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Review The Quarry | É mais do mesmo, mas continua bom

Por| Editado por Bruna Penilhas | 21 de Junho de 2022 às 17h30

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Review The Quarry | É mais do mesmo, mas continua bom
Review The Quarry | É mais do mesmo, mas continua bom

Sim, The Quarry é mais um jogo de terror em que adolescentes teimosos se colocam em perigo e precisam sobreviver durante a madrugada. Ah, e também é mais um game interativo, de escolhas, produzido pela Supermassive Games (os mesmos criadores de Until Dawn e da série The Dark Pictures Anthology). Ou seja, temos uma fórmula já bem conhecida pelo público, mas em uma nova embalagem.

Será que, mesmo tão igual, The Quarry empolga? Além disso, vale a pena pagar R$ 350 na versão de PlayStation 4 e Xbox One, e R$ 400 na versão de PlayStation 5Xbox Series X e Xbox Series S? O Canaltech jogou The Quarry no PlayStation 5, com uma cópia cedida gentilmente pela 2K. Nós contamos se vale a pena jogar neste review.

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Um filme de terror das antigas, mas interativo

A história de The Quarry se passa em um acampamento de verão nos Estados Unidos; mais especificamente, em Hackett’s Quarry, um local comandado por Chris Hackett. Lá, um bando de jovens adolescentes atuam como monitores de outras crianças.

No dia de ir embora, porém, o carro estraga. Os adolescentes lamentam a situação, mas não se desesperam: é só procurar ajuda e passar mais uma noite no acampamento. Por algum motivo, o Sr. Hackett fica extremamente agoniado. Ele decide pegar um outro carro e deixar os jovens sozinhos, mas sob uma condição: eles devem permanecer em casa e, em hipótese alguma, ficar do lado de fora à noite.

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Péssima ideia. Os jovens decidem fazer uma festinha, e depois de alguns beijos aqui e ali, se separam. É aí que um ser estranho — e alguns seres humanos estranhos — começam a persegui-los incansavelmente. O jogador, portanto, passa a controlar todos esses jovens e a tentar mantê-los vivos.

A narrativa se passa nos dias atuais (celulares e podcasts são extremamente importantes para o desenrolar da história, por exemplo). Mas, em sua essência, The Quarry é uma homenagem aos filmes de terror dos anos 1970 e 1980. Dá para perceber claras referências a títulos como Sexta-Feira 13, Acampamento Sinistro e Uma Noite Alucinante, só para citar alguns.

Essas referências ficam ainda mais evidentes com os menus do jogo — com fontes e efeitos sonoros retrô — e a própria capa do game — uma ilustração que parece uma pintura, com o logotipo escrito em sangue. Um charme à parte são os tutoriais, que parecem desenhos animados, e o menu de caminhos, representados por fitas VHS.

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O jogo tem tanta cara de filme que há até uma opção de… assistir ao jogo como se fosse um filme de verdade. Você pode optar por ver uma jogatina em que todos vivem ou morrem, e também selecionar alguns comportamentos pré-definidos a personagens específicos.

Personagens adolescentes, mas não tão bobalhões

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Uma crítica que eu sempre fiz aos jogos da Supermassive Games é que eles costumam trazer personagens muito, mas muito burros: eles falam coisas erradas no lugar e na hora errada, e tomam algumas atitudes que fazem qualquer um morrer de vergonha alheia. Essa maldição, felizmente, não ocorre em The Quarry.

OK, alguns personagens são mais bobões que outros — ou melhor, carregam mais estereótipos de adolescentes inconsequentes. Porém, é possível perceber uma jornada de amadurecimento para cada um deles, no nível de ver a “patricinha-blogueira-youtuber” dando um show de coragem e perícia.

Um detalhe que, pessoalmente, me deixou contente é a opção de desenrolar um romance homossexual no jogo. Se você é jogador assíduo de outros títulos do estúdio, deve lembrar que o flerte sempre esteve presente nas relações interpessoais do estúdio. Aqui, é gratificante ver um avanço na representatividade (e na normalização) de pessoas LGBTQIA+. O jogo não berra aos quatro ventos que há dois homens se beijando, nem empurra o flerte de forma inconveniente no meio do caos. Pelo contrário: todos agem com muita naturalidade ao beijo — assim como também reagem a outros beijos heterossexuais.

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Vale destacar também o elenco de peso: a maioria são rostos carimbados de filmes e séries famosos, alguns do gênero de terror. Você verá atores que já participaram de títulos como Pânico, O Grito, Sobrenatural, Modern Family, Detetive Pikachu e muito mais.

