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Análise | Spyro Reignited Trilogy é remaster que agrada a novos e velhos fãs

Por| 22 de Novembro de 2018 às 11h01

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(Captura de imagem: Rafael Arbulu)
(Captura de imagem: Rafael Arbulu)
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Com o sucesso comercial obtido por Crash Bandicoot N Sane Trilogy, era de se esperar que a Activision buscasse, em outra de suas IPs originais, um novo canal de faturamento simplificado. Dentre as inúmeras possibilidades, reviver o dragão roxo Spyro, outro mascote “não oficial” da Sony, mas que hoje figura no ambiente multiplataforma, parecia uma escolha óbvia, ainda que o diminuto lagarto cuspidor de fogo não tenha “desaparecido” da mesma forma ocorrida com o marsupial desenvolvido pela Naughty Dog. Neste pano de fundo, a indústria recebe Spyro Reignited Trilogy.

Spyro Reignited Trilogy é uma coletânea de remasters dos três primeiros jogos da franquia do dragãozinho (Spyro The Dragon, Spyro 2: Ripto’s Rage! e Spyro: Year of the Dragon), originalmente lançados entre 1998 e 2000, no primeiro PlayStation e desenvolvidos pela Insomniac Games (a mesma que fez o recente — e excelente — Marvel’s Spider-Man). O jogo foi lançado recentemente, em 13 de novembro, e traz um visual totalmente redesenhado e diversos upgrades nos efeitos sonoros. Mais além, talvez como um serviço para os seus fãs, a Activision decidiu trazer de volta parte da equipe original de dublagem, com diálogos refeitos do zero na voz de Tom Kenny, o ator que deu voz a Spyro em Ripto’s Rage e Year of the Dragon, bem como todos os jogos subsequentes.

O desenvolvimento de Spyro Reignited Trilogy recaiu sobre as mãos competentes do estúdio Toys for Bob, o mesmo que cuidou da criação da franquia Skylanders (onde Spyro também é personagem essencial), o que se traduziu em um ótimo trabalho na criação desta releitura. Todos os aspectos visuais foram atualizados e, alguns, desenhados do zero: paredes e mapas desérticos da trilogia original ganharam uma “demão” que lhes conferiu mais detalhes, como pinturas, quadros, pedras e outras pequenas coisas que, embora não adicionem em nada ao gameplay, não deixam de ser notáveis e até um pouco imersivas.

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A trilha sonora também é um show à parte, trazendo a possibilidade de o jogador curtir as músicas refeitas para os consoles da atual geração, ou re-escutar as notas originais compostas por Stewart Copeland. Este é um ponto comumente criticado nos remasters, mas que se destaca bem aqui. Spyro Reignited Trilogy não faz da música um pilar separado, mas o insere dentro do jogo de forma casada com as atualizações visuais, o que se traduz em uma experiência bastante imersiva e cativante.

No que tange ao gameplay, todos os recursos que os jogadores mais velhos devem lembrar estão lá: duas opções de ataque (uma “cabeçada” e espirrar fogo) para dois tipos de inimigos (grandes e pequenos). Há seções conduzidas inteiramente em voo para coleta de tesouros e — no segundo e terceiro jogos — fases subaquáticas. Todas exigem uma leve adaptação de estilo de jogo, mas nada que mude drasticamente o ritmo da trilogia.

Os mapas merecem uma menção à parte: embora eles tenham o mesmo tamanho dos ambientes da trilogia original, o cuidado tomado pela Toys for Bob na recriação dos níveis faz com que eles pareçam ter a medida certa para um jogo de última geração — eles não são pequenos e curtos a ponto de você passar por tudo rapidamente; mas também não são longos e expansivos a ponto de você ficar entediado. A duração dos três jogos também não é ruim: você não vai terminar a trilogia em um dia, com toda certeza, a não ser que se limite a cumprir apenas missões principais (mas aí, você estará perdendo muito do jogo). Cada “mundo” funciona como um hub que conecta vários mapas. Passe por todos e destrave um portal que leva a um chefão. Vença o chefão e ganhe acesso a outro mundo e por aí vai.

