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Robocop do Game Boy tem um dos puzzles mais tristes da história dos games

Por| Editado por Durval Ramos | 12 de Dezembro de 2023 às 19h05

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Reprodução/Ocean Software, MGM
Reprodução/Ocean Software, MGM

Robocop não é uma história feliz. Nunca foi e nunca será, mas o filme sobre o policial do futuro é sempre lembrado pela violência caótica e uma ou outra crítica ao capitalismo e à sociedade em que vivemos. Só que existe algo muito triste em toda a franquia que é a luta interna do homem dando lugar à máquina para conseguir ser o melhor policial possível.

Esse é o tipo de questionamento que você espera nos filmes ou, quem sabe, em alguma obra mais profunda, mas não em um jogo de Game Boy de 1990. Principalmente não através de um dos puzzles mais depressivos que você encontrará em um jogo com um meio robô, meio humano, dando tiro na cara de personagens representados em poucos pixels.

Robocop só queria descansar

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Toda a história de Robocop, o filme, pode ser resumida em "Não deixam o trabalhador nem morrer em paz", vide que o Detetive Alex Murphy é torturado e morto em uma missão como policial, mas a OCP resolve que ele vai trabalhar mais um pouco e transforma o que sobrou dele em um robô. É como se o seu chefe falasse que você tá devendo horas no trabalho e precisa ficar além do teu horário pra cobrir, mas de um jeito mais extremo.

Murphy tinha uma família, uma esposa e um filho, que simplesmente receberam uma grana porque jogaram a cara dele em um robô que se move de um jeito esquisito. Como era de se esperar, entra um dilema do que faz uma pessoa ela mesmo, senão suas lembranças e escolhas. Para eliminar isso, a OCP, que vira dona do antigo empregado, tenta apagar todas as memórias que ele tinha de sua vida como humano. É uma crítica bem clara a essa desumanização da mão de obra e como o indivíduo é visto apenas como propriedade.

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Essa atitude, além de absurdamente cretina, visa manter um controle maior sob o Robocop, sendo mais fácil escolher quem ele pode atacar, mas mantendo aquela patifaria de "ele ainda é humano e pode tomar decisões".

Só que existe um problema aqui: como trazer tudo isso para um jogo de Game Boy do começo dos anos 1990 limitado por um hardware que não permite trabalhar todas essas camadas narrativas de forma mais cinematográfica? Já sabemos, COM TRISTEZA!

Puzzle ruim com resultados piores

Em Robocop 2, baseado no segundo filme da série e desenvolvido pela Ocean Software, o jogador sai controlando o Robocop em fases tipo run and gun, em que você simplesmente avança e atira no que vê pela frente. Combina com o personagem, faz sentido.

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O jogo tem um gameplay meio horrível até para um Game Boy da época, com o Robocop deslizando mais do que deveria pelas plataformas, tornando controlá-lo um desafio à parte.

De tempos em tempos, o jogador recebia uma tela informando que estava tendo uma interferência mental e precisava localizar uma memória em sua mente. Um puzzle de formar uma imagem após ela ter sido embaralhada visava manter a lembrança de sua família e de que o Robocop ainda é meio humano. Como resultado, você ganhava duas vidas.

Só que o puzzle era horrível e você tinha 60 segundos para resolvê-lo. Caso não conseguisse, a lembrança de que você um dia teve uma mulher e um filho simplesmente seriam apagadas de sua mente.

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Agora imagine isso acontecendo com uma criança que achou que seria legal jogar Robocop 2 no Game Boy e tendo que lutar pela consciência de um homem morto que foi ressuscitado pelas mãos frias do capitalismo e, agora, tenta manter um fio de humanidade que ainda lhe resta.

Mas, ei, você pode encher robôs de tiros e tem uma fase que usa jetpack, então acho que tá tudo bem. Não tem como ficar triste com um jetpack.