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Análise | Doom Eternal é o jogo perfeito para quem cansou de “games cabeça”

Por| 17 de Março de 2020 às 11h00

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Bethesda
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Doom nunca foi um jogo lá muito “intelectualmente desenvolvido”. Não que seus jogadores sejam burros, longe disso: o volume de vídeos no YouTube com desafios autoimpostos e speedruns do game original estão aí, cada vez mais inventivos, para provar que há inteligência até nas coisas mais simples da vida.

O que quero dizer é que Doom — toda a franquia — traz uma qualidade relativamente rara de se ver nos dias de hoje: você só quer encarnar um supersoldado e descer o tiro em demônios até que eles virem do avesso. É claro que há um enredo permeando toda a série, mas ninguém vai te julgar se você optar por ignorá-lo.

Doom Eternal, a mais nova entrada na franquia criada por John Romero, com produção encabeçada pela Bethesda Softworks e desenvolvido pela id Software, não apenas mantém esse aspecto mais “cru” de um jogo, como expande todos os seus pilares de tal forma que — aposto eu — você não terá outra opção se não gostar dele.

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Atenção! Daqui em diante o review pode conter alguns spoilers que podem estragar a experiência com o jogo. Siga por sua conta e risco.

Doom Eternal inicia seu curso dois anos após os eventos vistos em seu predecessor, lançado em 2016. O seu personagem, o Doom Slayer, retorna de Marte para encontrar a Terra quase que inteiramente dominada por forças demoníacas. Agora, sua missão é salvar o planeta por meio de um arsenal de batalha cujo adjetivo mais apto que conseguimos pensar é “avassalador”.

É um enunciado simplista e, claro, tem muito, mas muito mais detalhamento conforme você vai progredindo no jogo, mas, de novo, spoilers e tal.

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Tão simples quanto o enredo é a forma como Doom Eternal insere você em seu contexto e suas mecânicas: esqueça tutoriais longos, que pegam o jogador pela mão, guiando seus passos. Aqui, a coisa é mais bruta: pequenos pop-ups no seu HUD mostram o que você precisa, e você que lute para executar tudo: “aperte X para fazer ação Y, agora se vira”.

E você vai precisar “se virar”, já que Doom Eternal é um dos títulos mais imperdoáveis no que tange à dificuldade — especialmente para quem é não iniciado ou joga títulos de tiro em primeira pessoa de forma casual. Não me refiro ao nível “Dark Souls”, mas sim a uma curva de aprendizado que se acentua contra o jogador logo na primeira tela — sim, “tela”. Não “fase”, não “trecho”. Tela! Você abriu a primeira porta e pronto: a escalada ocorre sem aviso e ai de você se não pegar a manha da coisa na prática. Para se ter uma ideia, o jogo vai da dificuldade “I’m too young too die” (“Sou jovem demais para morrer”, na tradução) até a “Ultra Nightmare” (“Ultrapesadelo”, em uma tradução totalmente desnecessária) e mesmo o modo mais fácil vai jogar você contra a parede.

E acredite: isso não é uma crítica, mas um efusivo elogio ao DNA impresso na franquia, claramente um produto da mentalidade de John Romero, mesmo sem ele se envolver diretamente com os novos jogos da franquia. Doom Eternal se sustenta no pilar de uma ideia — “vá jogando, vá descobrindo”. Essa abordagem mais “livre” acaba funcionando de várias formas, ainda que limite um pouco a criatividade do jogador: independente de como você ataca, o processo é sempre o mesmo, ou seja, vá atravessando um nível bem grande (média de 40 minutos a uma hora por fase), com caminhos livres interrompidos por seções bem óbvias e nada surpreendentes de combate.

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Não que você fique “sem supresas”: você sabe exatamente quais partes do mapa trarão combates que só lhe permitirão seguir em frente depois de matar tudo ao seu redor (e como se não bastasse, o mapa ainda traz um ícone que indica isso). Mas é difícil percorrer essas partes “no chute”, uma vez que não há como determinar quais inimigos aparecerão em seu caminho. A adaptabilidade é uma ferramenta bastante necessária.

E é aqui que Doom Eternal traz um de seus diversos momentos de brilho: a exemplo do jogo anterior, todas as armas (exceto duas, que são coletadas na segunda metade da campanha principal) contam com modificações que trazem novas formas de ataque, conferindo uma maior variedade em uma jogabilidade simplista. Uma escopeta com modo totalmente automático ou com lança-granadas? Sim, você vai usar ambas as versões, já que cada modificação responde melhor a um tipo de inimigo.

Não só isso, mas o jogo preza pelo movimento contínuo. Esqueça Call of Duty com seus momentos de calmaria ou estratégias clichês, como eliminar os inimigos mais óbvios com um rifle de longo alcance antes de entrar no “grosso” da luta. Aqui a prioridade é sujar as mãos, então ou você entra de cabeça no meio dos demônios e vísceras, ou eles vão atrás de você, atirando e investindo contra o jogador 100% do tempo, incansavelmente perseguindo-lhe por um cenário parcialmente fechado. Literalmente, sua única opção é matar. Matar tudo.