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Cada mapa traz uma série de atividades extras, além do objetivo principal: libertar personagens, coletar itens, derrubar inimigos dentro de um limite de tempo — tudo isso adiciona desafios adicionais a um jogo de relativa linearidade, instigando o jogador a permanecer em um mapa por mais tempo além do necessário, apenas explorando e descobrindo possibilidades. É um belo presente para os jogadores mais novos e mais velhos.

Há pontos a serem questionados em Spyro Reignited Trilogy, mas que fariam a diferença apenas para quem é mais ranzinza: o primeiro jogo da trilogia claramente é o que teve mais atenção no desenvolvimento. Há vivacidade e um nível de detalhe que, faz-se pensar, parece que um jogo inteiro foi criado do zero, ao invés de apenas atualizar alguns assets. Nos outros dois, à medida que novas mecânicas de gameplay são inseridas, a impressão que fica é que a preguiça toma conta — modelos de inimigos e personagens secundários são reaproveitados, tendo apenas uma ou duas cores diferentes. Isso também se reflete na voz, já que vários dos personagens e inimigos compartilham da mesma capacidade fônica. Como dissemos, é algo que deve incomodar os mais velhos, mas nada que tenha impacto negativo na experiência como um todo.

No mais, a mesma curva ascendente de relevância dos personagens e enredo foram preservadas em Spyro Reignited Trilogy: o primeiro jogo tem em Spyro o seu protagonista inquestionável; no segundo jogo, ele ainda é o centro das atenções, mas personagens secundários (ainda que não jogáveis) são inseridos e contextualizados com a devida importância e caracterização que lhes é devida; já no terceiro, outros personagens não apenas aparecem, mas também são jogáveis: a canguru Sheila, o pássaro Sargento Byrd e o Agente 9 dão as caras em seções onde você os controla, alterando levemente a mecânica de gameplay e evitando, assim, a mesmice e tédio que poderiam aparecer na transição entre os jogos.

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É ruim, mas é bom? Ou é bom, só que ruim?

Analisar Spyro Reignited Trilogy não é uma tarefa tão simples como pode soar: é difícil notar o esmero empregado pelo estúdio de desenvolvimento em trazer, mesmo em um remaster, novas experiências sem manchar um legado antigo trazido pelo primeiro jogo que, quando paramos para pensar... uau, já tem 20 anos! Mais velho que alguns dos leitores do Canaltech, inclusive. Ao mesmo tempo, é ruim a ideia de desconsiderar os aspectos técnicos e se deixar levar pela nostalgia gamer: a câmera por vezes te joga contra a parede e você leva pancada à toa dos inimigos, por exemplo.

A questão se faz pertinente porque, independentemente de que tipo de jogador você é, Spyro Reignited Trilogy “é” a trilogia original de Spyro: os níveis, os efeitos sonoros, os visuais — tudo ali foi cuidadosamente recriado de um molde antigo. Isso posto, seria este remaster um ótimo produto, porque a trilogia original o era? Ou seria essa trilogia repaginada ruim, por não adicionar nada de novo na fórmula do outro jogo, exceto por upgrades inerentes da tecnologia?

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Spyro Reignited Trilogy é, antes de tudo, um serviço da Activision para os seus fãs. É uma coletânea simplista, que nasce sobre o molde do qual foi criado um dos títulos mais icônicos das duas últimas décadas. É uma massagem cerebral e um apelo ao coração nostálgico de um jogador veterano, mas ele não esquece do público mais jovem e, ao menos para este propósito, mais casual. Ao conseguir apelar para ambos os públicos, a Activision trouxe um remaster que merece respeito e admiração. Definitivamente, vale a aquisição.