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Fórmula E está mais próxima do seu carro do que você imagina

Por| Editado por Jones Oliveira | 28 de Março de 2023 às 09h00

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Divulgação/Nissan
Divulgação/Nissan

No último final de semana, os carros da Fórmula E voaram baixo em um circuito de rua criado no Complexo do Anhembi. Foi o ePrix de São Paulo, a primeira prova da categoria em nosso país e uma vontade antiga de pilotos, equipes e organizadores da categoria. É, como muitos dos envolvidos apontam, o ápice da tecnologia de eletrificação, mas também algo que você pode ter agora mesmo, bastando ir a uma concessionária.

É claro, os veículos elétricos que você vai encontrar lá não andam a mais de 300 km/h nem possuem sistemas de recuperação de energia que trazem de volta cerca de 40% do que é gasto ao longo de uma corrida. Mas repare como, aqui, estamos falando apenas de unidades de medida menores — os carros não são tão rápidos nem reaproveitam tanta energia, mas fazem tudo isso sim, e muito mais.

É um potencial que se solidifica quando os veículos vão para as ruas, seja para andar no cotidiano ou para competir, mas também um que faz parte do dia a dia da categoria. Ao contrário do que acontece com a F1, em que as inovações demoram anos para chegar aos cidadãos, a Fórmula E se retroalimenta dos avanços que vêm das ruas. Isso explica, também, a presença de tantas marcas de carros de passeio entre os times que fazem parte da disputa.

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“Estamos [na categoria] para chegar a um nível de sofisticação e aprendizado colaborativo”, conta Tommaso Volpe, gerente-geral da equipe Nissan de Fórmula E. “O esporte aumenta a divulgação e a conscientização sobre os veículos, mas também exibe a credibilidade e a confiabilidade dos carros elétricos, quebrando velhas concepções.”

A marca japonesa chegou à etapa brasileira, a sexta da temporada 2022/2023 da Fórmula E, com muito peso sobre os ombros. Não apenas temos um novo carro à disposição das equipes, o Gen3, mas também uma reestruturação interna do próprio time, que comprou a escuderia e.dams em 2022 e agora tem o controle total de todas as operações relacionadas às corridas e desenvolvimento de tecnologias.

Não é à toa que, para a temporada atual, ela escolheu incluir as cerejeiras japonesas, símbolo clássico da primavera japonesa e uma grande alegoria para o renascimento, em sua pintura para as corridas deste ano. “A Fórmula E está mais competitiva do que nunca. Estando pela primeira vez no comando total, podemos extrair muito mais do carro, mas isso também vale para todos, então a rivalidade é grande”, finaliza Volpe.

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Estratégia que vira autonomia

O maior senso-comum do brasileiro sobre a eletrificação, transformado em temor, é o que fazer caso aconteça uma “pane seca” ou, adaptando o vocabulário, um “apagão”. Como lidar com a falta de energia em um local isolado? Os avanços tecnológicos da Fórmula E demonstram que, mais do que velocidade e potência, os veículos também possuem resiliência.

Antes da pisada funda no acelerador, vem a estratégia, com os pilotos tendo uma carga limitada para percorrer o ePrix de São Paulo, no exemplo mais recente. “Aqui, estamos em um jogo longo e de inteligência, em que ganha quem souber conservar melhor a energia”, explica o piloto Sam Bird, da Jaguar TCS Racing, em entrevista ao Canaltech.

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O que na corrida resulta em 31 voltas de alta velocidade por um traçado de 2,9 quilômetros, nas ruas das cidades se traduz em uma autonomia média de 400 quilômetros, que todos os envolvidos desejam aumentar cada vez mais. A eficiência do Gen3, carro da Fórmula E que é citado pela modalidade como o veículo de competição mais rápido e sustentável da história, também se traduz no seu volante, com uma viagem média sendo perfeitamente possível com uma única carga.

E aqui temos mais um aspecto em que a Fórmula E se retroalimenta das inovações dos carros de passeio. Na medida em que ambos se tornam mais confiáveis, também há um aumento na consistência dos resultados dos pilotos, algo citado como um elemento de suma importância pelo brasileiro Sergio Sette Câmara, que corre pela equipe NIO 333 Racing.

“O desafio é dos grandes, mas a nossa recompensa é a energia das pessoas aqui”, apontou ele, sem perceber o trocadilho. “E quando encontramos uma performance consistente nas provas, obtemos a fidelidade do público, que só motiva a gente a seguir mais em frente.”

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Espírito de acessibilidade

Ao trazer as corridas para as ruas das mesmas cidades em que os carros elétricos vão percorrer, a Fórmula E também dialoga com a realidade desses centros urbanos. Não apenas a sustentabilidade está no DNA da categoria, mas é também nas grandes metrópoles que o impacto das emissões de carbono e do uso de combustíveis fósseis é mais sentido.

É esse outro motivo pelo qual as corridas acontecem sempre em circuitos de rua. “Aproveitamos a engenhosidade e a inteligência humanas para criar soluções técnicas que fazem do mundo melhor”, aponta o CEO da categoria, Jamie Reigle. “Ao ver uma corrida, qualquer dúvida que você tenha sobre a confiabilidade de um carro elétrico vai embora imediatamente.”

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Ele indica um experimento a ser feito pelos céticos: assistir à prova, observar o desempenho de uma equipe como a Nissan ou a Jaguar, por exemplo, e depois, fazer um test drive em um modelo elétrico da marca. “Ao colocar o pé no acelerador, você sentirá o torque imediatamente. Verá que o carro é silencioso, confortável e tem potência. A inovação é palpável e é disso que queremos ser uma vitrine.”

O crescimento da categoria em si também acompanha, para o CEO, uma maior conscientização do público sobre o meio ambiente e a necessidade de buscar alternativas renováveis. O mercado está respondendo, aponta ele, seja pela movimentação regulatória, com governos de todo o mundo criando normatizações para a eletrificação, seja pela disponibilidade de opções de carros em si.

O jornalista viajou a convite da Nissan.