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Google impressiona (e assusta) com novos recursos de voz

Por| 10 de Maio de 2018 às 09h59

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Joyce Macedo
Joyce Macedo
Tudo sobre Google

Durante a principal keynote da Google I/O 2018, uma demonstração chamou a atenção de todos: Sundar Pichai, o CEO da gigante da internet, reproduziu uma conversa entre a assistente digital da empresa e um humano. O problema é que era difícil dizer quem era quem. A forma com que a Google Assistente fez uma reserva em um restaurante via telefone chocou pela naturalidade e fluidez.

A novidade mind-blowing está sendo chamada de Google Duplex e é uma das mais comentadas nos bastidores do evento. De acordo com Lilian Rincon, executiva responsável pelo projeto do Google Assistente, a empresa trabalha na tecnologia há 10 anos; basicamente desde quando começou a investir em pesquisas por voz.

A demonstração do Duplex é maravilhosamente assustadora, pois mostra que pode ficar difícil saber se você está conversando com uma pessoa ou com uma máquina. O tom de voz e expressões como “hmm” e "ahhh" ao longo da conversa reforçam a naturalidade do papo, mas, (in)felizmente, a novidade ainda não tem previsão para chegar ao mercado, e um dos motivos é exatamente não saber como as pessoas vão lidar ao descobrir que estão falando com o Google ao telefone.

“Olá, eu sou o Google Assistente de fulano e gostaria de reservar uma mesa para o happy hour na sexta-feira às 19h”. Será que quem está do outro lado da linha desligaria logo na primeira frase ou agiria normalmente na hora de realizar a reserva? O Google segue realizando pesquisas e aprimorando sua tecnologia até chegar o dia em que as pessoas estarão preparadas - ou não - para lidar com essa realidade.

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Aliás, o fato de a maioria das pessoas não gostar mais de falar ao telefone foi um dos fatores que ajudou a impulsionar a ideia do Duplex, mas é claro que existe uma série de questões importantes e polêmicas por trás do projeto.

Google 7 x 1 Apple

Em relação ao mercado de tecnologia, a novidade coloca a Apple ainda mais contra a parede, já que a empresa de Mountain View deixa a Maçã no chinelo quando o assunto é assistente digital. A Apple poderia ser um case de sucesso no segmento, mas até agora não acertou a mão na Siri e no seu HomePod.

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Enquanto isso, a Google registra números impressionantes com seu Assistente, que já está presente em 95% dos smartphones Android, em 40 marcas de carro com Android Auto e mais de 5.000 dispositivos para casas conectadas, totalizando mais de 500 milhões de dispositivos entre Android, iOs, speakers, TVs, fones, e assim por diante.

“Eu acredito que quanto mais pessoas usarem o recurso, mais ele vai fazer parte da nossa vida e ajudar a fazer mais coisas no mundo real, como marcar um horário no cabelereiro, e isso ajuda a fechar mais negócios”, explicou Lilian.

Quando é hora de parar e ser mais educado

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De acordo com a executiva, a privacidade sempre foi uma preocupação, principalmente com o que as pessoas dizem ao Assistente. Para tentar dar o controle ao usuário, existe uma função que mostra exatamente o que a tecnologia ouviu e você pode deletar as informações que desejar. “Nós não ouvimos, a menos que você fale a hotword (Ok, Google). É preciso que o usuário comece a conversa”, completou.

É claro que a questão é delicada, afinal o sistema precisa aprender com o comportamento do usuário, o que implica ter acesso a muitas informações para que a coisa funcione direito. No caso do Duplex, por exemplo, o Google deixou claro que a tecnologia só consegue participar de uma conversa natural depois de muito treinamento para um assunto específico, ou seja, ela não vai sair por aí conversando sobre temas aleatórios

Em relação às palavras que acionam o Google Assistente, outra novidade apresentada durante a Google I/O foi a conversação contínua, que exige o uso do “Ok, Google” apenas para iniciar a conversa, já que depois disso o Google vai entender que o papo continua, agindo de uma forma muito mais natural.

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Começar a conversa é realmente fácil, mas como fazer para a tecnologia entender que você já acabou e parar de escutar (e registrar) o que está dizendo? De acordo com Lilian, basta encerrar as ações com um simples “Obrigado” para que ela seja desativada. Caso o usuário simplesmente pare de falar com a Assistente e comece a papear com o amigo que está na sala da sua casa, por exemplo, ela segue ouvindo durante alguns minutos até perceber que o assunto é direcionado para outra pessoa e desativar o reconhecimento de voz.

Outra novidade que merece destaque é a chegada do Pretty Please. Importante para as crianças que estão crescendo com dispositivos como o Google Home em casa, o recurso incentiva o uso do “por favor”. A ideia surgiu como uma espécie de responsabilidade social que o Google sente por colocar esses dispositivos na sociedade e, talvez, ajudar a criar crianças mandonas – “Google, faça isso para mim”.

Google Home

Ainda sem previsão de chegada ao Brasil, o Google Home agora está desembarcando no México e outros seis países, e os executivos na Google I/O repetem o mantra de que a expansão continua, então seguimos com o coro "Please, come to Brazil".

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Entre as dificuldades que implicam a chegada do produto a novas regiões está a necessidade de um estudo de mercado para entender os sotaques, regionalismos e hábitos de determinados países. Tudo isso envolve muita pesquisa e demanda muito tempo de aprimoramento. Isso sem contar as questões básicas de mercado que, no caso do Brasil, envolvem burocracias e muitos impostos.

Fato é que estamos cada dia mais perto de realidades apresentadas nas telas do cinema, como no filme Her, em que um humano se apaixona pela voz e pela “personalidade” da sua assistente digital. Ah, mas antes que você pense que poderá usar o Google Duplex para terminar um namoro no seu lugar ou cancelar a assinatura da sua TV, fique sabendo que isso não vai acontecer – pelo menos de acordo com os responsáveis pela tecnologia.

* A jornalista viajou para Mountain View (EUA) a convite da Google.