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Análise | Bluedio T6S Turbine vale os R$ 300 que custa?

Por| 26 de Agosto de 2019 às 09h53

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Luciana Zaramela
Luciana Zaramela

A Bluedio tem despontado no mercado internacional e já se tornou uma marca conhecida também aqui, no Brasil, por trazer fones de bom custo-benefício e se enquadrar no gosto da maioria da galera que é fã de música e quer conciliar mobilidade, qualidade e preço competitivo. Nascida na China, tornou-se uma das marcas queridinhas do segmento em e-commerces do país, principalmente os de vendas internacionais, como o nosso velho amigo AliExpress.

O Canaltech entrou em contato com a Bluedio para entender como a empresa vem expandindo mercado em todo o mundo, e a resposta foi animadora: com mais de 10 anos de estrada, a marca, que tem foco em fones Bluetooth sem fio, abriu mercado do sudeste asiático rumo ao Canadá, EUA, Oriente Médio e Brasil. E sim, há um armazém dedicado a seus produtos bem aqui em nosso país. O T6S Turbine que recebemos para análise, aliás, chegou bem rapidinho — e é esse o objetivo da Bluedio ao trazer suas instalações para o BR: evitar burocracia de serviços postais com compras no exterior e acabar com a demora (que já se tornou tradicional em compras feitas na China). Então, se estiver interessado, os fones da marca já podem ser encontrados em lojas virtuais brasileiras, como a Amazon, e chegarão bem rápido até você.

Enfim, vamos ao que interessa: vamos falar do Bluedio T6S Turbine!

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Design & Ergonomia

Se você chegou a este review por já ser um conhecedor dos fones da Bluedio, vai notar uma certa semelhança com o modelo T6, que aliás, é quase igual. Mas, nada de comparativos, aqui: o T6S é um fone robusto, bonito e discreto, com linhas no design que o tornam, ao mesmo tempo, diferente.

Recebemos o modelo na cor preta (ele está disponível no preto com amarelo e no preto com vermelho, também), e ele realmente é bem imponente. As conchas, que por fora trazem um acabamento que imita aço escovado em formato circular (que a Bluedio adora usar em seus modelos), são articuladas e giram cerca de 90º em relação ao eixo do arco, para se acomodar melhor às orelhas e também para quando o usuário for guardar o fone na bag de transporte (inclusa na caixa) ou em um case (vendido separadamente).

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O T6S é construído em plástico e metal — e isso é bem bacana, pois confere maior robustez ao modelo. Ele é um pouquinho pesado, mas nada que machuque ou atrapalhe o uso por períodos prolongados. Nas conchas, o material empregado é o plástico e o revestimento das earpads imita couro. No interior de cada uma delas, há um sensor infravermelho que detecta se os fones estão ou não próximos aos ouvidos. O que isso significa? Que se você tirar o aparelho da cabeça enquanto ouve seu som, a música vai parar de tocar automaticamente. Se colocar ele de novo na cabeça, volta a tocar de onde parou. Legal, né? Essa é a diferença entre este modelo do review e seu antecessor, o T6.

O arco tem a armação em metal e é revestido, na região da cabeça, com uma espuma que, ao mesmo tempo que é espessa, é bem molinha, com uma espécie de papelão dentro, para manter a forma em contato com a cabeça — e isso talvez possa influenciar na durabilidade do conjunto. É claro que para manter o valor dos seus fones lá embaixo, a Bluedio preferiu optar por materiais mais, digamos, econômicos na construção de seus fones. O T6S conta com um ajuste de altura graduado de 1 a 9, de cada lado do arco.

Já as conchas têm um revestimento parecido, mas sem o tal "papelão" e com uma espuma legal, que tem boa memória e não machuca a região das orelhas. Notamos que, com mais tempo de uso, os fones apertam um pouco, são bem firmes. Aqui, não chegou a doer, mas fica o alerta para os mais "cabeçudos".

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Os comandos ficam na concha direita, incluindo a entrada USB-C para carregamento.

