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Review | New Pokémon Snap é o jogo que a gente precisa neste momento

Por| Editado por Jones Oliveira | 03 de Junho de 2021 às 12h51

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Divulgação/Nintendo
Divulgação/Nintendo

Para quem cresceu no auge da febre Pokémon, lá no início dos anos 2000, o velho Pokémon Snap era uma questão de amor ou ódio. Não tinha meio termo. Muita gente adorou o jogo de Nintendo 64 por ser a primeira vez que a franquia ia de vez para o 3D. Só que, para quem queria ver apenas uma rinha de bicho colorido, o jogo era pura frustração. E eu era parte desse segundo grupo.

Vamos combinar que encarnar o Sebastião Salgado não é o sonho de nenhuma criança de 10 anos e que, nessa idade, qualquer coisa diferente de colocar seus Pokémon para sair no soco soa como sem sentido. Era um jogo bonito, mas pouco atraente para quem queria a experiência do desenho — e, por isso, nunca me chamou a atenção. E eis que, 20 anos depois, me vi perdendo algumas dezenas de horas tirando fotos de um Pikachu em New Pokémon Snap. O que mudou?

Em relação ao clássico do N64, nada. Claro, os visuais estão muito melhores agora no Switch, com ambientes muito mais variados e com uma quantidade quase impossível de memorizar de novos Pokémon. Contudo, em sua essência, New Pokémon Snap é exatamente o mesmo jogo de 1999, com as mesmas qualidades e limitações.

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O que mudou nessas duas décadas fui eu. Hoje, com preocupações que vão muito além de não perder o horário do programa da Eliana, sentar em frente à TV para desligar a cabeça e tirar umas fotos de uns Pokémon parece ser a melhor coisa para se fazer no Brasil de 2021. Quase necessário, eu diria.

New Pokémon Snap é a representação perfeita do comfort game, aquele tipo de jogo que você usa para passar o tempo e relaxar, sem qualquer tipo de compromisso. Ele é aquela diversão simples para esvaziar a mente e lavar a alma. Esqueça a ansiedade por ter um zumbi tomado por um fungo mortal na sua cola ou a adrenalina de um tiroteio em um ilha com ônibus voadores. O foco aqui não é desafiar o jogador, mas deixar ele curtir cada pequeno momento da região de Lental e tudo o que os seus diferentes biomas têm a oferecer. Um Pikachu surfando? Click. Um bando de Charmander dançando à beira de um vulcão? Click de novo.

Ele é quase como uma daquelas playlists lo-fi que você coloca para abstrair de tudo à sua volta. Não é o tipo de música que você ouve para curtir o som de fato, mas que está ali para te fazer bem em um momento específico. E o novo game fotográfico da Nintendo faz exatamente isso: é o mais puro suco de escapismo e relaxamento. Tudo o que a gente precisa a certa altura da vida.

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Para isso, ele traz cenários que premiam a exploração. Por mais que o avançar nas fases seja on rails, nos mesmos moldes do game original — ou seja, você não tem liberdade para caminhar pelo mapa, seguindo apenas pelo trilho que o jogo determina —, são dezenas de possibilidades de interação com os Pokémon que aparecem e com o próprio cenário. Assim, de forma bem natural, o jogo incentiva que você revisite uma mesma fase diversas vezes para tentar gerar novos resultados. É tão satisfatório descobrir algo novo que instintivamente você volta para tentar descobrir mais alguma coisa.

E esse é um dos grandes trunfos de New Pokémon Snap. Um dos meus maiores medos era que ele rapidamente se tornasse repetitivo, já que tudo poderia se resumir a arremessar objetos nos bichinhos e fotografá-los. Contudo, são tantas interações e consequências no comportamento dos Pokémon e daquilo que você vai encontrar pelo trajeto que mal sobra espaço para a mesmice.

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E ainda que você não seja um grande conhecedor ou mesmo fã das gerações mais recentes de Pokémon, a grande graça está em encontrá-los pelas fases e, principalmente, ver como eles interagem com o ambiente e com outras espécies. É quase como um Globo Repórter Pokémon, em que a diversão está em explorar e encontrar as situações mais variadas de cada um dos monstrinhos disponíveis.

De mente aberta

Apesar de New Pokémon Snap expandir muito bem tudo aquilo que foi introduzido no jogo original, é preciso levar em conta que ele se trata de um game de nicho muito específico. Não estou falando de algo que somente o fã vai gostar, mas de um jogo em que é preciso estar aberto para a proposta.

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Assim como no clássico de 1999, ele é inteiramente voltado à sua jogabilidade e a essa exploração descompromissada. Não há o sistema de batalhas que sustenta a franquia por gerações, uma grande história ou mesmo um componente online que faça o dito jogador hardcore se envolver e mergulhar a fundo no jogo. No fim das contas, ele ainda é um jogo de tirar foto e, da mesma forma que o original do N64 não era para aquela criança que queria viver o desenho, a nova versão para Switch também não é para quem quer algo que vá além desse comfort game.

E não há problema algum nisso — ainda mais se lembrarmos que estamos falando de um jogo que não sai por menos de R$ 300. Porém, quem estiver aberto a deixar todo o lado competitivo da linha principal de Pokémon ou mesmo o ritmo mais frenético de outros jogos vai encontrar uma aventura divertida, leve e recompensadora, do jeito que a gente precisa para aguentar dias tão turbulentos.

New Pokémon Snap foi analisado no Canaltech com cópia gentilmente cedida pela Nintendo.