Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Análise | PES 2019 é o melhor e mais belo jogo da franquia

Por| 31 de Agosto de 2018 às 21h35

Link copiado!

Konami
Konami
Tudo sobre KONAMI

Bem amigos do Canaltech, estamos aqui reunidos para mais uma vez falar de futebol. Ano após ano dois gigantes entram em campo para duelar e definir qual é o melhor jogo de futebol da atualidade. Com um mês de antecedência, PES 2019 saiu correndo dos vestiários e entrou em campo antes de seu rival para agitar a torcida.

Para este ano, a grande promessa da Konami é trazer gráficos e jogabilidade mais realistas e fazer os fãs brasileiros irem ao delírio com times do Campeonato Brasileiro licenciados. Mas será que isso é suficiente para justificar a compra do novo Pro Evolution Soccer que chegou para PlayStation 4, Xbox One e PC? O Canaltech jogou e conta tudo para você.

Jogo bonito

Continua após a publicidade

Já faz alguns anos que PES vem numa ascendente interessante. De patinho feio quando adotou a Fox Engine em 2014, o jogo foi melhorando a cada nova iteração lançada. Cinco anos depois, dá para cravar com tranquilidade que este é o Pro Evolution Soccer mais bem acabado que a Konami produziu em anos. A começar pelos gráficos.

Pela primeira vez na história da franquia, PES chega com gráficos em 4K no PlayStation 4 Pro e Xbox One X. Por isso, a série teve de abandonar o suporte aos queridos PS3 e Xbox 360, numa decisão que, basta alguns minutos de jogatina para perceber, foi benéfica. Desde o lado de fora dos estádios a todo o clima construído dentro de campo, passando, claro, pelos túneis que levam os jogadores do vestiário aos gramados, o título dá um show de realismo. O trabalho despendido nesse aspecto foi tamanho que é possível ver a bola amassando o gramado enquanto o percorre, bastando aproximar a câmera num replay para tal, ou os tufos da relva voando depois de um chute ou dividida mais violenta.

Os jogadores estão mais reais do que nunca, principalmente aqueles dos principais times europeus. Embora a série da Konami jamais tenha sido conhecida por passar a sensação de que os bonecos eram robôs, é perceptível que PES 2019 passa um ar muito mais natural e verossímil. É o caso, por exemplo, das expressões de cansaço e fadiga física depois de uma partida que se arrastou por 120 minutos. Ao término, os pobres coitados mal se aguentam em pé e ficam ali, jogados em campo, arquejando.

Para além das quatro linhas, o que a produtora japonesa fez também foi primoroso. Com maestria, ela conseguiu recriar até mesmo aquele clima de tensão antes de as partidas começarem. Câmeras passeiam livremente pelos túneis e mostram os times adversários perfilados um ao lado do outro, enquanto a torcida ali fora faz o estádio tremer e quase vir abaixo. É uma sensação bacana, que contribui para a imersão no jogo, sobretudo se você tiver à disposição um bom headphone ou sistema de som em casa.

Continua após a publicidade

Jogabilidade num degrau acima

Se tem outro aspecto que merece ser destacado na escalada de PES, este é a jogabilidade. No jogo deste ano, a Konami arriscou e acertou em cheio ao apostar num gameplay mais cadenciado e deixar de lado o frenesi e loucura dos anos anteriores — prova disso é que, até o momento, não temos previsão de participação de Usain Bolt no game.

Portanto, saem de campo jogadores correndo em disparada infinitamente e uma bola nervosa e entra uma jogatina que exige mais pensamento, técnica e tática dos jogadores. Para chegar a essa fórmula a solução encontrada pela Konami foi retrabalhar a movimentação dos jogadores e fazer a bola correr um pouco mais devagar — o que pode causar desconforto nos fãs de longa data.

Continua após a publicidade

Mesmo assim, não demora muito para nos acostumarmos com essas novidades e passarmos a admirá-las. Por mais simples que isso possa soar, o que mais me chamou atenção foram os novos movimentos de cabeceio. Mais longos e completos, eles realmente passam a sensação de que aquela jogada, para ser bem-sucedida, precisa ser executada por todo o corpo, num movimento que envolve pernas, tronco, braços e cabeça, e não apenas o movimento do pescoço como acontecia antes.

