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Dodgeball Academia é leve, cativante e com muito potencial

Por| Editado por Bruna Penilhas | 06 de Agosto de 2021 às 18h15

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Imagem: Divulgação/Pocket Trap
Imagem: Divulgação/Pocket Trap

Dodgeball Academia é um jogo bem diferente do usual. Em um misto de tentar ser um RPG de ação com um jogo de esportes, o que mais salta aos olhos quando você embarca pela primeira vez no game da desenvolvedora brasileira Pocket Trap é o visual dos personagens e do universo.

Cheio de personalidade, a sensação é de você estar jogando um jogo baseado em algum desenho do Cartoon Network. Inclusive, se o canal não está considerando uma série animada do jogo, está perdendo uma baita oportunidade.

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Com um estilo de arte bem característico e com um gameplay frenético, Dodgeball Academia entrega uma experiência satisfatória para aqueles que querem desfrutar de um jogo leve, divertido e que não se leva tanto a sério. O jogo está disponível para PC, Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch, e também já integra o catálogo Xbox Game Pass.

Entre de cabeça no mundo da queimada

Na história do jogo, você é Otto, um novo estudante na Dodgeball Academia e se une com seus parceiros para disputar o torneio de queimada da escola e posteriormente, salvar o mundo da queimada. Conversamos com Henrique Alonso, co-fundador da Pocket Trap, sobre como o game tenta resgatar a pegada dos RPGs de esporte através do game publicado pela Humble Games.

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“Em uma conversa com o Ivan Freire [diretor de arte], falamos sobre jogos que nós sentimos falta. Então ele trouxe pra gente o Super Dodge Ball, que é de Neo Geo. Ele gostava muito de jogar e fazia tempo que não tinha um jogo nesse estilo. Então começamos a jogar juntos e pensamos em fazer um jogo moderno nessa temática", conta Alonso ao Canaltech.

Henrique também diz ser muito fã de jogos como Mario Tennis, que une essa premissa de games de esporte com um modo história nos moldes de um RPG. E vendo o trabalho realizado em Dodgeball Academia, dá para sentir como o jogo de queimada é influenciado por títulos desse estilo. Entretanto, aliar queimada e RPG se mostrou bem desafiador pra equipe da Pocket Trap.

“Nós estávamos terminando o Ninjin, e foi mais ou menos em 2018 que começamos a engrenar com o projeto. Executar foi bem mais desafiador do que parecia. Mas a ideia já estava praticamente formada, então era bem fácil fazer o ‘pitch’ do que queríamos fazer e muita gente já enxergava esse potencial, que validava realmente o projeto. Mas executar tudo isso? Se provou um enorme desafio."

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De acordo Henrique, o jogo ter recebido o apoio do Spcine ajudou muito na produção. Mas como o time estava focado em outros projetos, Dodgeball Academia só conseguiu ser elaborado mais pra frente. Uma das principais dificuldades é que a premissa do jogo, por ser focado na queimada, envolve mais mecânicas de um modo versus do que um modo história e single-player.

“Essas referências principais, como o Super Dodge Ball, são focadas no multiplayer, quase que um jogo de luta. Enquanto a nossa ideia era criar um jogo single-player, de história, um RPG. Então foram várias interações e muitos protótipos até chegarmos em uma demo que nós sentimos que estávamos no caminho certo. Quando chegamos nessa demo, foi quando mostramos o trabalho para Humble e a produção realmente engrenou."

A grande diversão em Dodgeball Academia é o combate. Poderes, ataques concentrados e a chance de contra-atacar seus inimigos são algumas das possibilidades dentro do jogo. Com um gameplay frenético contra inimigos de inteligência artificial, um dos principais problemas para os desenvolvedores era o balanceamento.

Em Dodgeball Academia, assim como em qualquer RPG, você tem “inimigos” no mapa para disputar partidas de queimada. E, de acordo com Alonso, poderia ficar maçante para os jogadores terem que investir muito tempo em progressão de personagem se a inteligência artificial (IA) do jogo fosse muito complicada se lidar.

