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Review Assassin’s Creed Mirage | Jogo aposta no básico para voltar à velha forma

Por| 04 de Outubro de 2023 às 10h45

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Divulgação/Ubisoft
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Não há palavra melhor para definir Assassin’s Creed Mirage do que retorno. O game que celebra os 15 anos da franquia é uma grande volta às origens, seja em termos de jogabilidade quanto na própria narrativa. A Ubisoft bateu muito nessa tecla desde o anúncio, mas é jogando que se torna mais evidente o quanto o novo capítulo é esse misto de reverência aos primeiros jogos com um resgate mais do que necessário de sua essência.

E isso parte de uma premissa bastante simples: menos é mais. Depois de uma sequência de títulos cada vez maiores e mais inchados, o estúdio optou por tirar os excessos e se concentrar apenas nos pilares da série, naquilo que fez a saga dos assassinos se tornar uma de suas principais marcas até hoje. Assim, temos um jogo que não só é sensivelmente menor, mas muito mais objetivo e preciso naquilo que quer.

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É um retorno mais do que bem-vindo a uma simplicidade que se perdeu ao longo dos anos e que, nos últimos jogos, deu lugar a uma megalomania que começou a descaracterizar a série. Por isso mesmo, ainda que não revolucione e nem reinvente nada, Mirage faz um ótimo trabalho de resgate da essência do que é Assassin’s Creed, recriando uma experiência genuína do que é a saga — incluindo seus vícios e virtudes.

Atento ao básico

Pode até soar estranho, mas o principal mérito de Assassin’s Creed Mirage é justamente o fato de ele ser um jogo bem menor do que seus antecessores recentes. Não apenas em duração — ele pode ser concluído facilmente em cerca de 20 horas —, mas no escopo geral do gameplay.

Ainda que o cenário de Bagdá seja bem vasto, ele não se compara à vastidão da Grécia Antiga ou da Inglaterra que vimos nos últimos games. É um mapa bem mais compacto e que, por isso mesmo, se torna bem mais atraente para o jogador e permite que a jogabilidade retorne para aquilo que sempre foi fundamental dentro da franquia: o parkour, o stealth e o combate.

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Ao longo dos últimos meses, a Ubisoft repetiu diversas vezes como queria que o novo capítulo desse destaque a esses elementos que sempre foram fundamentais, mas que se diluíram em meio à tentativa de grandiosidade dos lançamentos passados. Assim, com uma experiência muito mais concisa e focada, fica mais fácil explorar e aproveitar essas características.

Por isso, a escolha de uma Bagdá do século 9 é mais do que acertada. Ao levar o jogo de volta a um ambiente essencialmente urbano, Mirage devolve à série a excelente combinação de um período histórico interessante com um ambiente rico que convida à exploração, se equiparando ao que vimos antes com Jerusalém, Florença e Roma.

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Esse mapa mais reduzido explora muito bem o tripé do gameplay que a Ubisoft quis resgatar. Ao se voltar para uma cidade densamente povoada e que é o coração do Oriente Médio no período, o game devolve a ideia de que os assassinos — ou Ocultos, como são chamados nessa época — atuam mais nas sombras, priorizando a furtividade nas missões. Para isso, a arquitetura local favorece essa exploração transversal, usando e abusando do parkour tanto para se aproximar de um alvo quanto na hora de fugir.

E é aqui que Mirage se torna um Assassin’s Creed de verdade, daqueles que há anos não víamos. Não há como não se empolgar e não se divertir com a ideia de agir nas sombras e de explorar todas as diferentes abordagens para tentar eliminar seu alvo da maneira mais discreta possível. Depois de anos, a Lâmina Oculta volta a ser algo importante, por mais óbvio que isso possa parecer.

Liberdade como ponto central

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Narrativamente, a liberdade é um tema central dentro da trama de Assassin’s Creed — e Mirage traduz isso muito bem na jogabilidade. Ainda que a ideia seja resgatar elementos como o stealth, a combinação desse elemento com o próprio parkour e o combate dá ao game espaço para que o jogador experimente diferentes tipos de abordagem e crie suas próprias soluções para cada tipo de missão.

Isso é algo muito importante, pois ajuda a minimizar um dos principais problemas do novo jogo, que é a falta de variedade nos objetivos. Repetindo um problema que já acompanhava a série já há alguns anos, vemos novamente uma falta de criatividade na hora de criar desafios que explorem as habilidades dos assassinos. A diferença é que Mirage sabe contornar muito bem essa questão para que ela se torne menos aparente.

Ainda que tudo sempre se resuma a matar alguém, roubar um objeto em uma área proibida ou seguir um alvo sem ser visto, tanto o fato do game ser menor quanto a própria liberdade ajudam a tirar a sensação de que você está repetindo a mesma tarefa várias e várias vezes.

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O design das missões é muito bem pensado para explorar o tripé stealth-parkour-combate, abrindo um leque bem vasto de caminhos possíveis. O próprio game sugere algumas abordagens, mas você também é incentivado a criar suas próprias soluções, o que torna as coisas mais interessantes e divertidas, minimizando a sensação de repetição. Por mais que você esteja invadindo um palácio pela décima vez, o jogo te convida a experimentar isso de outras formas.