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No que diz respeito ao visual, é tudo horrorosamente belo: evidentemente, estamos falando de demônios infernais assassinados pelo Doom Slayer das formas mais grotescas possíveis, então espere por sangue, carne e órgãos internos sendo expostos de todas as formas, atravessados por uma espada montada em seu braço, partidos ao meio com uma motosserra ou abertos à mão/pisoteados tal qual um coco verde. Mas o esmero nos detalhes, na reprodução física do sangue voando corpos afora, a pele se descolando para revelar partes de dentro do corpo — é claro que não se espera um nível verossímil de realismo (são demônios, afinal: como tornar realista aquilo que não se conhece?), mas dentro do que a imaginação humana consegue conceber um braço sendo arrancado apenas para que a mão seja usada como lança para atravessar as vistas de um monstro cabeçudo, Doom Eternal faz isso com toda a maestria tecnológica possível dentro de um jogo que roda a 60 quadros por segundo (nos consoles de mesa e no PC, menos no Google Stadia).

A apresentação visual também traz seu sucesso, ainda que com ressalvas: a maior parte do jogo é ambientada na Terra, mas apenas alguns detalhes entregam isso, como prédios tombados e pedaços de ferro que algum dia foram carros. O restante é uma paisagem infernal, com torres feitas com caveiras humanas, carne putrefata fechando vias inteiras, além de lagos e poços radiativos que drenam sua vida no primeiro mergulho. À distância, rios de magma e expulsão de enxofre — tudo muito característico e em uníssono à ideia que a humanidade tem sobre o inferno.

Aliás, a parte aquática de Doom Eternal é o que deixa a desejar: além de não ser visualmente impressionante tal qual outras partes do jogo (o que a faz destoar desnecessariamente), a mecânica nessas áreas é tardia e enfadonha. Isso porque não se faz muita coisa a não ser “mergulhe do ponto A para o ponto B, quebre essa parede e reduza o nível da água” até chegar ao seu objetivo. De repente, um investimento maior nessa parte, talvez criando mecanismos que permitam usufruir mais dessa parte (e tirando o irritante e desnecessário elemento da “radiação aquática”) a fizessem mais justiça.

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Social, ainda que sozinho

Um dos aspectos mais interessantes de Doom Eternal (e que, infelizmente, não conseguimos testar) é a forma como ele fará você interagir — direta ou indiretamente — com outros jogadores. Primeiro porque, segundo as informações da Bethesda, não há no jogo o modo convencional de “partida multijogador”. Nomes como Deathmatch ou Capture the Flag são, aos olhos da produtora, tendências que não trazem aplicabilidade à mecânica da franquia.

Ao invés disso, teremos um único modo “dois contra um”, onde um jogador encarna o Doom Slayer, e os outros dois, demônios. Isso porque as mecânicas de ataque do Slayer são mais evoluídas que as de seus inimigos, então a ideia é imprimir no multiplayer o mesmo DNA da campanha principal. De um lado, a vantagem tática do Doom Slayer. Do outro, a vantagem numérica dos inimigos demoníacos. De igual para ambos: o elemento humano, da presença do jogador. Até o fechamento desta análise, porém, essa parte competitiva ainda não estava aberta.

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É no aspecto social da coisa que Doom Eternal mostra um recurso batido, mas bem criativo: quando você está online (por meio de uma conta oficial da Bethesda), pode se deparar com alguns demônios mais poderosos que suas versões normais. Pelo que rege a narrativa, esses são monstros que mataram outros jogadores em suas respectivas campanhas, aproveitando partes do enredo que mostram que a regência demoníaca é uma de força bruta e hierarquia pela fama (que demônio não de tornaria famoso ao assassinar um Doom Slayer?), ao mesmo tempo em que adiciona um complemento à dificuldade já considerável do jogo, já que esses inimigos são mais difíceis de matar, além de trazerem maiores recompensas.

Mais do mesmo (ainda bem)

Ainda que recheado de inovações, Doom Eternal é essencialmente muito parecido com o Doom de 2016. O gameplay depende muito da customização de armas e o enredo é consideravelmente grande, porém facilmente ignorável (recomendamos não fazer isso, porém: sob todas as tripas e sanguinolência, a história merece sim um lugar de destaque aqui). As chamadas Glory Kills, ou seja, as finalizações contra inimigos já atordoados pelo combate, estão presentes e são mais numerosas, adicionando variedade em alto impacto visual.

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Resumidamente, Doom Eternal traz praticamente o dobro de tamanho de seu predecessor, com fases enormes e muitos, mas muitos itens colecionáveis e segredos para cada um, além de um hub que você vai evoluindo com tais colecionáveis, habilitando mais e mais segredos. O “fator replay” é consideravelmente alto para um jogo de mentalidade tão singular.

De forma geral, Doom Eternal tem tudo para ser um dos melhores jogos de 2020, justamente por ser mais simples onde muitos outros tentam ser “aprofundados”. Você não quer um primor narrativo aqui. Sua vontade é só virar umas cabeças e talvez salvar a Terra no meio do caminho.

E isso é ótimo.

Doom Eternal tem lançamento marcado para o dia 20 de março de 2020 para PlayStation 4, Xbox One, PC e Google Stadia. Uma versão para o Nintendo Switch já foi confirmada, mas ainda não recebeu data. No Canaltech, o jogo foi testado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Bethesda.

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