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“Acho que foi o maior desafio de todos, sinceramente. Quando você faz o versus, faz as habilidades e o balanceamento e pensa no jogador contra o jogador. Mas no single-player, foi bem complicado. Como trazer variedade pra esse gameplay? E segundo, como 'tunar' a IA dos oponentes e o que eles fazem em quadra, se toda luta que for super exigente você vai querer largar o jogo? Pelo menos eu tenho essa ideia", explica o desenvolvedor.


Alonso também comenta como Henrique Lorenzi, sócio e programador na Pocket Trap, fez uma inteligência artificial muito elaborada, com vários comportamentos, mas que acabou sendo prejudicial pois os inimigos no jogo estavam começando a se tornar mais complexos. Aos poucos, a equipe lapidou a IA, até ficar mais condizente com um jogo single-player.

A união desses quesitos é o que torna Dodgeball Academia tão gostoso de jogar. Com um combate que é satisfatório, mas sem ser estressante, você consegue subir seus personagens de nível sem se sentir frustrado por ter que se render a uma mecânica de progressão pesada ou algo do tipo. Se torna divertido e interessante jogar Dodgeball Academia pois o desafio está nas variedades de golpes e a forma de lidar com eles.

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Diversão na medida certa

Não é só o combate que salta aos olhos em Dodgeball Academia, mas o universo em si tem bastante potencial. Apesar da história se levar a sério com toda a mística em torno do herói lendário da queimada, ela também é cheia de momentos cômicos e de deboche sobre o próprio contexto e os absurdos que envolvem uma escola onde crianças ganham poderes para jogar queimada.

Tudo isso ajuda em muito a destacar Dodgeball Academia como um game com bastante potencial de surpreender ao longo do tempo. Alonso também comentou sobre a narrativa do game: “O primeiro ponto que nós decidimos da história foi a jornada do Otto, a jornada do protagonista. Então, nós decidimos qual seria o recorte, o escopo que nós queríamos contar".

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A intenção da equipe, segundo o desenvolvedor, era fazer um jogo sobre as aventuras de um menino na escola, com todas as bobagens que fazem parte desta fase da vida. "Levamos em conta muita coisa das nossas vivências escolares, a gente queria ter colocado umas coisas tipo Loira do Banheiro, mas é claro que nós tivemos que ir podando para o que era possível fazer”, completa.

Leve, divertido, e cheio de coisinhas triviais de escola para fazer, Dodgeball Academia é um RPG sólido, com mecânicas interessantes, um combate diferenciado e também, no que para nós se torna o principal, uma pegada de não se levar tão a sério e se importar mais com a diversão do que tentar ser algo extremamente grandioso. Em um mar de jogos onde todos os heróis em suas campanhas devem salvar o mundo de calamidades, monstros terríveis e abominações, uma história simples e debochada sobre como o mundo da queimada está em perigo é muito bem vinda.

E aliar esses conceitos faz com que alguns detalhes do jogo que possam parecer ser sem sentido para uma história convencional, funcionem. Tem uma aluna vampira na história? Robôs tentando destruir a escola? Um dos alunos é um gato e outro é uma bexiga consciente? Tudo bem. É um universo onde crianças recebem poderes através de uma bola mágica herdada de um herói lendário, tudo é possível no universo louco e original de Dodgeball Academia.

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Graças a essa premissa, ter personagens completamente fora do padrão também ajudam a criar estilos únicos de gameplay. Bexigo, que é a "bexiga consciente", é o suporte do time, podendo curar seus companheiros com o golpe especial. Cada um dos personagens secundários da trama, que podem também se tornar aliados de Otto na jornada, utilizam seus visuais bizarros e gameplay diferenciados para se tornarem especiais dentro daquele universo.

Por mais que os RPGs épicos e cheios de batalhas mirabolantes sejam bons, ter um jogo descompromissado e leve é sempre uma grata surpresa. A inovação que Dodgeball Academia traz de unir a queimada como esporte ao RPG faz com que o jogo tenha bastante potencial a ser explorado pela Pocket Trap. E no fim, esperamos que o título daqui pra frente continue mostrando para o que veio, seja com uma vindoura DLC ou atualizações ao longo do ano.