Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

2024 já tem mais demissões na indústria de games do que em 2023 inteiro

Por| 14 de Junho de 2024 às 13h44

Link copiado!

Pexels/Matilda Wormwood
Pexels/Matilda Wormwood

O ano de 2024 alcançou uma marca mais do que terrível para a indústria de games. Em apenas seis meses, os estúdios e outras empresas ligadas a jogos já somam mais de 10 mil demissões em todo o mundo. O número impressiona, mas chama ainda mais a atenção quando visto em perspectiva: um único semestre totaliza o mesmo número de demissões de todo o ano de 2023.

Os dados não são precisos e fazem parte de um levantamento feito pelo site Polygon juntamente com uma ferramenta criada pelo artista técnico Farhan Noor, da Obsidian, para mapear esses desligamentos. Por isso mesmo, o próprio site aponta que o cenário real deve ser bem pior, com muitos casos não contabilizados.

Continua após a publicidade

Entre essas 10 mil demissões registradas até agora, há episódios bem marcantes e que ilustram bem o cenário de instabilidade no mercado. Já nos primeiros dias de janeiro, a Unity cortou 25% do seu efetivo, mandando cerca de 1800 profissionais para a rua. No mesmo mês, a Riot Games demitiu 530 pessoas e a Activision Blizzard outras 1900

Isso sem falar do fechamento de estúdios, como aconteceu com a Arkane Austin e a Tango Gameworks. Durante o Xbox Games Show Case, o chefe do Xbox Studios disse que essa decisão foi forçada para que o negócio pudesse ser sustentável.

O número de empregos perdidos em 2024 já é tão grande que a própria indústria buscou formas de reagir, ainda que simbolicamente, a isso. 

Durante o Summer Game Fest, o coletivo New Blood usou um outdoor eletrônico em Los Angeles para lamentar essas demissões e fechamentos. “Perdidos, mas não esquecidos”, dizia o letreiro que citava ainda a Sony London, Volition e a Roll7 e todo mundo que foi “demitido, reduzido ou tornado redundante”.

Matemática cruel

As causas dessas demissões já foram mais do discutidas à medida que a lista de desempregados aumentava. A pandemia é um fator que ainda pesa bastante, com as empresas alegando que o perfil do público mudou depois do isolamento e que isso força uma redução nas equipes. 

Por outro lado, as grandes aquisições que vimos ao longo dos últimos anos, como a compra da ActivisionBlizzard pela Microsoft e a Embracer comprando tudo o que via pela frente também parece estar cobrando seu preço. 

Continua após a publicidade

Apesar disso, como o levantamento do Polygon aponta, a indústria de games está longe de estar em crise. Com uma receita total de US$ 184 bilhões gerada em 2023, segundo dados da analista de mercado Newzoo, o setor voltou a crescer depois de um 2022 mais fraco. Mais do que isso, as próprias empresas vêm de bons resultados e crescimentos.

O caso da Microsoft é bem emblemático nesse sentido. A compra da Activision custou impressionantes US$ 69 bi e foi concluída em outubro de 2023. Em janeiro de 2024, foram quase 2 mil profissionais para a rua para ajudar a pagar essa fatura.

Algo semelhante aconteceu com a Electronic Arts, que demitiu 670 pessoas em fevereiro e, pouco tempo depois, anunciava um crescimento de 2% na sua receita líquida. Já a Take-Two mandou mais de 600 pessoas para a rua após a compra da Gearbox por US$ 460 milhões.

Continua após a publicidade

E a perspectiva não é de melhora. Em uma reportagem do GamesIndustry publicado no início do ano, um executivo de alto escalão do setor de games, falando em condição de anonimato, revelou que a indústria deve encarar dois anos de dor, com mais demissões vindo aí. 

Segundo ele, 2024 e 2025 devem ser marcados pelo fechamentos de estúdios e isso pode criar uma bola de neve ainda mais catastrófica: com mais projetos sendo cancelados, mais gente vai ser mandada embora, pressionando as empresas a reduzir custos — e a gente sempre sabe de que lado essa corda estoura.

Fonte: Polygon