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Análise | Yakuza: Like a Dragon reinventa franquia com méritos, mas é cansativo

Por| Editado por Jones Oliveira | 10 de Dezembro de 2020 às 12h14

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Divulgação/SEGA
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Lançado em janeiro no Japão e na Ásia, Yakuza: Like a Dragon (YLD) marcou uma mudança completa na franquia, a mais drástica em 14 anos de existência. Mesmo mantendo o tom jocoso e leve que contrasta com momentos de tensão e violência, o game conseguiu dar um frescor à série, parada desde Yakuza 6: The Song of Life.

Muito embora não seja uma novidade, Yakuza: Like a Dragon chegou ao ocidente no dia 10 de novembro, mesma data do lançamento dos Xbox Series X e S e, apesar de todo o marketing envolvido, as mudanças com relação à versão de PlayStation 4, que chegara no oriente em janeiro de 2020, não foram tão drásticas.

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Ao contrário, por exemplo, do que vimos na jogabilidade e no personagem central do jogo. No gameplay, sai o combate direto para um estilo de RPG com turnos, bem comum no Japão. Com relação ao protagonista, agora damos de cara com Ichiban Kasuga, um antigo membro da Familia Arakawa dentro do Clã Tojo, e não mais com Kazuma Kiryu.

Recheado de conteúdo, Yakuza: Like a Dragon é um jogo completo e divertido, mas longe de ser perfeito. O Canaltech teve a oportunidade de jogar a versão para o Xbox Series S e vai trazer todos os detalhes. Se você nunca jogou Yakuza, essa talvez seja uma grande oportunidade para isso.

Fidelidade pouca é bobagem

Como em todo jogo com história, evitamos ao máximo os spoilers, mesmo que Yakuza: Like a Dragon já seja um título com quase um ano de estrada. No entanto, daremos alguns caminhos para que vocês possam apreciar o game sem medo.

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No game, o protagonista é Ichiban Kasuga, um yakuza que pertencia à família Arakawa, mas que fazia parte do Clã Tojo. Ao iniciarmos o gameplay, percebemos que a ideia da Ryu Ga Gotoku Studio era mesmo a de dar um frescor maior à série. Por isso, ao invés de começarmos com um Kasuga mais experiente, aprendemos um pouco sobre sua personalidade e estilo.

Como é comum à franquia, todo o tom da história, por mais que hajam momentos de tensão, violência e melancolia, é bem leve, com muitas piadas e referências que acabam casando bem não apenas com o que já fora apresentado na franquia, mas também com o próprio enredo. Isso também fica evidenciado em outros momentos, como os minigames (que são vários) e missões secundárias, que vão desde resgates de reféns a favores simples.

Contudo, é com uma grande reviravolta em sua vida que a jornada de Kasuga se torna atraente não apenas para nós, que estamos jogando, mas também para seus parceiros de enredo, algo que torna a conexão com o game muito forte desde o início. Por mais que ele seja um yakuza, torcemos muito, no fim das contas, para que ele resolva todos os seus problemas como um verdadeiro herói, algo que ele mesmo faz questão de dizer com todas as letras.

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Mas, para que Kasuga seja mesmo um herói, ele precisará ir contra suas convicções e, como bom yakuza, isso será na base de muito sofrimento, decepções e, claro, muita porrada. Pelo lado do jogador, tudo será bem gostoso de ser descoberto, menos quando pensamos no tempo desprendido para o desenvolvimento da história, que é maçante, mas, sob o ponto de vista de Kasuga, será bem complicado, sobretudo quando chegar a hora de enfrentar velhos amigos.

Isso porque a quantidade de diálogos é algo que impressiona de modo bastante negativo e, somado ao fato de o jogo ser um RPG de turno, tira bastante do dinamismo. Por sorte, essa análise foi feita em um Xbox Series S, que tem tempo de loading ínfimo (algo que falaremos mais adiante). Sendo assim, para aproveitar Yakuza: Like a Dragon em todo o seu esplendor é necessário muito, mas muito tempo.

Tudo é resolvido na porrada

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Por mais que a história de Yakuza: Like a Dragon seja um enorme atrativo e haja motivação suficiente para tudo o que acontece ali, as coisas em Yokohama são resolvidas de um único jeito: porrada, muita porrada. Em uma cidade divida entre facções, Kasuga e sua equipe precisam entrar em combates a todo o momento para sobreviver.

O gameplay é composto por uma navegação em mundo aberto, mas com combates em turnos. Além de Kasuga, controlamos Yu Nanba, Koichi Adachi e Saeko Mukoda, que dispõem de uma série de golpes diferenciados que ajudam na formulação das estratégias de luta. Esse, na verdade, é o grande ponto positivo do jogo.

Em um local onde tudo é resolvido na porrada, praticamente tudo o que é coletado e desenvolvido tem como foco melhorar seu personagem e suas armas. Com um bom RPG, YLD traz uma simples e compacta árvore de habilidades, composta pelos golpes dos personagens, armas e itens que melhoram os números relativos ao ataque, defesa, velocidade, entre outros.

