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Review Zelda: Skyward Sword HD | Ainda problemático, mas igualmente apaixonante

Por| Editado por Bruna Penilhas | 22 de Julho de 2021 às 19h29

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Divulgação/Nintendo
Divulgação/Nintendo

Ainda me lembro da primeira vez que joguei The Legend of Zelda: Skyward Sword. Foi amor à primeira vista. O visual colorido que mais parecia uma aquarela e que contrastava com a escuridão de Twilight Princess, a história à la conto de fadas, a trilha sonora que é uma das mais cativantes de toda a franquia… Tudo ali era envolvente e apaixonante. Tudo, exceto o bendito controle de movimento.

Lançado para Wii em 2011, o game era o mais puro fruto de seu tempo, quando nós ainda acreditávamos que o futuro era jogar se mexendo e que iniciativas assim eram a evolução da indústria. Sob essa lógica, a Nintendo queria que você sentisse estar empunhando a Master Sword. E conseguiu, mas a um preço. A mudança nos controles não só forçou muita gente a ficar balançando os braços em frente à TV, mas criou várias pequenas barreiras de jogabilidade que mais atrapalhavam do que divertiam. A câmera era um terror, mirar era cansativo e o jogo a todo instante fazia questão de explicar alguma mecânica já conhecida ou dar alguma dica não requisitada.

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Só que, tal qual um romance antigo, Skyward Sword voltou dez anos depois dizendo que mudou e prometendo corrigir os erros do passado para reviver aquele amor de outrora. A Nintendo apostou pesado nas chamadas melhorias de qualidade de vida, mudanças feitas justamente para contornar os pequenos problemas que macularam o jogo original.

Agora no Switch, era a chance ideal de fazer aquilo que o Wii não conseguiu e entregar a experiência definitiva para a origem de The Legend of Zelda. E chega perto disso, embora ainda cometa os mesmos erros de antes e, ao mesmo, faça eu me apaixonar tudo de novo.

Melhorando, mas nem tanto

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A grande novidade de The Legend of Zelda: Skyward Sword HD, já disponível para Nintendo Switch, fica por conta das melhorias trazidas pelo console híbrido. E a principal (e melhor) delas é que você não precisa mais depender do controle de movimentos, já que a jogabilidade foi adaptada para funcionar com o console no modo portátil ou em sua versão Lite. Assim, ao invés de fingir estar empunhando uma espada, você pode jogar como uma pessoa normal e só apertar os botões para atacar ou interagir com Hyrule. Muito mais simples e prático.

É claro que, para quem quer uma experiência mais próxima daquela de uma década atrás, é possível destacar os Joy-Con e seguir cortando Bokoblins como antes, com a diferença de que você não está mais preso por Nunchucks e nem depende mais de outros acessórios para deixar o controle mais preciso.

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Só que, ao mesmo tempo que tudo isso representa um avanço, há também os poréns. Uma das promessas da Nintendo com a remasterização era resolver o problema das câmeras, dando total liberdade para o jogador controlá-la enquanto explora o cenário. E isso realmente acontece, mas não da forma que você espera.

Para quem for jogar no modo adaptado, o controle dessa câmera é bem mais burocrático. Isso porque o analógico direito que deveria servir para isso passa a ser usado para controlar a espada e você precisa segurar um outro botão para poder olhar à sua volta, o que cria uma complexidade desnecessária para um movimento que deveria ser básico. Não é nada intuitivo e fica quase como se você tivesse duas mãos esquerdas a todo o instante.

Já para quem é mais purista e prefere o controle de movimentos, esse problema é minimizado, já que o segundo analógico fica realmente destinado à câmera e controlá-la passa a ser algo bem mais natural. Esse seria, aliás, o jeito ideal de aproveitar Skyward Sword HD se o Joy-Con não sofresse com o maldito drift que deixa tudo injogável para quem sofre desse mal.

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Ainda que nada disso estrague a experiência geral do jogo, esses remendos pela metade levantam a questão se realmente vale a pena desembolsar pelo menos R$ 300 em algo que melhorou o original somente em certa medida. É claro que ele continua sendo um The Legend of Zelda muito bom, assim como o jogo de Wii já era, mas o mínimo que se espera de um relançamento que chega com preço cheio — e bastante salgado para nossa realidade — é que ele ajustasse todos esses problemas de uma vez por todas e não criasse outras pequenas complicações. Assim, se você esperava um upgrade mais significativo nesse sentido, talvez seja o caso de colocar tudo isso na balança antes de tirar a carteira do bolso.

Ajuste fino

Em compensação, as tais melhorias de qualidade de vida fazem mesmo muita diferença. Na versão de 2011, o jogo era interrompido a todo instante pela personagem Fi, o espírito da Master Sword, que surgia para explicar alguma mecânica, contextualizar um item que você encontrou uma dezena de vezes ou para não esquecer de seu objetivo atual. A intenção era boa, mas as suas intervenções eram tão constantes que ela simplesmente não te deixava jogar.

Na remasterização, Fi segue com suas recomendações e sugestões do que fazer, mas agora elas são bem mais pontuais. Apenas algumas são realmente mandatórias e inevitáveis, mas a grande maioria se tornou opcional. Assim, quando ela tem algo para falar que não é imprescindível, a Master Sword apenas pisca para avisá-lo e você pode ignorá-la sem qualquer prejuízo na experiência.

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Esse é um detalhe mínimo, mas que faz toda a diferença. No Wii, apesar de toda a proposta de fazer o jogador se sentir o próprio Link, as interrupções de Fi e os próprios problemas com os controles acabavam com essa imersão, criando limitações banais e totalmente desnecessárias. Agora, no Switch, isso foi minimizado em boa medida.

E isso permite que você dedique sua atenção àquilo que importa de verdade em The Legend of Zelda: Skyward Sword. Por muito tempo, o jogo foi criticado pelos fãs de série e tido até mesmo como um dos mais fracos de toda a franquia, muito por causa desses problemas de jogabilidade que ocultavam tudo aquilo que ele tem de melhor. Todas essas críticas sempre foram muito justas, ainda que parte da comunidade tenha se apegado muito mais a elas do que aos acertos que o game oferece. Nesse sentido, ele possui vários pontos positivos que vão muito além das mecânicas introduzidas e que serviram de base para o que existe em Breath of the Wild.

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Assim, sem se incomodar tanto com esses tropeços, é possível se voltar por completo para o belíssimo visual, agora em alta definição, se divertir explorando cada uma das dungeons, conhecer essa Hyrule ainda desbravada, acompanhar o início da lenda de Link, Zelda e Ganon e se encantar com a belíssima trilha sonora. Com apenas alguns pequenos ajustes, é possível se entregar a tudo aquilo que torna o jogo apaixonante.

É por isso que, mesmo cometendo os mesmos erros de dez anos atrás — ainda que em menor medida, que fique claro —, a Nintendo consegue me conquistar mais uma vez com Skyward Sword, como em um revival de um namoro antigo. Mais maduro e calejado, posso apontar com facilidade todos os velhos e novos problemas que me incomodam — mas também é simples mostrar o que me fez (e ainda me faz) amar tanto esse bendito jogo.