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Ministro afirma que nenhuma empresa oficializou interesse em comprar os Correios

Por| 29 de Setembro de 2020 às 18h45

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Elza Fiuza/Agência Brasil
Elza Fiuza/Agência Brasil

Em entrevista ao UOL, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, mudou o seu posicionamento em relação às empresas interessadas em comprar os Correios. Se no último dia 16 de setembro ele afirmou que Magazine Luiza, Amazon, FedEx e DHL eram as principais candidatas a adquirir a estatal em um eventual processo de privatização, dessa vez ele recuou e declarou que não nenhuma dessas companhias procurou o governo.


Ainda de acordo com Faria, a declaração dada no dia 16 de setembro reflete uma avaliação sua de quais empresas seriam atraídas pela privatização dos Correios. Segundo o ministro:

"Isso é um processo de privatização que ainda vai começar. Nenhuma empresa estabeleceu formalmente o interesse em participar, comprar os Correios".
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Faria afimou que havia recebido de Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia e que deixou o governo em agosto, informações que estavam na pasta e que previam que o processo de privatização dos Correios seria bem sucedido:

"Ele [Mattar] falou que provavelmente ia ser um sucesso, que sabia de players [empresas do mercado] que estariam interessados, outros que provavelmente entrarão, por exemplo, o FedEx".

Ainda que tais empresas não tenham formalizado o interesse pela compra dos Correios, Faria afirmou que Amazon, FedEx, Magazine Luiza e o Mercado Livre seriam candidatos naturais no processo de estatização.

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Lucro ou prejuízo?

Ainda na entrevista ao UOL, o ministro Fábio Faria afirmou que os resultados financeiros mais recentes dos Correios pode ser um atrativo aos interessados. Segundo Faria, "a estatal teve resultado positivo no ano passado, de R$ 671 milhões após o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). E para o ano vem, tal receita poderia atingir até R$ 1 bilhão".

No entanto, os números aventados pelo ministro batem de frente com o que foi relatado pelos diretores dos Correios que já afirmaram que a empresa já registrou um prejuízo acumulado de R$ 2,4 bilhões. No entanto, a partir de cortes em diversos benefícios, vistos como excessivos pelos executivos da companhia, era esperada uma economia de cerca de R$ 800 milhões anuais. Segundo a estatal, esse valor, em três anos, seria suficiente para cobrir o déficit financeiro atual.

Aliás, tais cortes nos benefícios geraram uma greve de boa parte dos funcionários dos Correios, que começou no dia 17 de agosto e foi encerrado no último dia 21, depois de uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho, que obrigou a estatal a arcar com uma correção salarial de 2,6% - um valor bem menor do que o requisitado pelos funcionários grevistas, que almejavam 5%. Houve ainda uma redução em alguns benefícios, mas não a sua extinção.

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Privatização enfrentará desafios

Ainda que privatizar os Correios seja uma das principais metas do atual governo, sabe-se que o processo não será nada fácil e enfrentará diversas etapas. Nas próximas semanas, o governo federal pode enviar ao Congresso Nacional um projeto de emenda constitucional (PEC) que encerra o monopólio dos Correios nos serviços postais - que é previsto na Constituição do país.

E para aprovar esta PEC que encerra o monopólio dos Correios nos serviços postais (o que abriria caminho para a privatização), será necessário o apoio de três quintos dos parlamentares na Câmara e Senado, em uma votação de dois turnos. Ou seja, isso demandará um poder de negociação que o atual governo de Jair Bolsonaro não vem mostrando desde que assumiu. Ou seja, prevê-se que a venda dos Correios deve enfrentar séria resistência nas casas legislativas.

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O cenário fica ainda mais complexo se considerarmos que uma eventual privatização poderá gerar sério risco de demissão de milhares de funcionários da empresa, bem como diminuição de seus direitos trabalhistas. Com isso, é muito provável que os partidos de oposição, muitos deles ligados aos sindicatos da categoria, votem contra a PEC, impedindo que se alcance a maioria. Com tudo isso, e considerando ainda que estamos em ano eleitoral - quando os candidatos não querem se desgastar com seus potenciais eleitores - é muito provável que esse assunto seja retomado apenas em 2021.

Além da mudança na Constituição, citada nos parágrafos acima, são exigidos estudos que precisam apontar as melhores estratégias sobre uma eventual privatização. Ainda que o governo federal já tenha alguns, as empresas interessadas também precisam realizá-los. E tais estudos tendem a ser complexos e detalhistas, já que abrangem diversas áreas que serão impactadas pela privatização da estatal.

Isso sem contar ainda as dívidas da estatal. No começo do ano, o Postalis, fundo de previdência dos trabalhadores dos Correios e que está sob intervenção, apresentava um rombo de R$ 11 bilhões - causado por corrupção de governos anteriores e dentro da própria empresa, além de maus investimentos. Além disso, as indenizações trabalhistas podem aumentar o passivo dos Correios, o que tornaria a sua privatização improvável - e ainda sob o risco de liquidação da empresa.

Fonte: UOL