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Prévia | Demo de Anthem é o paraíso dos produtores, mas o pesadelo do marketing

Por| 06 de Fevereiro de 2019 às 13h50

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Prévia | Demo de Anthem é o paraíso dos produtores, mas o pesadelo do marketing
Prévia | Demo de Anthem é o paraíso dos produtores, mas o pesadelo do marketing

Anthem, novo jogo como serviço da BioWare, chega no final deste mês e contou com duas semanas de betas. Segundo Scylla Costa, brasileiro produtor do game, a proposta é estressar os servidores do título e receber feedback dos usuários. Pois bem, foi exatamente o aconteceu.

A primeira demo foi chamada de VIP, reservada apenas para quem fez a compra antecipada do título, bem como convidados e jornalistas. Os problemas de servidores foram tantos que até Chad Robertson, líder de live da BioWare, se pronunciou oficialmente: “Ontem foi duro. O primeiro dia da nossa demo VIP não ocorreu exatamente como planejamos e gostaríamos de compartilhar o que aconteceu”.

Ele apresentou três grandes problemas: a dificuldade de conexão, fazendo com que algumas pessoas simplesmente não conseguissem acessar o jogo; problemas com credencial, que impediram que pessoas com pré-venda confirmada também não entrassem; e, o mais geral, os loadings infinitos.

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Tudo isso foram problemas sérios, que podem ter estragado a experiência de muita gente, mas são também muito possíveis de serem resolvidos para as próximas semanas. Afinal, como Costa ressaltou, é para isso que uma demo em beta serve.

No final de semana seguinte, contudo, aconteceu a segunda demo, aberta ao público em geral de forma gratuita. Vale perceber, portanto, que é muito mais gente jogando e um ambiente muito menos controlado do que a versão VIP.

Foi a esta demo a que o Canaltech teve acesso e sobre a qual vamos falar nesta prévia.

Tem solução?

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Antes de começar esta prévia, aqui vale uma pontuação de contexto. Esta análise vai separar elementos positivos e negativos, sendo que estes últimos serão considerados levando em conta que se trata de uma demo em beta. Ou seja, não estamos falando do jogo final e nem vale a pena tratarmos esta experiência assim. Dito isso, serão apresentados pontos mais centrais e outros que podem ser facilmente modificados ou que os produtores já disseram que vai mudar.

Pontos técnicos

Vamos direto ao ponto: sim, a demo apresenta muitas falhas no que diz respeito a elementos técnicos. A começar pela quantidade de loadings que se mantém desde a versão VIP. O problema não é essencialmente um longo carregamento para se entrar no título, como acontece, por exemplo, com GTA V.

A questão é que, para cada etapa das missões, é possível que haja um loading novo, tirando completamente a imersão ou até mesmo o ritmo e adrenalina do que você está fazendo.

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A parte interessante disso é que, como apontou Costa, a BioWare queria ouvir o jogador. Por conta disso, o chefe de produção de Anthem, Ben Irving, tem postado no Twitter uma série de mudanças que vão chegar (ao menos ele promete) na versão final do game — ou seja, pode esperar aquele day one patch caprichado.

Um dos primeiro itens da lista é exatamente o tempo de loading, que, mais uma vez, ele promete que será menor.

O game também chegou com alguns problemas de desempenho, como queda de taxa de frames e texturas que demoram tanto para serem baixadas que, quando isso acontece, você já nem está mais naquele lugar. Embora o Canaltech tenha testado a demo no PlayStation 4 normal, em conversas com usuários de outras plataformas foi possível perceber que o problema é geral, até mesmo em PCs mais potentes, PS4 Pro e Xbox One X.

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Irving já prometeu que o título chega com 30 fps no lançamento. Segundo comparativo do Digital Foundry, em ambos aparelhos há momentos em que a taxa de frames cai para abaixo de 20 quadros por segundo nesta demo.

Novamente, vale perceber que, apesar de serem problemas que podem ser considerados sérios, nada disso é efetivamente impossível de se resolver antes do lançamento, sendo bastante aceitável que apareçam na demo de testes.

Jogabilidade

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O problema real começa a surgir neste momento. Existem algumas decisões mais centrais de Anthem que podem, aí sim, ser efetivamente um problema para a versão final. A demo também apresentou algumas mecânicas que estavam um pouco nebulosas nos vídeos apresentados até então.

Uma novidade foi perceber o quanto as Lanças (Javelins na versão em inglês) podem ser realmente customizáveis e apresentam variações na forma como se joga Anthem. Cada uma tem suas armas bastante específicas e que definem o estilo de jogo. Vale lembrar: o Patrulheiro, voltado à precisão; o Colosso, com características de tanque; o Interceptor, mais voltado à velocidade; e a Tempestade, com golpes elementais.

Junte isso à possibilidade de fazer pequenas mudanças de personalização, não só estéticas, mas também de poder e defesa, e temos uma diversidade suficiente na forma como se luta em Anthem.

Outra surpresa bastante boa foi como é gostoso andar com a Lança pelo mundo de Anthem. Embora demore um pouco para entendermos a mecânica do robô, quando se pega o jeito, caminhar pode ser uma experiência à parte por aqui.

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Destaque também para como a BioWare se alimentou de jogos de mundo aberto para pegar elementos que funcionam em um universo que você, em tese, pode explorar à vontade. O voo da Lança funciona com uma mecânica muito parecida com a escalada de Link em The Legend of Zelda: Breath of The Wild. Se no game da Nintendo nosso herói silencioso tinha uma barrinha de escalagem das montanhas de Hyrule, em Anthem há um limite para quanto tempo a Lança pode ficar no ar.