Ao todo, são nove personagens jogáveis, mas há muito mais pessoas importantes na trama. Conheça quem é quem no jogo:

  • David Arquette como Chris
  • Ariel Winter como Abigail
  • Brenda Song como Kaitlyn
  • Evan Evagora como Nick
  • Halston Sage como Emma
  • Justice Smith como Ryan
  • Miles Robbins como Dylan
  • Siobhan Williams como Laura
  • Skyler Gisondo como Max
  • Zach Tinker como Jacob
  • Ethan Suplee como Bobby
  • Grace Zabriskie como Eliza
  • Lance Henriksen como Jedediah
  • Lin Shaye como Constance
  • Ted Raimi como Travis
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Manter os personagens vivos está mais fácil em The Quarry

Eu levei cerca de 10 horas para zerar The Quarry. A primeira metade do jogo, naturalmente, é mais lenta, com poucas reviravoltas e momentos de tensão. No fim, eu perdi apenas dois personagens, e ambos morreram de forma surpreendente: não havia como prever que uma decisão boba provocaria as mortes. Por outro lado, em nenhum momento julguei que o jogo tivesse sido injusto comigo; as decisões foram minhas e, bem… tudo pode acontecer quando criaturas monstruosas estão à solta à noite.

A morte, porém, nem sempre é o fim: o jogo tem uma mecânica que reverte o falecimento dos personagens. O recurso fica disponível apenas após você terminar o game pela primeira vez, mas já vem desbloqueado caso você tenha a versão Deluxe. Com ele, você tem três vidas extras (representadas por ícones de coração), que retrocedem o jogo momentos antes de uma decisão falha. O recurso é interessante, mas, apesar de não ser obrigatório, diminuiu meu senso de urgência em momentos mais críticos.

Outro fator que diminuiu essa sensação foram as próprias decisões e os quick-time events (quando você precisa apertar um botão no momento certo). O jogo não pede mais que você pressione botões de ação (no PlayStation, são os ícones; no Xbox, são as letras), mas sim que mova o direcional em uma direção específica. Dessa forma, acertar o quick-time event fica muito mais fácil. Porém, se para você continua difícil, é possível personalizar o tempo dos quick-time events, a assistência de mira, cor das legendas e muito mais nas opções de acessibilidade.

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Também há momentos em que é necessário segurar a respiração do personagem, a fim de não fazer barulho. Nos jogos anteriores, você precisava apertar um botão conforme os batimentos do coração; agora, você apenas o mantém pressionado. Para facilitar, uma cor vermelha toma os cantos da tela, sinalizando que o inimigo está por perto e pode te ouvir. Quando essa cor vermelha some, é hora de largar o botão. Eu não gostei dessa mudança, e achei que facilitou (e muito) o gameplay.

Uma saudade que eu tenho? Da terrível mecânica de não mexer o controle durante uma cena de perseguição, presente em Until Dawn. Mas tenho plena consciência de que eu sou um dos poucos que sente falta disso.

Ah, não poderiam faltar as tradicionais dicas dos desfechos dos personagens. Durante a exploração, você pode encontrar diferentes cartas de tarô, que oferecem um breve vislumbre do futuro. Quem lê essas cartas é uma misteriosa senhora, que aparece no intervalo entre um capítulo e outro. Ela também conversa com você e deixa alguns enigmas soltos pelo ar. Contudo, não há nada de novo além do que já conhecemos.

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Alguns probleminhas técnicos aqui e ali

Na versão de PlayStation 5 que jogamos, os gráficos de The Quarry parecem belíssimos: os cenários são ricos e bem detalhados, seja em um ambiente fechado e claustrofóbico ou em um lugar aberto e cheio de paisagens naturais.

Os personagens também estão muito bonitos, mas pecam demais nas animações. Alguns movimentos faciais são estranhos, principalmente os da boca e os dos olhos. Os cabelos podem apresentar reações que vão contra as leis da física. Mas a água… meu senhor. Ela até é bonita quando você a vê de longe, com o pôr do sol refletindo um belo tom alaranjado sobre a lagoa; entretanto, há várias cenas em que os personagens estão nadando ou submersos, e a água parece uma lama gosmenta e tenebrosa. Ao fim das cutscenes, também foi comum ver personagens aparecendo do nada na tela, ou flutuando no ar por alguns segundos.

Um bug que eu presenciei (e que automaticamente me desencadeou uma crise de riso) acontece em um dos momentos mais tensos do jogo. A personagem simplesmente desaparece, deixando apenas uma peruca flutuante. Após algumas cenas, ela reapareceu.

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A localização em português do Brasil também não é das melhores. Muitas vezes, a legenda não condiz com as falas ditas, e alguns sons têm muito mais volume que outros. Também senti alguns cortes bruscos nas falas de um mesmo personagem, como se tivesse faltado tempo para o trabalho de mixagem de áudio. Já a respeito dos diálogos, eu achei alguns muito mal escritos — o podcast reproduzido nos créditos é catastrófico; porém, eu não sei afirmar se a culpa é da equipe brasileira de localização ou do texto original.

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The Quarry vale a pena?

Se você gosta de jogos de terror e, principalmente, daqueles que obrigam você a tomar decisões importantes, vale a pena jogar The Quarry. Mas não agora: espere uma boa promoção. O valor cobrado pelo game, em sua versão mais simples, na nova geração de consoles beira aos assustadores R$ 400.

Você ainda pode experimentar um título semelhante, com quase as mesmas mecânicas e tão bom quanto, como Until Dawn, que pode ser facilmente encontrado na faixa dos R$ 50. Apesar de ser divertido, The Quarry, infelizmente, não vale um terço de um salário mínimo.

The Quarry está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X, Xbox Series S e PC (via Steam).