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EUA dizem ter provas de que Huawei praticava espionagem com seus dispositivos

Por| 11 de Fevereiro de 2020 às 22h00

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Os Estados Unidos travam uma guerra comercial com a China já há mais de um ano, e um dos grandes alvos do governo é a Huawei, que, segundo autoridades norte-americanas, teria um acesso backdoor em seus dispositivos conectados à rede de telefonia. O caso vem se arrastando desde 2012, e em agosto do ano passado a chinesa sofreu embargo que a impede de ter negócios com empresas dos EUA. Isso tudo aconteceu sem provas, de fato. Contudo, agora, o governo estadunidense afirma ter evidências dessa suposta espionagem.

"Temos evidências de que a Huawei tem capacidade secreta de acessar informações pessoais e confidenciais nos sistemas que mantém e vende em todo o mundo", afirmou Robert O'Brien, consultor de segurança nacional dos Estados Unidos, em uma matéria publicada pelo The Wall Street Journal, nesta terça-feira (11). Os Estados Unidos alegam que a Huawei pode obter dados, de forma ilegal, por meio da infraestrutura que vende às empresas de telecomunicações. Os americanos ainda não estão fornecendo tais provas publicamente, mas teriam começado a compartilhá-las com outros países.

“Os Estados Unidos mantiveram a inteligência altamente classificada até o final do ano passado, quando autoridades americanas forneceram detalhes a aliados, incluindo o Reino Unido e a Alemanha, de acordo com autoridades dos três países. Essa foi uma reviravolta tática dos estadunidenses, que no passado argumentaram que não precisavam produzir evidências concretas da ameaça que a Huawei representa para a segurança das nações”, diz o texto.

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A “ameaça” do 5G da Huawei

Essas supostas evidências aparecem em um momento estratégico, pois a Huawei é líder na infraestrutura da quinta geração de internet móvel, que nesse ano começa a funcionar em vários países. O governo Trump vem fazendo campanha para impedir que outros países fechem acordos de implantação do 5G com a tecnologia da chinesa.

As autoridades americanas disseram que estão cientes do acesso dos backdoors da Huawei "desde que o observaram em 2009 nos primeiros equipamentos 4G", segundo o The Wall Street Journal. Essas mesmas pessoas, no entanto, teriam se negado a dizer se a Huawei realmente teria utilizado tal brecha.

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Vale destacar que backdoors nem sempre significam a certeza de abertura para espionagem, pois os fabricantes de equipamentos de telecomunicações que vendem produtos para operadoras "são obrigados por lei a incorporar em seus meios de hardware as autoridades para acessar as redes para fins legais". Contudo, as empresas "também são obrigadas a construir equipamentos de tal maneira que o fabricante não possa obter acesso sem o consentimento do operador de rede", lembrou o jornal.

A Huawei teria violado essas leis, aplicadas em vários países. “Autoridades americanas dizem que a Huawei construiu equipamentos que preservam secretamente a capacidade do fabricante de acessar redes por meio dessas interfaces sem o conhecimento das operadoras. Os funcionários não forneceram detalhes de onde eles acreditam que a Huawei seja capaz de [...] acessar redes. Outros fabricantes não têm essa mesma capacidade”, detalha o artigo.

Huawei continua negando

Uma autoridade estadunidense afirmou ao The Wall Street Journal que "a Huawei não divulga esse acesso secreto a seus clientes locais ou às agências de segurança nacional do país anfitrião". Já a Huawei contestou essas alegações mais recentes, da mesma forma que já fez no passado, destacando que "nunca fará nada que comprometa ou ponha em risco a segurança das redes e dados de seus clientes".

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A gigante chinesa também disse que os Estados Unidos fizeram suas últimas acusações "sem fornecer nenhum tipo de evidência concreta". "Nenhum funcionário da Huawei tem permissão para acessar a rede sem a aprovação explícita da operadora", assegurou um funcionário da chinesa ao jornal.

Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos vem adotando medidas para reduzir a quantidade de equipamentos Huawei e ZTE em redes de telecomunicações — essas companhias ainda estão bastante presentes em solo estadunidense, especialmente em locais remotos e de baixa conectividade. A Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) votou por unanimidade, em novembro, a proibição de equipamentos da Huawei e da ZTE em projetos pagos pelo Fundo de Serviço Universal (USF) da FCC.

Fonte: Ars Technica