Controles

Curiosa e infelizmente, o Bluedio TS6 não tem nada além dos dois botões de liga/desliga e ativação do ANC (cancelamento ativo de ruído). "Ah, mas como faço para aumentar e abaixar o volume?", você deve estar pensando. A resposta é: no celular. Nada de controle de volume, muito menos de avançar e retroceder músicas no próprio fone. Também não há conchas com sensibilidade ao toque.

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Se quiser pausar a música, você pode pressionar rapidamente o botão power e fazer o mesmo para continuar a reprodução. Esse mesmo botão ativa o comando de voz de seu smartphone, seja ele um iPhone, com a Siri, um um aparelho Android, com o Google Assistente (e com certa latência). Pronto, é isso. Um fone bem minimalista nessa questão, porque além desses dois botões, temos a entrada para o cabo USB-C na concha direita. E só. Nada na concha esquerda. Contenção de gastos, certo?

Microfone

Houston, talvez tenhamos um problema. Em termos de microfone, pelo que testamos, a queda na qualidade do áudio em chamadas telefônicas e de vídeo foi considerável — para não dizer que, por unanimidade, todos os interlocutores que participaram dos testes: A) perguntaram se o telefone estava distante; B) notaram um áudio enlatado, baixo; C) acharam que estávamos falando dentro de um pote de maionese. Do lado de cá, que mais sentimos foi uma latência maior que o trivial em conversas de vídeo.

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Ter microfone em um fone over-ear Bluetooth é praticamente regra geral hoje em dia, mas também não vamos esperar um mic com uma riqueza de detalhes cair o queixo em um modelo intermediário. A ligação ocorre, a comunicação acontece — mesmo que uma vez ou outra, seu contato te peça para repetir tudo de novo.

Para gravar e enviar áudio no WhatsApp, o resultado é ok.

Conectividade

A chinesa optou por investir em uma comunicação sem fios, pura e simplesmente, usando Bluetooth 4.1. Isso quer dizer que os fones são para uso exclusivo sem cabos, e se essa é uma opção mandatória para você, sentimos informar que nem se você comprar um cabo P2 (3,5 mm), vai resolver o problema. O T6S não tem entrada cabeada. Por outro lado, o alcance e a estabilidade do Bluetooth (usamos com um Mac mini e um iPhone 7) são bem satisfatórios, principalmente se o seu objetivo ao comprar um fone é mobilidade e ponto.

O fato de não ter entrada de 3.5 mm (tendência de mercado mobile, né, amigos?) gera um ponto negativo para quem quer aproveitar o fone para monitoramento, seja em edição de vídeos ou de áudio. Claro, eles não são voltados para essa função, mas poderiam quebrar um galhão para quem precisasse editar ou mesmo assistir a vídeos no YouTube sem a tradicional latência do Bluetooth.

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Bateria

Segundo a Bluedio, o T6S conta com um playtime de 25 a 30 horas com uma só carga. Um tempo bem bacana que bate de frente com modelos mais caros de marcas bem consolidadas no mercado, como JBL, Bose e Sony.

Cancelamento ativo de ruído

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O T6S traz uma função de cancelamento ativo de ruído (ANC) quase ornamental, mas que ajuda um pouco, se você não estiver em um ambiente tão barulhento, como um shopping ou um saguão de aeroporto. Exemplo: em uma sala com ar condicionado e barulhos comuns de coolers de PCs, por exemplo, é possível cancelar esses "ruídos marrons" e ser feliz com o ANC do fone. Não dá é para forçar a barra no meio de um terminal rodoviário. Você não vai sentir tanta diferença se ligar o ANC — ok, quem sabe até sinta, vá lá, uns 20% de cancelamento, em relação à função desligada.

O que percebemos com o ANC é que há perda significativa de qualidade do som quando ele está ativado. Parece que a música fica mais distante, de modo geral. O baixo perde um pouco de resposta e, os agudos, em contrapartida, saltam. Os médios perdem ataque. Realmente, se você quer usar o T6S com o cancelamento de ruído ligado, vai achar que vale a pena se estiver no escritório, por exemplo. Ele abafa um pouco do blablablá comum dos colegas de trabalho ou a voz do cara falando ao telefone na mesa ao lado, mas esses "ruídos intrusos" não vão sumir. E o fone não vai te entregar a imersão de um modelo topo de linha, como o Bose Quiet Comfort II ou o Sony WH-1000XM3. Afinal de contas, estamos falando de um modelo que custa, em média, um terço ou até um quarto do valor de fones mais pomposos.