Outro destaque a ser mencionado são os chutes. É bem verdade que os cruzados ainda são um problema a ser corrigido, mas agora é preciso ajeitar a bola e o jogador da melhor maneira possível para encaixar aquela bomba com o peito do pé que vai direto pro fundo da rede.

Ajustes feitos na física de PES 2019 tornaram o contato entre os jogadores e as divididas de bola bem mais realistas. Quem estava acostumado a vir num pique com tudo para tentar arrancar a bola e rapidamente armar um contra-ataque vai ver que isso não é mais tão fácil assim. Agora, o que vemos são jogadores trombando um no outro, deixando as travas da chuteira no meio do caminho e o adversário voando para cair reclamando de falta — e o juiz vai apitar. Ao invés disso, opte por chamar um jogador controlado pela CPU para dar o bote e faça a cobertura com o seu para ter mais sucesso na roubada de bola. E aposte na troca de passes para chegar mais rapidamente ao gol adversário.

Continua após a publicidade

Primeiros erros

Curiosamente, também é na jogabilidade que percebemos os primeiros erros de PES 2019. Um deles, inclusive, já vem de longa data e é alvo de reclamações constantes: os goleiros. Quando fizemos nossa prévia aqui no Canaltech, destacamos que eles continuam verdadeiros ninjas e torcemos para que isso fosse corrigido na versão final. Bem, não foi.

Se todo o jogo passa um ar de realismo incrível, o mesmo não pode ser dito dos arqueiros. Muitas vezes eles fazem defesas impossíveis e mirabolantes, dignas do controverso e folclórico René Higuita. Mas eles também são capazes de ir ao completo oposto, falhando miseravelmente em bolas que claramente poderiam ser defendidas. Quando isso acontece, normalmente o que vemos são saltos bastante atrasados, pulos para trás (algumas vezes até mesmo de braços recolhidos) e uma lerdeza absurda para sair do gol quando um atacante se aproxima sozinho.

Continua após a publicidade

Além da desagradável sensação de que algumas jogadas têm "script" predeterminado, fica evidente que faltou a mesma dedicação empregada no restante do jogo neste tipo específico de jogador.

A narração é outro elemento que há bastante tempo é alvo de queixas em Pro Evolution Soccer. Na análise de PES 2018, critiquei negativamente esse mesmo aspecto; um ano depois, aparentemente nada mudou. Não me entendam mal: o trabalho de Milton Leite e Mauro Beting é excelente e eles conseguem mesclar muito bem aquele clima de transmissão televisiva com descontração, mas pouco têm controle sobre como a Konami usa suas vozes.

É visível que alguns trechos vêm sendo reutilizados há anos e muitos deles sequer foram equalizados corretamente para esta edição, tornando-se difíceis de serem ouvidos mesmo com o volume nas alturas. Também há falhas na mixagem e sincronia de algumas falas em momentos específicos. Na ocasião da marcação de um pênalti, o Milton pareceu um CD arranhado e falou três vezes que a penalidade havia sido marcada: "É pênalti!", "Tá marcado o pênalti" e "O juiz marcou a penalidade".

Continua após a publicidade

Com anos de arquivos de narração gravados e um problema que se repete a cada lançamento, ao que tudo indica isso só poderá ser resolvido regravando todas as falas para conferir ao jogo e aos narradores a qualidade que eles merecem.

E as licenças, heim?

Quem acompanha o cenário futebolístico nos videogames sabe que o Calcanhar de Aquiles de Pro Evolution Soccer é o licenciamento de jogadores, clubes, seleções e campeonatos. E se você está curioso para saber como isso ficou em PES 2019, dá para resumir toda a situação da seguinte forma: o jogo deu um passo pra frente e outro pra trás.

O passo adiante porque a Konami conseguiu licenciar todos os clubes e a Série A do Campeonato Brasileiro. Portanto, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Vasco, Flamengo, Botafogo, Chapecoense... Tá todo mundo lá! Outras ligas menores do restante do globo também marcam presença, como as de Portugal, Rússia, Turquia e Argentina.