A justificativa da BioWare dentro do título é que a armadura esquenta demais, deixando de funcionar com o tempo de voo. Assim, tal qual Breath of The Wild, é possível administrar essa habilidade e chegar mais alto, caso você tenha uma estratégia para isso.

Em Anthem, fazer um voo rasante, ou até mesmo mergulhar nos lagos, pode fazer resfriar sua armadura. Dessa forma, para chegar aos locais mais altos, optar por uma cachoeira ou rio pode ser o melhor caminho para se manter no ar.

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Os voos também dão outro traço de verticalidade para o game. Em vários momentos, é possível que você opte por ir aos céus para pegar fôlego e se recuperar de uma rajada de tiros. Os inimigos também ficam bastante pelos ares, criando a necessidade de, por vezes, sair do chão para enfrentá-los.

Isso cria toda uma nova dinâmica batalha que envolve não somente a mudança de local, mas também de estratégia. A BioWare optou por não fazer pairar no ar os itens que os inimigos oferecem. Além de parecer mais lógico, também faz com que você tenha que gerenciar de forma muito mais séria seu armamento em voo, ou mesmo descer em busca de mais munição.

Apesar de toda essa movimentação interessante no mundo, um ponto negativo é o momento em que se está em Forte Tarsis, o ambiente de público semelhante à Torre de Destiny 2. Além de ser o momento em que a taxa de frames mais sofreu na demo, foi aqui também que vimos uma das coisas mais irritantes do beta: o seu personagem não corre, apenas anda muito, mas muito lentamente.

Sim, Irving já prometeu que você vai correr pelo Forte livremente na versão final.

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Missões

Na trama de Anthem, que pode ser muito pouco vista na demo, você é um freelancer contratado para fazer algumas missões em proteção ao seu forte. É nesse sistema de quests que o jogo da BioWare vai se basear.

Na demo, foi possível jogar algumas delas de forma limitada, mostrando que há muito de Destiny aqui, do melhor e do pior que a criação da Bungie pode oferecer. Em grande parte das missões, há aquela simples sequência de chegar até um ponto A e destruir tudo que há por lá; seguir para o ponto B e também destruir tudo que há por lá, até que no ponto C um inimigo mais forte aparece dando fim à missão.

O looping pouco criativo, e até maçante, apareceu aos montes em Anthem, não oferecendo na demo algo que se possa chamar de inovador em termos de missões. Vale ressaltar: este é um teste beta, com a função primeira de estressar servidores e não essencialmente apresentar história ou mecânicas.

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Contudo, um ponto incluído pela Electronic Arts, que publica o jogo, chamou atenção. Quase lá para o final da demo, o perfil oficial da empresa solta no Twitter a informação de que “algo estava acontecendo” em Anthem.

Era um minievento, tal qual fazem jogos como Destiny e Fornite, na proposta de jogo como serviço. Sempre oferecer uma nova migalha para que o jogador se mantenha naquele caminho.

No caso do jogo da BioWare, o evento consistia na aparição de uma espécie de tornado ou portal vermelho no céu. Empolgação! Chegando mais perto, buscando por uma ou duas entradas, chega-se a um local em que há um inimigo novo. Uma grande bola de pedra que joga outras bolas de fogo em você. Matei tudo. Loot no chão e…… “é só isso?”.

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Vale perceber que as empresas testaram o servidor com este tipo de evento e, mais uma vez, usaram um cenário de prova, nada que empolga. Contudo, dá um escopo do que se pode esperar de eventos deste tipo dentro de Anthem. Ao menos, aqui, foi o momento mais direcionado a conteúdo que eu acho que poderia ter visto neste título.

O que esperar?

A demo de Anthem apresentou aquilo que podemos esperar de um teste beta: cheio de problemas e com muita coisa a ser mudada. Pelo Twitter, Irving prometeu melhorar o balanceamento (função também de testes) além de pontos bastante específicos como novas inclusões em mapas e melhorias na forma como a Lança se comporta debaixo d’água.

Muita coisa ainda precisa mudar nestas semanas que precedem o lançamento. Se a BioWare vai conseguir preparar isso até o game chegar ao mercado, vamos saber somente quando pusermos a mão no jogo.

O que pode preocupar mais a quem está buscando o título é a parte central do que foi apresentada. Até o momento, se tem um mundo rico, com uma forma muito interessante de se explorar. A história, apresentada apenas em entrevistas com os produtores, também pode ser uma boa injeção de novidade e inovação dentro de Anthem.

Por outro lado, o que foi mostrado de missões até aqui foi bastante mais do mesmo, a revelia das variações de armas e estratégias que as Lanças possuem. Até mesmo a mecânica e inimigos em estilo Bullet Sponge (quando você precisa atirar até acabar com a barra de vida dele) parece ultrapassada e poderia oferecer algo novo.

Na somatória, contudo, a demo serviu mais para aparar as arestas de Anthem do que realmente convencer os indecisos a comprarem o game. Mais ainda, talvez, tenha feito muita gente abandonar a ideia.

Como proposta de análise para o time de desenvolvimento, estas demos foram um prato cheio, mas um pesadelo para a equipe de marketing.

Anthem está sendo desenvolvido pela BioWare e será publicado pela Electronic Arts para PC, Xbox One e PlayStation 4 no dia 22 de fevereiro de 2019.