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GTA: The Trilogy vale a pena mesmo com bugs?

Por| Editado por Bruna Penilhas | 19 de Novembro de 2021 às 10h30

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Reprodução/Rockstar Games
Reprodução/Rockstar Games

Seria muito fácil dizer logo de cara os dois grandes problemas óbvios de Grand Theft Auto: The Trilogy – The Definitive Edition: os bugs e as escolhas artísticas de qualidade muito questionáveis — inclusive, já separamos os mais engraçados aqui no Canaltech. No entanto, no meio de tanto caos, a coletânea remasterizada com GTA III, GTA Vice City e GTA San Andreas traz pontos que valem a pena serem destacados.

O Canaltech testou GTA: The Trilogy no PlayStation 4, com uma cópia digital cedida gentilmente pela Rockstar Games. O jogo também está disponível para Xbox One, PC e Nintendo Switch, sendo possível jogar via retrocompatibilidade no PlayStation 5, Xbox Series X e Xbox Series S. A remasterização de GTA: San Andreas, aliás, está no catálogo do Xbox Game Pass.

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Para começar, vale destacar que o desenvolvimento não foi feito pela Rockstar de fato (o que não anula a culpa do estúdio na bagunça). As remasterizações ficaram nas mãos da Groove Street Games, responsável pela excelente versão de PlayStation 3 e Xbox 360 de San Andreas (2013) e as versões mobile de Bully: Scholarship Edition (2016), GTA: China Town Wars (2014), as edições de 10 anos de GTA 3 (2011) e do Vice City (2012) e também Max Payne (2012).

Com toda essa experiência, ainda fica difícil entender o que aconteceu com GTA: The Trilogy. Ainda mais quando falamos do game do CJ, cuja versão de 2013 é a melhor já feita, mas a mais recente é, definitivamente, decepcionante.

O que é bom como um todo

Um dos pontos que mais gostei e que vale ser exaltado é a legenda em português do Brasil. Os diálogos dos personagens, tanto nas cutscenes quanto no gameplay, e os menus estão totalmente no nosso idioma. Isso é ótimo e permite que muitas pessoas que jogaram os games em diversos momentos da vida, mas que não entendiam muita coisa, possam se aprofundar mais nas boas histórias que os três títulos oferecem.

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O único game que a localização tornou-se um problema foi em GTA San Andreas. Nas cenas cinematográficas, as legendas ficaram cortadas na metade (nas capturas de tela, elas aparecem certinho). Mesmo mexendo nas configurações do videogame e da TV, não encontrei uma solução. Curiosamente, isso não acontece nos outros jogos, então há boas chances de ser corrigido em breve em uma atualização.

Outro aspecto muito bom é a sincronização labial dos personagens. Os gráficos 3D são muito bem aproveitados nas falas, em que você vê a boca se movendo de forma quase perfeita.

Um detalhe sutil e que dá uma variação legal são os visuais dos NPCs (personagens não jogáveis). Quem jogou estes games no passado, deve lembrar com detalhes a roupa de cada personagem. Na Definitive Edition, as camisetas, calças e chapéus mudam de cor e em alguns detalhes, dando uma sensação de maior variedade entre os bonecos que andam pelas ruas.

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No geral, os gráficos passaram por boas melhorias. Mas, infelizmente, estamos falando de um caso de “uma benção e uma maldição”. Ao mesmo tempo que temos locais e situações em que os gráficos são exuberantes e contam com reflexos de encher os olhos, há horas em que tudo se perde.

Muitas vezes, na iluminação padrão do game, há momentos em que é impossível enxergar qualquer coisa e as sombras ficam parecendo o vácuo espacial de tão pretas. Aumentei o brilho no máximo e deixei o contraste quase no mínimo para tentar resolver. No entanto, tudo ficou muito cinzento e com bastante serrilhados.

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Isso se acentua de forma diferente em cada game. GTA 3 tem um tom mais frio e sóbrio, então sofre um pouco menos. Já os neons de Vice City reforçam os contrastes e iluminam mais tudo, enquanto San Andreas, mais uma vez, é o que mais sofre com isso.