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Os quatro personagens possuem sua forma base, que é aumentada de nível com pontos de experiência, mas também existem os "jobs", que são os aprimoramentos que cada um pode receber. Esses aprimoramentos possuem uma barra de nível própria, que é enchida conforme os combates são vencidos. Esses jobs, aliás, também fazem com que os lutadores ganhem golpes exclusivos e possam usar determinadas armas. Por exemplo: Nanba, como músico, pode usar um violão como arma.

Os golpes também possuem diferenças. Existem os tradicionais, que não utilizam "poderes", e existem os especiais, que consomem uma barra de energia. Dentre esses especiais, podemos usar os que, de fato, infligem dano ao adversário, e aqueles que podem ajudar o time ou prejudicar o adversário estrategicamente, como ataques que diminuem a precisão, nível do ataque e por aí vai, bem parecido com que é visto em games como Pokémon.

Para se defender, é mais simples — mas não fácil. Além da defesa imediata, que é feita apertando o botão B (Bola, no PlayStation 5), também existe a defesa de turno, em que seu personagem já se posiciona em um modo mais seguro e protegido, que, certamente, lhe tirará menos energia e dano.

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O combate fica ainda mais completo com os demais complementos, como reforços que podem ser solicitados, itens que podem ser utilizados para recuperar vida e até armas que podem ser lançadas, como granadas. Em determinados momentos dá até para se aproveitar do trânsito caótico de Yokohama para atropelar alguns bandidos.

Minigames e missões paralelas

Além do tom mais leve dos personagens, algo que torna a experiência em Yakuza: Like a Dragon bem divertida são as atividades feitas fora das missões principais. Além das tradicionais missões secundárias, também existem os minigames, que estão espalhados por todo o mapa de Yokohama.

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Além de opções que te ajudam a coletar dinheiro e sucata para a fabricação de armas e outros itens, há estabelecimentos que simplesmente deixam você torrar sua grana jogando em máquinas de jackpot ou fliperamas. Neste caso, há máquinas de Virtual Fighter 2 e outros clássicos da SEGA para os arcades.

Esses artifícios, porém, te ajudam não apenas a relaxar durante a pesada jogatina de YLD, mas também são uma ótima fonte de pontos de experiência para aumentar seu nível. Por mais que o level design do game seja bem feito, nunca é demais ter mais força em batalhas complicadas, sobretudo aquelas em que estamos perto dos mafiosos mais poderosos e seus capangas.

Reprograme sua televisão

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Um dos pontos negativos de Yakuza: Like a Dragon é sua progressão. Tudo demora demais devido aos imensos diálogos. Como citamos acima, não fosse a vantagem de se estar jogando em um Xbox Series S, certamente a experiência teria sido bem mais cansativa. Existem relatos na internet e em outros veículos de comunicação em que o timer da TV desligava o aparelho com tanto período de inatividade. Obviamente, por razões profissionais, não pulamos as conversas, mas dá para acelerar um pouquinho sem perder a noção do que está acontecendo em dados momentos.

Tecnicamente satisfatório

Como citamos em alguns momentos desta análise, tivemos a chance de jogar Yakuza: Like a Dragon em um Xbox Series S. E, como já abordamos em nossa análise dos novos consoles da Microsoft, o pequeno notável da empresa dá conta do recado e, se as empresas souberem como usá-lo, será o maior sucesso da nova geração.

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Entretanto, YLD roda de maneira satisfatória no console. Existem dois modos: o normal e alta resolução. No normal, o game fica em 900p, mas com 60 FPS cravados, com uma experiência mais fluida e natural. No entanto, quando usamos a alta resolução, o jogo fica mais bonito e atinge 1440p, porém com 30 FPS e alguns saltos.

Os gráficos, em si, são bem feitos e, por mais que não haja o uso de Ray Tracing, existem situações em que os reflexos e iluminações são bem realistas, muito embora os jogos da série Yakuza nunca tenham sido notados por sua beleza visual. As expressões faciais dos personagens e a sincronia com a dublagem também são dignos de nota.

Os efeitos sonoros são muito bons, principalmente quando paramos de nos movimentar e para ouvir os ruídos da cidade, que são extremamente verossímeis. Por outro lado, não há localização do jogo para português do Brasil, nem em dublagem e tampouco na legenda. Tudo é em inglês ou japonês.

Veredicto

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Yakuza: Like a Dragon trouxe o frescor necessário para a franquia e cumpre o que promete. É um game com história rica e densa, mas que é desenvolvida com a leveza característica da série. O novo protagonista, Ichiban Kasuga, certamente será tão amado quanto seu antecessor, bem como os demais personagens, que esbanjam carisma. Apesar disso, o jogo sofre com diálogos maçantes e cansativos, que tiram um pouco do dinamismo.

Em Yakuza: Like a Dragon, Kasuga sempre faz questão de lembrar de sua fidelidade à Família e deu desejo de ser um heroi. Por mais antagônico que isso possa soar dentro do jogo, o mérito, talvez, esteja na atração que ele nos proporciona a cada minuto da campanha.

Sendo assim, separe um tempo e desfrute desse ótimo RPG.

Yakuza: Like a Dragon está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X e S e PC. A versão de PlayStation 5 chegará em março de 2021. No Canaltech, o jogo foi analisado no Xbox Series S com uma cópia gentilmente cedida pela Sega.