Continua após a publicidade

É inegável que essas adições trazem volume para PES 2019, mas o jogo continua sofrendo com a falta de campeonatos do naipe da La Liga, Premiere League e da recém-perdida Champions League. Mas isso nem é o pior: mesmo no Campeonato Brasileiro, alguns times não estão com o elenco licenciado e entram em campo com jogadores genéricos.

Nesse aspecto, o caso mais bizarro é mesmo o da Seleção Brasileira. Apesar da parceria entre a Konami e a CBF, e de vários jogadores que vestem a canarinha estarem oficialmente no jogo, ela entra em campo com atletas não-oficiais.

Fica, sim, um gostinho amargo de ver a Seleção entrar em campo com direito a hino nacional e tudo, mas sem seus jogadores reais, e ver times como Real Madrid e Manchester City com nomes e escudos genéricos, mas temos de reconhecer o esforço da Konami para contornar essa situação. Mais do que isso, é preciso compreender que existe uma diferença abismal de orçamento para o desenvolvimento deste jogo e de seu concorrente, FIFA, que é um dos carros-chefe não só da Electronic Arts, como da indústria.

Continua após a publicidade

Com a grana curta, é admirável ver a produtora correndo para negociar individualmente com cada jogador que atua no Brasil, com os clubes e com outras ligas menores, que são esnobadas pela concorrência, para que elas tenham seu espaço nos videogames.

Além dos gráficos e da jogabilidade

As melhorias gráficas e no gameplay foram sem dúvidas as maiorias mudanças em PES 2019, mas não forma as únicas. Embora não traga nenhum novo modo de jogo, o game implementou algumas melhorias nos já conhecidos "MyClub", "Master League" e "Rumo ao Estrelato".

O "MyClub" é o que recebeu mais novidades. Neste ano, os atletas são apresentados em cartões que exibem seus níveis e algumas outras informações. A descoberta de novos jogadores também mudou e agora ganhou uma cara parecida com a do FUT de FIFA. O esquema de contratação está menos burocrático e confuso e a nova aba "Novidades" apresenta desafios e competições que, quando vencidos, rendem jogadores especiais.

Continua após a publicidade

A "Master League" também está menos burocrática e mais recompensadora. Embora isso não signifique que basta abrir a carteira e despejar dinheiro para montar o time dos sonhos, as negociações estão mais simples e têm participação decisiva dos olheiros. A ascensão na carreira de manager também foi ajustada e agora você não precisa jogar temporadas a fio antes de começar a ser notado — tudo está condizente com o seu desempenho e num ritmo bastante agradável.

O "Rumo ao Estrelato" recebeu tanto alterações boas quanto ruins. Se você se destaca desde o início, agora pode pedir para ser transferido para clubes maiores com mais chances de isso dar certo. Por outro lado, mesmo dando show em equipes do porte do Barcelona, é difícil conquistar espaço no plantel principal, o que passa a sensação de que, depois de subir alguns metros, a jornada até o topo é mais uma questão de paciência do que de regularidade e desempenho.

Apito final

Continua após a publicidade

Dito tudo isso, é seguro afirmar que, sim, PES 2019 acerta muito mais do que erra. Apesar dos goleiros problemáticos, da narração defasada e a ausência de grandes jogadores, clubes e seleções licenciados, o jogo consegue dar continuidade à ascensão da série no segmento.

É verdade que muita gente pode estranhar o ritmo mais cadenciado do game, mas basta duas ou três partidas para pegar o jeito e perceber que a essência de PES continua ali. O game é divertido, gostoso de se jogar e bastante acessível. Não aposta em firulas, mas em fazer o básico muito bem feito para conquistar e prender o jogador fã de futebol.

Este é o melhor e mais belo jogo de toda a franquia Pro Evolution Soccer, e as melhorias gráficas e de jogabilidade feitas pela Konami enchem os olhos dos jogadores e mais do que justificam essa nova iteração.

PES 2019 foi analisado no Xbox One X com cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Konami.