Outro detalhe recorrente são as distorções nos braços e nos pescoços. É normal ver os corpos dos personagens totalmente deformados nas bicicletas ou motos, além de algumas viradas de cabeça dignas do filme O Exorcista. É curioso que esses bugs acontecem mais quando os personagens estão de regatas e mangas longas.

Dirigindo meu carro

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A Definitive Edition rouba toda a lógica de controle de veículos, seja das bicicletas ou dos barcos. Cada game tem seus problemas específicos, mas há dois problemas que a trilogia compartilha.

O primeiro é que a alta velocidade de controle dos carros e motos não faz sentido, tornando as missões de perseguição e corridas algo muito chato, principalmente aquelas em que você não consegue derrotar o alvo no percurso, só no ponto final. O outro é que eles explodem muito rápido, gerando momentos muito frustrantes em que você acabou de capotar o veículo e, no mesmo segundo que a animação de fogo aparece, o veículo já explode na sequência.

No pacotão da trilogia, a pior direção ficou com o GTA III. A sina da Rockstar de ter uma péssima dirigibilidade em Liberty City se manteve, lembrando muito as ruas de sabonete e as curvas nada sutis, que capotam ou derrapam muito fácil, dos carros em GTA IV.

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Tiro pra todo lado

A troca de armas ganhou um recurso adicional que facilita muito a vida nos intensos tiroteios com gangues e policiais. Antes, só era possível alternar entre as armas passando uma por uma. Para resolver isso, os desenvolvedores tomaram a ótima decisão de implementar o arsenal em roleta de GTA V.

A mira também foi refeita, mas para algo que não ficou tão bom assim. Antes, para alternar de alvo, bastava apertar um botão, mas agora é preciso mover o analógico para isso. Mesmo que trave na vítima, a mira é um pouco truncada. Além disso, depois que o inimigo morre, ela não muda para o alvo seguinte e fica pairando no ar.

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Outro ponto criticável aqui são os sinalizadores de mira. No PS2, setinhas apontavam e circulavam onde a bala atingiria o oponente. Já na geração seguinte e no PC, uma única seta em cima do alvo fazia essa função muito bem e de forma até mais clara. Agora, temos só o círculo que não é lá essas coisas.

Em San Andreas, quando miramos, o NPC fica com uma silhueta branca, mostrando que “sim, você vai atacar este boneco”. A função não aparece em GTA 3 e em Vice City, o que é mais problemático. Quando se ataca personagens com armas brancas (facas, tacos etc), é preciso encaixar a posição do protagonista e ainda da câmera para conseguir atingi-lo. Se ele correr de você então, boa sorte, pois essas lutas em movimento são péssimas.

Afinal, GTA: The Trilogy vale a pena?

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Dito tudo isso, é bem fácil perceber o quão problemático estão os jogos. Dentre todos eles, o que menos sofre é o Vice City. Fica a sensação que este game foi remasterizado primeiro, e que os códigos das adições e melhorias foram "colados" nos outros dois jogos.

Se você não jogou esses games no passado, infelizmente, a experiência de Definitive Edition vai fazê-lo questionar “como as pessoas gostam tanto disso?”. Se você é um fã de longa data, a sensação é de que colocaram uma C4 em toda sua nostalgia e explodiram antes mesmo de você se preparar para isso.

No dia 19 de novembro, a Rockstar se pronunciou sobre os problemas da nova versão. Em um comunicado, a empresa prometeu melhorias através de atualizações, o retorno da versão clássica dos três games no PC (através do Rockstar Launcher) e pediu desculpas pelo ocorrido.

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O preço do game varia de R$ 299,90 nos consoles (PS4, PlayStation 5, Switch Xbox One, Xbox Series X e Series S) a R$ 320 nos computadores. Com valores de jogos recém-lançados e as atualizações para chegar, não faz muito sentido comprá-lo ainda.

Com isso dito, vale esperar o lançamento dos updates e ficar de olho aqui no Canaltech para ver quais mudanças vão acontecer. Correções na iluminação e nas físicas dos carros já podem deixar a experiência bem mais harmoniosa; além de resolver os diversos bugs, claro. Se os visuais esquisitos mudarem também, temos outra grande melhoria que pode fazer valer o título de "versão definitiva" aos games.