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Análise | Unravel Two é um avanço maior ao gênero plataforma 2D que seu anterior

Por| 17 de Abril de 2019 às 10h59

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Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech
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Em 2015, Martin Sahin subiu ao palco da E3, na apresentação da EA, para contar um pouco mais sobre seu jogo. Trazia uma jaqueta jeans, tatuagens que lhe cobriam parte do braço esquerdo até a mão trêmula. Nada nele refletia o garoto tímido com um boneco na mão que viria a apresentar Unravel. Entretanto, aquela era a visão exata do que é a franquia que Sahin produziu como diretor criativo: uma história intimista, de um boneco carregado de um passado muito familiar.

Quando começou a fazer Unravel, ele provavelmente não imaginava que o título seria destaque da EA em sua nova marca para promover indies, a EA Originals. Talvez nem mesmo pensaria que o título faria sucesso suficiente para render uma continuação.

E foi assim que Unravel Two chegou aos consoles, no palco da E3 em uma conferência da EA. Lançado no ano passado, o game chegou no mês passado ao Nintendo Switch, uma plataforma que tem tudo a ver com a proposta carinhosa e intimista, mas muito compartilhável desta nova trama.

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Dois

A palavra Two, “dois” em inglês, aparece escrita no logo do game com destaque quase que igual ao nome da franquia. Isso não é à toa. O novo jogo tem um foco maior no companheirismo, em como resolver problemas em conjunto.

Algumas pessoas podem argumentar que Unravel Two traz pouca novidade em relação ao primeiro game da série. Contudo, é exatamente o contrário. Quando Unravel chegou, tinha a proposta de um game bonito, delicado e intimista, mas que trazia pouco ou quase nada ao gênero de puzzle em plataforma.

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Veja bem, em um mundo que já tinha jogado Limbo, em 2010, e que viria a conhecer Inside, em 2016, ambos da Playdead, Unravel fazia um competente trabalho no gênero, com um jogo bonito e a mecânica divertida de usar o barbante como limitador e ferramenta para seguir em frente. Contudo, era bastante claro que os jogos da Playdead traziam algo a mais para o gênero.

Agora, em 2018, é a continuação de Unravel que propõe algo simples, mas novo, na mesma proposta a ferramenta como uma ambiguidade de avanço e limitação. Em Unravel Two é preciso controlar dois Yarns ao mesmo tempo, que estão unidos por um novelo de lã. Pode parecer uma adição simples e até irrisória, entretanto isso implica tantas possibilidades e problemas que torna Unravel Two um passo maior que seu antecessor.

De cara, ter dois personagens implica em uma gameplay centrada no multiplayer, correto? Não necessariamente. O trabalho da Coldwood Interactive aqui é genial nesse aspecto ao adicionar uma mecânica e união entre os personagens.

Caso não tenha dois joysticks, o jogador pode controlar um Yarn por vez, intercalando entre eles com apenas um botão. A grande sacada é possível fazer com que um suba nos ombros do outro, caso você chegue perto e segure o botão de troca. Em um movimento simples, os desenvolvedores evitam que você precise ficar intercalando à toa entre os personagens para, por exemplo, seguir por caminhos sem nenhum impeditivo. Ainda, se você estiver jogando com uma criança sem tanta coordenação, pode deixar o controle na mão dela para momentos-chave e literalmente carregar o time nas costas se for necessário.

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Com isso , Unravel Two pode ser um game que funciona de forma perfeita para duas pessoas, mas, com certeza, é muito competente e totalmente aproveitável sozinho. Em alguns momentos, pode ser até mais interessante jogar sem outra pessoa, aumentando o desafio.

Outra mecânica voltada para o single player é que o personagem fica na exata posição que você o deixou antes da troca. Ou seja, se ele estiver puxando o fio, permanecerá fazendo isso enquanto estiver sem controle.

Essa mecânica conjunta cria uma série de possibilidades que fazem de Unravel Two um game muito menos limitante do que o primeiro. Se antes era exatamente a falta de habilidade que tornava o game difícil, agora é o excesso de ideias que faz uma barreira mais difícil de se transpor.

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Junto disso, nesta continuação não existe mais uma maneira “correta” de se solucionar um quebra-cabeças. Como as possibilidades são várias, o número de soluções também são maiores.