Só é uma pena que, nessa trinca, o combate seja o pilar mais frágil de todos. Para valorizar a furtividade, o sistema de confronto direto contra inimigos foi simplificado ao máximo a ponto de se tornar cansativo. Praticamente todas as lutas são resolvidas no contra-ataque e, uma vez que você domina o tempo dos adversários, todo confronto se resolve em segundos. E a falta de variedade nos inimigos apenas realça essa pouca inspiração.

Tirando os excessos

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Como dito, o fato de ser um jogo mais enxuto é o grande mérito de Assassin’s Creed Mirage. É nítido o esforço da Ubisoft de retirar os excessos que a franquia adotou ao longo dos últimos anos e não apenas no mapa menor. A quantidade de colecionáveis foi reduzida sensivelmente, assim como a própria dinâmica dos equipamentos. A quantidade de armas e armaduras diminuiu e o foco agora está mais em aprimorá-las do que arranjar uma peça melhor.

Além disso, alguns elementos da mitologia da série também foram escanteados. Pela primeira vez na saga, não temos nada sobre o tempo presente, com exceção de uma breve narração logo no início do jogo. E não faz a menor falta, mostrando o quanto esse tipo de coisa estava sobrando nos games anteriores.

Por outro lado, essa ânsia em reduzir também afeta pontos importantes e AC: Mirage acaba cortando na própria carne em vários momentos. O principal deles está na própria variedade das missões e em como isso dialoga com o mundo à sua volta. Com pouquíssimas missões secundárias, o jogo perde a oportunidade de dar mais vida ao ambiente à sua volta, às pessoas e à riqueza dessa Bagdá tão exuberante.

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Um dos pontos mais interessantes dos títulos anteriores era justamente o fato de você sempre ter algo para ver no mapa, mesmo em áreas mais isoladas. As sidequests e eventos aleatórios ajudavam a dar vida a esse universo, algo que não acontece por aqui. Os tais Contos de Bagdá são bastante pontuais e quase escondidos, enquanto os Contratos são missões fechadas que dialogam pouco com o que o jogador está fazendo.

O resultado disso é que Mirage acaba sendo inteiramente centrado em sua campanha, o que acaba esvaziando parte do mapa que já não é tão grande assim. Toda a área do deserto — que é bem vasta — faz jus ao nome e é um grande vazio sem nada para fazer ou descobrir. É só areia e nada mais.

E tudo isso acaba, por fim, refletindo na história do protagonista Basim. O jogo é tão focado em seguir a trilha da Ordem dos Anciões e em desmantelar sua influência em Bagdá que acaba relegando a trama de seu herói para o segundo plano. Todo o mistério sobre seus pesadelos com um djinn é irrelevante na maior parte do tempo.

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O resultado é que temos um personagem que não brilha e cujos próprios dilemas e mistérios não engajam o jogador. Apesar de uma reviravolta bem interessante nas missões finais, todo o restante é bem apático e quase esquecível. E é uma pena que esse retorno às bases de Assassin’s Creed não tenha contemplado um herói à altura de Altaïr e Ezio.

Aliás, é curiosa a escolha de trazer o assassino que aparece em Valhalla e mostrar sua origem. Não apenas pelo fato de que ninguém estava curioso para saber o passado de Basim, mas porque o próprio roteiro não justifica essa escolha. Mais uma vez, o plot twist é bom, mas funcionaria da mesma forma com qualquer personagem que fosse colocado ali e a tentativa de conexão com o jogo dos vikings mais atrapalha do que ajuda.

Vale a pena jogar Assassin’s Creed Mirage?

Como dito, retorno é a palavra-chave de Assassin’s Creed Mirage. É quase um mantra que o game repete em todas as instâncias possíveis, principalmente na hora de reduzir seu escopo e ambições para devolver à série sua velha forma. E, por mais que tropece pelo caminho e ainda repita vários vícios que forçaram a mudança da fórmula, essa volta às origens mais do que funciona.

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Trata-se de um jogo mais simples, mas que honra muito bem o legado da saga e resgata aquilo que ajudou a franquia a se tornar o fenômeno que vimos ao longo dos últimos 15 anos. Sem se preocupar em revolucionar ou reinventar nada, ele entrega um básico que há tempos estava perdido e que os fãs queriam de volta. E faz isso de forma bastante competente, remetendo àquilo que a saga tem de melhor em termos de ambientação e jogabilidade.

Ainda que a trama não brilhe, ela serve tanto para explorar o tão comentado tripé que fundamenta o gameplay como para mostrar o quanto Assassin’s Creed ainda tem fôlego para contar novas histórias e abordar outros períodos e localidades. Mais do que isso, Mirage é a prova de que um jogo não precisa ser grandioso e megalomaníaco para ser bom. O básico ainda funciona.

Assassin's Creed Mirage chega para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC no dia 5 de outubro.