017, uma lei cancelou a condenação de homens sobreviventes perseguidos pela antiga legislação homofóbica.

Os outros dois perdões foram dados a detentos no País de Gales, que tiveram a pena reduzida após salvarem um funcionário da penitenciária atacado por um javali.

Fonte: Yahoo, Revista Galileu, Biography