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Review Persona 3 Reload | Melhorando o que já era muito bom

Por| 30 de Janeiro de 2024 às 10h00

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Atlus
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Devo admitir que eu não esperava muita coisa de Persona 3 Reload. Não por achar que a nova versão do RPG da Atlus seria ruim — na verdade, era um dos títulos que mais queria em 2024 —, mas por parecer mais uma nova atualização do jogo que todo mundo conhece do que algo realmente inédito. Sendo a quarta versão do game em 15 anos, era difícil esperar algo que fosse realmente empolgante. Por sorte, eu não poderia estar mais enganado.

De fato, Reload é uma grande modernização do clássico jogo de PlayStation 2 e de suas expansões, principalmente na parte visual. A influência de Persona 5 é bastante óbvia, seja ao trazer um traço de anime mais evidente ao invés das figuras deformadas de antes ou na própria estética adotada no game como um todo. A Atlus apostou pesado na divulgação dessas melhorias artísticas e, por isso mesmo, parecia que o retorno de Persona 3 seria muito mais focado nessa repaginação visual do que algo mais profundo.

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Mas basta mergulhar um pouco nesta aventura sobrenatural para perceber como, na verdade, a atualização que Persona 3 Reload oferece é muito mais profunda. Ainda que seja o mesmo jogo que os fãs já conhecem, ele traz várias novidades na jogabilidade, renova algumas mecânicas e se aproveita de ideias que deram muito certo em Persona 5 para melhorar aquilo que já era muito bom.

Embora não seja exatamente um remake como estamos habituados a ver, ele é certamente a edição definitiva de um dos melhores RPGs das últimas décadas.

Mexendo apenas no necessário

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A chegada de Persona 3 Reload acontece pouco tempo depois do relançamento de Persona 3 Portable para os consoles modernos e essa proximidade é fundamental tanto para visualizar todas as melhorias que a nova versão traz como também para entender o conceito por trás do título.

Essencialmente, ele ainda é o mesmo Persona 3 de sempre. Não espere grandes mudanças na história e nem uma melhoria no ritmo da narrativa, que segue bastante lento, principalmente em seu início — são quase 3 horas até que você controle de fato seu personagem. Ele continua sendo aquela mistura de dungeon crawler com simulador de estudante satanista japonês bastante peculiar e com muitas waifus pelo caminho.

É por essa razão que não dá para chamar Reload de um remake. Ele não muda nada de forma muito drástica, de modo que seria forçar a barra chamá-lo de jogo novo. Só que, ao mesmo tempo, ele moderniza e melhora tantos elementos que é até injusto compará-lo com suas versões anteriores. Mais do que o ganho visual, o novo Persona 3 é muito mais refinado em tudo o que propõe, seja na exploração do Tártaro ou no gerenciamento de suas atividades rotineiras e no cuidado com suas relações pessoais. 

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É por isso que o nome Reload faz todo o sentido. Ele é muito mais do que uma remasterização qualquer, mas também sabe que não precisa refazer um jogo que envelheceu muito pouco desde seu lançamento original, em 2008. Ainda que a tradução literal não faça jus a esse peso que o título carrega, a gente pode entender o nome Reload com essa ideia de evolução que é perfeita para o que o novo P3 tem a oferecer.

Aliás, há um ponto mais do que fundamental nisso tudo: Persona 3 Reload está inteiramente em português. A Atlus e a SEGA finalmente trouxeram a franquia para o nosso idioma, permitindo que mais gente conheça e aproveite o título. É algo que faz muita diferença, já que a quantidade de diálogos era algo que sempre afastava os não falantes do inglês— e até quem domina a língua estrangeira. 

Ainda que tenha alguns deslizes aqui e ali, como chamar bastão de morcego (ambos são “bat” em inglês), é uma conquista enorme e que há muito tempo vinha sendo pedida pela comunidade e que ajuda demais na acessibilidade. Não há mais desculpa para não jogar um Personinha.

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Um anime jogável

Embora tenha dito que Persona 3 Reload é bem mais do que as melhorias visuais que ele oferece, essa é a novidade que mais salta aos olhos e que dialoga com as demais novidades. Até porque ele está lindo com a nova roupagem.

Mais do que ser uma aproximação óbvia com Persona 5, os novos traços transformam o game em um anime jogável e a estética emprestada do capítulo mais recente da saga ajuda a dar mais personalidade a Persona 3. Tudo é muito vibrante e moderno, mostrando o quanto o título está preocupado em se modernizar, mas sem abrir mão de sua essência como um RPG por turno com muita coisa para administrar. 

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Isso fica muito evidente quando a gente compara com Persona 3 Portable, que ainda está muito recente na memória (e nos consoles) dos jogadores. O simples fato de controlar os personagens pelo cenário ao invés de um marcador torna as coisas muito mais dinâmicas e interessantes, da mesma forma que o redesign dos modelos deixa o jogo todo muito mais atraente, além de trazer uma seriedade que combina muito melhor com o tom da trama.

Adicione a isso novas animações de ataques e de finalização de combate, assim como todo o trabalho de redublagem e recriação da trilha sonora, e o resultado é um jogo que se aproxima demais daquilo que a gente tanto curte em animes. 

Na prática, são mudanças pontuais, mas que fazem toda a diferença e que tornam Reload um título muito mais agradável e consistente naquilo que propõe. Ainda que seja o mesmo jogo em sua essência, tudo em torno desse core foi atualizado e mudado para melhor.

