Review Cronos: The New Dawn | Terror de primeira que precisa de otimização
Por Raphael Giannotti • Editado por Jones Oliveira |

Sentir aquele frio na espinha por não saber o que o aguarda ao virar a esquina é um sentimento muito comum nos jogos de terror. Às vezes, você vai pular da cadeira por causa de um momento "jump scare", ou a atmosfera é tão opressiva que você fica com medo de ir até aquele canto para verificar o que está acontecendo, ou mesmo progredir.
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Cronos: The New Dawn proporciona tudo isso. O novo game do Bloober Team enfatiza a força que o estúdio vem construindo em jogos survival horror. Depois do sucesso com o remake de Silent Hill 2, será que a desenvolvedora conseguiu se estabelecer como uma nova referência no gênero. Vamos conferir o que o game tem para entregar.
Prós
- Atmosfera opressiva
- Efeitos sonoros que aumentam o terror
- Belíssimos gráficos
- Elementos de survival horror bem executados
- História misteriosa e instigante
Contras
- Falta otimização na versão de PC
- Baixa variedade de inimigos
- Atuação exagerada e fraca dos atores
Universo bastante misterioso
Eu sou acostumado a narrativas que não vão direto ao ponto, já que sou um entusiasta de soulslike, gênero que não entrega a história de mão beijada. Cronos: The New Dawn não é assim, mas segue um caminho similar. Você demora um tempo até entender o que está acontecendo, quem você está controlando e as bizarrices que acontecem pelo caminho da jornada.
O game se passa em uma Polônia da década de 1980, com uma pegada de retro-futurismo, já que existem maquinários que claramente não pertencem ao passado. Ele envolve viagem no tempo, com intervenções da protagonista para tentar mudar alguns acontecimentos, e existe uma doença que se espalha entre os habitantes do local e muito mistério acerca da personagem.
Grande parte da história é contada através dos locais pelos quais você passa, algumas poucas cutscenes, e muitos, mas muitos documentos. Juntar todas as peças não é simples e é fácil deixar passar uma coisa ou outra. É um enredo que instiga o jogador, embora eu ache que faltou aprofundamento em um ponto central (que não detalharei para não entrar em spoilers), mas, em geral, é uma história que prende, uma narrativa misteriosa com uma boa cadência de evolução.
Terror está presente
Eu sou muito fã de jogos de terror e já experimentei diferentes atmosferas, momentos tensos e inimigos mortais. Cronos: The New Dawn entrega tudo isso e mais. O game tem uma atmosfera realmente opressora, que intimida e que o faz paralisar em alguns momentos. Tudo é muito escuro, principalmente com o HDR bem configurado, deixando claro só o local onde a lanterna aponta.
A ambientação, aliado a essa atmosfera, é o ponto mais alto no quesito terror. Os inimigos até dão um medinho, mas você logo se acostuma com eles, já que a variedade de monstros é bem baixa, o que é uma pena, já que estamos falando de um game que chega fácil em 15 horas e passa disso dependendo da sua habilidade e se quer ir atrás dos segredos.
O novo jogo do Bloober Team até tem uma variedade interessante de cenários, mas na maior parte do game, ele se restringe a locais bem fechados, onde a escuridão pega de verdade, embora tenha também locais abertos com mais iluminação. O mundo do jogo sofre com algumas anomalias e elas afetam o ambiente, dando uma cara bastante misterioso que me remete a Control.
Fica aqui um grande elogio à parte sonora. Se visualmente o jogo já dá medo, com um bom fone de ouvido, o terror vai além por causa do áudio. Existem gemidos, sons de coisas caindo, barulho de vento, porta batendo, monstros gritando de longe e um som ambiente bem sutil. Tudo isso eleva bastante a experiência. Efeitos sonoros nota 10!
Gameplay pesado e desafiador
Esse, para mim, é o ponto mais crucial de um jogo. Afinal, se não for agradável jogar, se a sensação que você tem nos controles (no meu caso teclado e mouse) não for boa, estraga toda a jogatina. Cronos: The New Dawn tem um gameplay refinado e o que pode ser uma ressalva para muitos, para mim foi intencional por parte dos desenvolvedores.
A personagem usa uma armadura e dá para sentir seu peso ao controlá-la. Afinal, estamos falando de quilos de ferro sobre seu corpo. Por isso, ela é lenta, bem lenta, mesmo correndo. Ela não consegue executar nenhuma manobra de evasão, por isso, se avistar um inimigo, destrua-o antes que chegue perto ou corra. Existe um ponto que me aborreceu bastante e que não é difícil de corrigir: se você está correndo e é atingido, a reação dela é bastante lenta e não é possível correr novamente por um curto período de tempo e isso pode faze-lo sucumbir.