Velocidade

Ao perceber que é mais fácil jogar Unravel Two com dois personagens, os desenvolvedores também entenderam que o game precisava ser também sobre habilidades motoras e não mais somente sobre onde amarrar seu barbante.

Por isso, Unravel Two é muito mais veloz que o primeiro. Em alguma partes, é preciso pular nas paredes, pular de pêndulo em pêndulo e apertar uma sequência rápida de botões, o que o primeiro jogo não exigia. Unravel era exclusivamente sobre o usar a cabeça. O Two é uma mistura entre mente e corpo.

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O ponto positivo é que o jogador se torna muito mais empoderado nesta continuação. Isso faz com que você raramente culpe o game pelos seus erros, o que era comum no primeiro título. Ao conseguir pular, escalar, bater na parede e se movimentar com facilidade, é possível que a morte seja um resultado de vacilo e não falta de explicação do game sobre o que você precisava fazer.

Apesar do caráter coletivo de Unravel Two, ele ainda é um game que carrega toda uma carga intimista. Isso porque ele segue com a metáfora do novelo em desfio, mostrando que quanto mais se anda, deixando lã pelo caminho, mais perto do fim estamos.

Ele continua contando a história de uma família, contudo, na narrativa de dois irmão que precisam, juntos, fugir e sobreviver. Sem ser muito claro nisso, a trama mostra dois órfãos seguindo pelo mundo em busca de paz, sendo perseguidos. Como os dois personagens em um universo paralelo, você pode mudar objetos de lugar e interagir para ajudá-los a não serem pegos.

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Contudo, toda esta trama não é o ponto forte de Unravel Two. Ele ainda segue como um desafio para o seu cérebro, pensando em qual exatamente é o melhor caminho para seguir em frente.

Desafio

Se o jogador tem mais habilidade e facilidade com dois bonecos, o game também tem uma proposta para equilibrar isso. Terminar a história principal pode ser fácil, com puzzles pouco problemáticos, porém divertidos.

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Para isso, o jogo tem uma série de outros desafios a serem superados. Eles são essencialmente alguns quebra-cabeças diretos e mais difíceis, nos quais a sua habilidade motora não vale de nada, somente os neurônios que você queima.

Alguns são realmente desafiadores para se superar, sendo necessário que você refaça e refaça e refaça diferentes estratégias para vencer. Para quem pede uma dificuldade maior, é um equilíbrio interessante.

No Switch?

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Este é um caso clássico de jogo que funciona bem para o console da Nintendo, mas só até a página 2. Como um game que se propõe a um multiplayer local para até duas pessoas, a opção de dividir os joy-cons é perfeita. Ele não exige tanto dos controles que não possa ser jogado com apenas metade do controle do Switch, o que funciona muito bem.

Contudo, mais uma vez, a tela no portátil pode ser pequena para uma jogatina compartilhada. Assim, caso vá jogar em turma, a opção ideal pode ser a da televisão.

Entretanto, há uma contrapartida nesta mobilidade. A versão de Switch tem gráficos claramente menos bonitos que o de outros consoles e PC. Para um game em que a beleza dos cenários é um dos pontos mais expressivos, isso tira um pouco da beleza de Unravel Two. Contudo, nem de longe ele é um jogo feio no console. Só vá pronto sabendo que esta queda gráfica vai rolar, principalmente jogando na TV.

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Dito isso, Unravel Two é um jogo mais necessário que sua primeira versão. Se você jogou o lançamento de 2016, com certeza vai gostar dos avanços da continuação. A quem gosta do estilo plataforma 2D, ele traz boas adições ao gênero e explora muito bem conceitos de colaboração sem que isso seja um impeditivo para o game single player. Só nisso, já vale sua atenção ao título.

A escolha do console também pode passar pelo preço. Ele está sendo vendido a uma média de US$ 20 (aproximadamente R$ 78), sendo que pode ser encontrado por R$ 20 a R$ 40 para demais consoles e PC. Mesmo assim, é um preço que vale.

Unravel Two foi lançado para PlayStation 4, Xbox One, Switch e PC pela EA, com desenvolvimento pela ColdWood Interactive. No Canaltech, o jogo foi analisado com cópia para Switch gentilmente cedida pela EA.