Particularmente, preferimos usar o T6S, durante todo o tempo em que testamos o fone, sem ativar o cancelamento de ruído. Ele tem um bom selamento nas conchas, é fechado… isso resulta em um cancelamento passivo bem ok. Colocamos na balança a perda de qualidade sonora que ocorre quando ativamos o cancelamento da Bluedio e preferimos ficar com mais qualidade e cancelamento passivo, mesmo.

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Áudio

Então vamos ao que mais importa: como os fones se comportam quando tocam seu som preferido? Primeiramente, vamos esclarecer que o T6S Turbine é um modelo intermediário, não chegando a competir diretamente com fones premium (embora queira ser uma alternativa barata), mas carregando várias funcionalidades que o aproxima desses modelos que custam de 700 a 1000 reais aqui no Brasil.

Em cada concha, ele traz um driver grandão, de 57 mm — então sim, ele tem volume! Inclusive, se você "tacar o volume no talo", a vozinha chinesa vem avisar: – Maximum Volume!, talvez com a intenção de te advertir que isso pode prejudicar sua audição. A voz chinesa também avisa quando você liga o fone, mandando frases como Power on, Ready to pair e Pairing compReted (sic).

Assim que tiramos os fones da caixa e colocamos para funcionar, tivemos uma impressão um tanto "meh" do som. A princípio, o som nos pareceu um pouco choco, mas isso é fácil de explicar: no mesmo dia, estávamos analisando fones superiores, como os modelos Everest da JBL. Então, a primeira impressão foi um pouco "contaminada" por essa comparação que veio meio-sem-querer. O que fizemos? Passamos 2 dias sem ouvir nada em fone nenhum, para "resetar" a memória auditiva e focarmos única e exclusivamente no Bluedio. O resultado foi uma percepção totalmente diferente.

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Em rock, pop e estilos com mais graves, a gente até estalou os dedinhos e cantou junto enquanto curtia Don't Go Breaking My Heart, do Elton John, com o T6S. Nota: esta que vos escreve é fã do cantor-pianista, então qualquer música dele que soe chocha ou enlatada, vai incomodar e entrar como ponto negativo. Surpreendentemente, foi bem legal escutar o hit no modelo da Bluedio. Vamos, agora, falar sobre as frequências.

Na gama de graves, tivemos um monte de impressões que caminharam para uma só: são graves presentes, mas não são graves supernítidos ou com resposta rápida. Só que, de maneira, geral, nos agradaram! Em Palco, de Gilberto Gil, o equilíbrio de graves foi bem legal, até porque a música tem frequências muito bem comportadas e divididas. O baixo dançante também manteve-se no lugar, presente, legal. Dependendo da faixa ou da masterização, as frequências podem se embolar nos médios e o resultado soar metalizado. Foi o que rolou com thank u, next, da Ariana Grande. Os médio-graves e os graves se misturaram, mas os sub-graves soaram até legais. No entanto, pelo valor de venda dos fones, é perfeitamente aceitável e compreensível não ter graves perfeitos e incríveis. Tivemos um resultado surpreendentemente legal com Peg, do Steely Dan, por outro lado — o disco inteiro (Aja, recomendadíssimo!) tem uma masterização incrível e qualquer música soou satisfatória no T6S. Gostamos bastante do resultado dos graves.

Agora, médios. Definitivamente, nessa gama está localizado o calcanhar de Aquiles do T6S. Em I'm Still Standing, também do Elton John, os médios se sobrepuseram de forma que no refrão tudo embolou tanto que não foi possível sentir o brilho do slap do baixo. A voz se misturou com os pads de teclado, com os backing vocals e com a marcação da caixa da bateria. Enfim, a música virou uma salada de médios, com grande perda de definição. O solo que vem depois ficou bem enfatizado, porque, claro, guitarras estão nessa gama de frequência. Mas soou estourado. Para uma fã de Elton John não conseguir chegar ao final da música, é porque temos um problema aqui. Outro exemplo: Scar Tissue, do Red Hot Chili Peppers. A música também soou comprimida demais e com médios lá em cima, bagunçados, como se tocasse nos falantes pequeninos de um mini-system. A bateria e o vocal perderam presença, foram sobrepostos pelos backing vocals e os agudos dos pratos e dos chimbais soaram tímidos e distantes. Em Otherside, da mesma banda e do mesmo disco, tivemos a impressão de que Anthony Kiedis cantou usando um megafone.

