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Review F1 22 | Bom como sempre, mas com adições irrelevantes

Por| Editado por Bruna Penilhas | 01 de Julho de 2022 às 09h30

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Review F1 22 | Bom como sempre, mas com adições irrelevantes
Review F1 22 | Bom como sempre, mas com adições irrelevantes

A máxima de que jogos esportivos são brutalmente semelhantes ano após ano é uma que pode muito bem ser aplicada aos games licenciados de Fórmula 1. Afinal de contas, não é possível reinventar a roda ano após ano, com a Codemasters, já na geração passada de consoles, tendo encontrado seu caminho no que toca a competitividade, os visuais e o incentivo ao multiplayer. As adições anuais giram em torno dessa base sólida e são, por vezes, interessantes e, como no caso deste ano, inúteis.

Essa é uma palavra até carinhosa para definir a principal e maior adição ao título atual. F1 22 vem para, além do volante, tentar trazer aos jogadores um olhar sobre o que acontece nos bastidores da Fórmula 1, em que circulam pilotos a bordo de carrões de luxo, com relógios caros no pulso e roupas de marca, morando em apartamentos com vista para a baia. Na prática, porém, temos uma irrelevante novidade que parece servir quase que exclusivamente às microtransações.

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A novidade, chamada de F1 Life, funciona como um lobby virtual, tanto no menu inicial do game como na sua porção online. Outros jogadores podem visitar seu espaço e dar uma olhada no seu gosto por decoração ou nos supercarros disponíveis na garagem — poucas opções, iguais para todos os usuários. O mesmo também vale para as roupas casuais que aparecem aqui, com a diferenciação estando, claro, nas peças compradas com dinheiro de verdade.

Fones Beats e roupas da Puma são atrativos que, na verdade, não devem chamar a atenção de ninguém, enquanto até mesmo os veículos de luxo soam deslocados e desnecessários. Estamos, sim, falando de um jogo de velocidade, em que dirigibilidade e controle são essenciais. Temos, também, uma nova opção para pilotar além dos monopostos da Fórmula 1 e da F2, mas a bem da verdade, você vai querer pilotar os supercarros nas primeiras vezes que jogar F1 22 e, depois, nunca mais.

O modo F1 Life passa longe de ser a principal atração do novo game, mas sem dúvida nenhuma, é a mais alardeada. Enquanto títulos anteriores chamaram a atenção por trazer veículos clássicos e um criticado modo campanha no game do ano passado, a grande novidade da versão 2022 é desinteressante, para dizer o mínimo. Tudo isso destaca, ainda mais, a ideia de que temos uma mera atualização de carros, pilotos e regras, principalmente para o público mais casual que é, justamente, o que a Electronic Arts e a Codemasters mais querem atingir a cada ano.

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Novidades sob o capô

Longe do apartamento, o ouro de F1 22 está em sua jogabilidade. Diante de mudanças nos regulamentos da Fórmula 1, a Codemasters reviu o pacote de jogabilidade sem perder a excelência pela qual ficou conhecida ao longo dos últimos anos, mostrando também para quem pilota apenas virtualmente a diferença que pneus maiores, alterações nos motores e modificações nos traçados operaram na principal categoria do automobilismo mundial.

Os carros são um pouco mais difíceis de se pilotar, mesmo para os veteranos da franquia. Enquanto problemas como a trepidação que vemos nos monopostos a cada domingo não necessariamente se aplicam aqui, dá para notar, sim, as diferenças que as novas regras geraram sobre a performance, principalmente quando passamos por curvas de velocidade mais altas. Ultrapassar se tornou mais interessante e desafiador, assim como manter a posição após um movimento desse tipo.

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F1 22 foca ainda mais na acessibilidade, trazendo as boas e velhas customizações finas e também modos pré-programados que levam em conta a habilidade de cada piloto, dos novatos aos veteranos. Após horas de jogo e diferentes etapas, dá para sentir pequenas diferenças geradas pela inteligência artificial adaptativa — ela ainda não reage ao andamento do campeonato virtual (apesar de as estatísticas serem atualizadas pela desenvolvedora a cada corrida real), gerando rivalidades ou disputas, mas se adequa um pouco mais à abordagem do jogador.

O foco em quem está no controle ou ao volante também aparece em respostas a pedidos de muito tempo dos fãs, como a adição de um minigame de parada nos boxes que pode gerar os famosos problemas nas trocas de pneus ou modos que simulam a transmissão de TV durante voltas de apresentação ou safety cars. Novamente, eles podem ser ativados ou não, com quem preferir se manter no comando durante tudo isso também podendo fazer isso.