Além das armas de fogo e alguns gadgets, como lança-chamas e minas de aproximação, a protagonista consegue socar e pisar o chão, movimentos para quebrar caixas que garantem itens, assim como em Dead Space, game que parece ter sido inspiração para a nova criação do Bloober Team por conta de algumas similaridades. É possível usar esses ataques contra inimigos, mas só são efetivos nos mais fracos, ou se o monstro já sofreu antes com os tiros.
Existem anomalias espalhadas pelo mundo do jogo e é possível interagir com elas para abrir caminhos ou criar caminhos para você progredir. Às vezes, elas servem como uma forma de criar objetos pelos cenários, como galões de gasolina, para explodir na cara das criaturas. Em algumas vezes, existe um desafio adicional em como ativá-las, mas não considero um quebra-cabeça de verdade.
Escolha bem suas lutas
Cronos: The New Dawn tem uma exigência pesada em gerenciamento de recursos. Não ache que você conseguirá atirar em todos os inimigos, terá que planejar muito bem seu ataque. Os inimigos normais levam três disparos carregados da pistola para morrer e de cinco a seis tiros normais. O problema é que não existe tanta munição assim pelo cenário.
A princípio, achei isso desiquilibrado, foi motivo de frustração, mesmo sendo bem certeiro nos meus tiros, usando os explosivos pelos cenários, mas então percebi que não preciso entrar em todas as lutas. O jogo deixa fugir de alguns embates, mas é bom ficar esperto que os inimigos vão longe na perseguição, até abrindo portas.
Em um momento específico, quando me vi sem munição e vida, com dois monstros na minha cola, fui salvo por causa de uma cutscene. Imagina o meu alívio! Porém se você quiser bater de frente com tudo o que aparece pela frente, saiba que não terá bala na agulha para todos, sinto lhe informar. É possível comprar recursos na loja, achá-los pelos cenários ou criá-los através da coleta de materiais necessários, mesmo assim, não tem bala para todos. Com um gameplay otimizado, dá para seguir bem e guardar bastante recursos na verdade.
Fique esperto com uma coisa: os inimigos se fundem e ficam muito mais fortes. Pelo que pude perceber, eles conseguem se fundir até duas vezes e um inimigo no nível três é terrivelmente poderoso. Para evitar essa fusão na hora que acontece, é preciso soltar fogo com seu lança-chamas ou explodir algo próximo deles.
Cronos é lindo, mas muito pesado
E aqui entramos num assunto delicado. Eu torço o nariz para a Unreal Engine 5 e não tem o que me convença do seu uso pelos desenvolvedores. Se ela é ruim, ou os desenvolvedores não sabem lidar com ela, isso não vem ao caso, mas os jogos feitos em UE5 só têm dado dores de cabeça, principalmente aos PC gamers.
Cronos: The New Dawn é muito bonito, existe um capricho por parte do Bloober Team nesse aspecto e o motor gráfico da Epic Games proporciona isso também, mas falta otimização. O jogo é extremamente pesado! Uma GeForce RTX 5070 não consegue rodar o game em 1440p, no preset alto acima de 30 FPS. Eu escolhi rodar o game em 4K, com DLSS em desempenho e média próximo de 70 FPS.
Além disso, existem os tradicionais stutters, ou engasgos, da UE5. Isso acontece bastante ao atravessar um bloco invisível de cenário. Nesses momentos, o desempenho despenca e logo volta ao "normal". É uma pena, já que dessa forma, a acessibilidade ao jogo diminui consideravelmente, porque de acordo com a pesquisa de hardware do Steam, grande parte dos jogadores tem hardware consideravelmente mais fraco do que é preciso para rodar bem o game.
Mas voltando a falar do quesito gráfico. Os monstros são muito bem feitos, embora a variedade seja baixa, os cenários são bem construídos, os efeitos pelos cenários também, tudo deixa o jogo muito bonito. Só achei a captura facial de alguns personagens um tanto estranho e a atuação dos atores também, não me convenceram. Como o jogo se passa na Polônia, escolher poloneses que falassem em inglês com seu sotaque seria mais convincente para mim, e não o padrão americano que não tem nada a ver com a trama.
Vale a pena jogar Cronos: The New Dawn?
Sim! É um ótimo jogo de terror, com uma atmosfera incrível, efeitos sonoros que elevam muito o fator terror, survival horror que realmente desafia o jogador, embora passe a sensação de ser desbalanceado em alguns momentos, como abordei acima.
No PC, que é a plataforma que joguei, existe a ressalva da questão de otimização. Por conta disso, recomendo esperar por patches de correção. Mas se você tem uma máquina potente e é realmente fã do gênero, vai fundo!
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