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Os agudos do T6S são mais respeitosos, embora tímidos na maioria das faixas que ouvimos para testar. Em Do You Want To, do Franz Ferdinand, o chimbal aparece, os pratos aparecem, mas não com aquela marcação presente que a música tem. Eles estão ali, mas apagadinhos… sobrepostos pelos médios das guitarras, dos sintetizadores e das vozes. Já em Dancing Queen, do Abba, a percussão vem mais à tona. Mas é aquela coisa: é o estilo da música, da mixagem, da masterização. Vocais femininos, percussão e cordas existem, mas não impressionam. E Dancing Queen é uma música com agudos pra caramba! Ficou com ênfase nos médios dos pianos e teclados, mais uma vez. Quando entra o teclado com as cordas, a sobreposição de médios massacra as demais frequências. Mas os pianos agudos que fecham o refrão soam bem blasé no T6S. Já em sons sibilantes, o T6S peca um bocado. Sentimos isso claramente na faixa Energia Racional, de Tim Maia: é um monólogo curto, de 12 segundos. Dá pra ouvir muito bem a sibilância, que inclusive chega a estourar. Em suma: tem agudos limitados, principalmente na frequência de 4 kHz - 6 kHz, mas sibila muito (6 kHz - 7 kHz).

Preço e onde comprar

Agora é hora do grande trunfo do Bluedio T6S Turbine: o preço! É um fone bem construído, tem acabamento legal, esqueleto metálico, design diferente (e bonito), vem com bolsinha para transporte… e você encontra o modelo por valor, em média, de R$ 300 no e-commerce brasileiro. Pelo o valor, o T6S entrega um resultado até bastante satisfatório, inclusive em termos de som.

Você encontra o T6S com valor de venda variando de R$ 215 a R$ 330 na Amazon Brasil. Os modelos são encontrados em três cores: todo preto, preto com vermelho e preto com amarelo.

Veredicto

A essa altura, não vamos mais ficar batendo na tecla de valores, já que deixamos mais do que claro que o Bluedio T6S Turbine é um fone intermediário que traz uma perfumaria aqui, outra ali — como o cancelamento de ruído, um driver grandalhão e uma armação metálica, além de um design sóbrio. Em contrapartida, alguns materiais são mais econômicos, mas o conjunto inteiro é bem legal pelo preço.

Em termos de som, compará-lo com modelos high-end é sacanagem. Ele traz boas respostas que, em certas músicas, chegam inclusive a impressionar. Bons graves pelo que se paga, de modo geral, mas médios e agudos bem dentro do esperado. Tem pouco recurso em termo de controles e comandos, mas na cabeça é flexível e confortável. A impressão que temos é que a Bluedio quis investir mais em beleza e graves e economizou no restante para que o fone ficasse dentro de um valor de mercado bastante competitivo, entregando mais do que fones de R$ 300 geralmente entregam. É uma boa escolha, caso você queira um modelo bacaninha com graves igualmente legais e não se preocupe tanto com agudos e médios. Ou seja: é um fone bem honesto, principalmente para o público jovem que não pode sair torrando mil, dois mil reais em um over-ear. Sentimos falta de um cabo para plugar o T6S caso falte bateria, mas, de novo: a Bluedio não ligou para isso; o forte dela, mesmo, é a mobilidade, conexão sem fio e aquela coisa toda de usar o Bluetooth do celular ou computador em vez de cabo.

Para o design e o conforto, nota 8. Para a conectividade, nota 7 (porque o Bluetooth 4.1 dele é bom, alcança legal). E para o som, nota 6.5.