Ainda faltam elementos que tornariam tudo mais instigante, como um bom sistema de colisões entre pilotos controlados pela IA (inteligência artificial) ou a simulação de bandeiras vermelhas e outros incidentes de corrida. Enquanto falhas mecânicas parecem acontecer com mais frequência (e como tudo, podem ser desligadas ou não), o mesmo não vale para os danos físicos, que impactam no desempenho dos carros, mas mantêm o mesmo padrão no qual apenas asas dianteiras e rodas podem ser destruídas.

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Diante disso, o trabalho envolvido em uma adição como F1 Life se torna ainda mais esquisito. Tudo se torna pior quando notamos que os eventos especiais com carros clássicos foram substituídos por pequenos objetivos a serem cumpridos com os supercarros. Em um mundo em que franquias como Gran Turismo e Forza existem, assim como Grid e Need for Speed, dentro do guarda-chuva da própria Codemasters e EA, o resultado chega a ser triste.

Afinal de contas, enquanto ainda faltam elementos para que a simulação de F1 22 se aproxime ainda mais das disputas reais, temos uma novidade que não deve interessar a ninguém e que parece ter consumido um bocado de trabalho dos desenvolvedores, meramente, como uma maneira de gerar gasto de dinheiro de verdade. A irrelevância se junta ao absurdo quando olhamos para o valor cobrado pelo jogo no Brasil, piorando ainda mais a cara dessa novidade diante dos jogadores.

 

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Para ver e ouvir

Além de atualizar pacotes de pilotos e carros em F1 22, a Codemasters também apostou em melhorias gráficas no novo game. A iluminação, texturas e sombras ganharam um incremento, com o game também recebendo as conhecidas opções entre desempenho e performance, que permitem focar em uma taxa de quadros por segundo mais estável ou efeitos visuais que tornam o espetáculo ainda mais bonito.

Não dá para ignorar que as comemorações no pódio e a movimentação de pilotos e engenheiros seguem os mesmos padrões dos últimos anos, com algumas pequenas adições. É difícil também olhar além da cara de cera de alguns dos atletas e mecânicos, ainda que seja possível entender que estes são elementos além do coração do game, que permanece batendo em alta velocidade e agradando muito aos olhos.

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Corridas noturnas e com chuva chamam mais a atenção nesse pacote gráfico aprimorado, assim como o comportamento de sombras. No som, as alterações nos motores de acordo com problemas de funcionamento ou até mesmo a diferença entre um carro e outro são mais notáveis, principalmente para quem jogar com fones de ouvido de qualidade. E ainda tem a realidade virtual, adição que permanece restrita à versão PC.

Mais uma vez, são alterações sensíveis e que serão percebidas pelos jogadores que são antigos de franquia ou que buscam um pouco mais além de uma competição de qualidade. Por outro lado, as repetições e a falta de atualização em alguns elementos ajudam a gritar que esta é mais uma edição atualizada do que um novo game, que acaba sendo a maior crítica a este lançamento da Codemasters.

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F1 22 vale a pena?

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Com F1 22, a Codemasters e a Electronic Arts entregam o game mais completo da Fórmula 1 até agora, como já vinham fazendo ano após ano. Como dito no começo desta análise, fica difícil inovar absurdamente em uma série desse tipo, principalmente quando se leva em conta que a desenvolvedora acertou a fórmula bem cedo e, desde então, vem fazendo adições de diferentes escopos para tornar tudo mais interessante.

Enquanto elementos como a carreira de piloto, o multiplayer e o modo Minha Equipe garantem jogatina e competitividade por dezenas de horas, estas são características da versão anterior, lançada em 2021. Elas aparecem aqui com atualizações no elenco de pilotos, equipes e novos circuitos, além de mudanças de interface e mais opções de acessibilidade, permitindo que qualquer pessoa interessada pilote em meio aos gigantes da categoria.

Fora disso, porém, as adições do novo game deixam muito a desejar e nem de longe justificam o alto valor cobrado neste novo game. O modo F1 Life é irrelevante para dizer o mínimo, além de ter suas características mais únicas trancadas atrás de microtransações — mesmo que não estivessem, são perfumarias, com o perdão do trocadilho.

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F1 22 mantém a tradição de ótimos games da franquia, mas também pinta um panorama perigoso agora que a Codemasters está, completamente, sob o comando da Electronic Arts. A entrega é de velocidade, belos gráficos e uma reprodução o mais fiel possível da categoria, como sempre, mas não dá para tirar a razão de quem falar que este deveria ser um DLC e não um game completo, vendido por cerca de R$ 299 nos consoles e R$ 249 no PC. 

F1 22 está disponível em versões PC, Xbox One, Xbox Series XXbox Series SPlayStation 4 e PlayStation 5. No Canaltech, o game foi analisado no Xbox Series X em cópia gentilmente cedida pela Electronic Arts.