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Um jogabilidade mais refinada

Só que o verdadeiro trunfo de Persona 3 Reload são as mudanças que ele traz nas mecânicas. Mais uma vez, não são grandes reformulações e reinvenções, mas pequenas alterações que refinam a jogabilidade clássica, mas que impactam significativamente naquilo que as versões anteriores já traziam.

E, mais uma vez, a influência de Persona 5 é bem evidente. A Atlus trouxe alguns elementos do game de 2016 que dão um ganho incrível na dinâmica dos combates e até na qualidade de vida dos jogadores. A possibilidade de trocar de personagem durante o turno extra de um combo, como acontecia com o Baton Pass em P5, melhora demais o ritmo dos confrontos e torna ainda mais essencial o uso dos Ataques Totais para a vitória, por exemplo.

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Outro recurso que os Phantom Thieves emprestaram para os heróis da S.E.E.S são os ataques especiais. A Teurgia funciona de forma muito parecida com o Showtime de Persona 5, com a diferença de que deixa de ser uma combinação de habilidades para ser um tipo de golpe único de cada personagem.

Imagine que cada membro do seu time conta com uma barra especial que é carregada à medida que você executa certas ações. Ao completá-la, é possível executar um golpe poderoso que pode ignorar defesas, melhorar os atributos de seus companheiros ou afetar as fraquezas de seu adversário. 

É a adição mais significativa, pois é o que mais mexe na dinâmica geral dos combates de Persona 3 Reload. Como cada personagem tem suas próprias regras para utilizar a Teurgia, isso acaba afetando sua estratégia em combate, incentivando o jogador a não partir sempre para a ofensiva, mas explorando essas condicionantes para poder usar mais e mais esses golpes especiais que podem virar o rumo de uma luta em pouco tempo.

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Há ainda outras alterações menores que impactam diretamente na qualidade de vida da jogabilidade. O simples fato de os seus personagens não ficarem cansados por dias depois de explorar o Tártaro já é uma conquista e tanto, pois dá mais liberdade e não pune mais o jogador que decidir avançar pela torre macabra. Da mesma forma, a possibilidade de pesquisar por Personas na hora de fusão é outra adição muito bem-vinda e que acaba com a necessidade de testar todas as combinações possíveis a cada visita à Sala de Veludo.

Outra novidade é a possibilidade de retroceder no tempo. Sabe quando você se arrepende de uma determinada escolha de diálogo ou mesmo da atividade que você escolheu para passar o dia? Pois Persona 3 Reload conta com uma opção que permite que você volte alguns dias no passado e refaça sua rotina. É algo simples e que muita gente nem deve usar, mas que ajuda demais quem salvava o game a todo instante para evitar esses arrependimentos.

Além disso, o jogo ganhou uma nova funcionalidade online que também vai ajudar a administrar melhor sua rotina de estudante japonês. É possível ver como outros jogadores estão passando aquele dia, indicando quais Vínculos Sociais estão sendo mais populares naquela data ou mesmo o nível médio e o andar do Tártaro que as pessoas estão. Para quem ficava ansioso com a quantidade de coisas para administrar, esse recurso é um ótimo norte para indicar o que você deve fazer.

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Persona 3 Reload vale a pena? 

Propositalmente ou não, o timing de lançamento de Persona 3 Reload é perfeito para entender não apenas o título escolhido pela Atlus, mas o próprio conceito que o estúdio japonês quis trazer para o game. O jogo chega para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC entre The Last of Us II Remastered e Final Fantasy 7 Rebirth e ele é conceitualmente diferente de ambos.

O RPG é muito mais do que uma remasterização das versões anteriores, trazendo muito mais conteúdo e melhorias do que essa repaginação visual — que é muito bem-vinda, diga-se de passagem. Ao mesmo tempo, ele não se preocupa em ser uma transformação completa do jogo, como no título da rival Square Enix. Ele segue sendo o mesmo Persona 3 que os fãs já conhecem, com seus erros e acertos de sempre, mas com algumas melhorias bastante significativas.

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Por isso mesmo, ele não é uma remasterização e tampouco um remake. É algo no meio do caminho entre esses dois extremos e que se encaixa perfeitamente bem naquilo que o jogo precisava. Moderniza elementos que estavam datados, mas se mantém fiel em sua essência geral. Como dito, é uma grande atualização na falta de uma tradução melhor para Reload. Aliás, um nome muito mais estiloso e que combina com a franquia muito mais do que um simples “Definitive Edition”. 

Mas não há como não dizer que Persona 3 Reload é mesmo a versão definitiva deste RPG que sempre foi tão aclamado. A nova versão pega algo que já era muito bom e apenas apara as arestas que surgiram com o tempo, modernizando aquilo que era necessário apenas para mostrar como a essência do game segue atual e redondinha até hoje. 

Ao mesmo tempo, ele não tem vergonha de se apoiar no sucesso de Persona 5, seja ao pegar mecânicas do capítulo recente ou mesmo de aproveitar o sucesso que o game fez para ampliar sua base de fãs. A localização em português é a prova perfeita disso, pois vai permitir que mais gente se aproxime dessa franquia tão incrível.

Assim, para novatos ou veteranos, Persona 3 Reload é a experiência definitiva e perfeita para quem quer conhecer, mergulhar e se apaixonar por uma das melhores séries de RPG da atualidade. É um caminho sem volta.