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Apps permitem que empresas espionem gravidez de suas funcionárias

Por| 12 de Abril de 2019 às 13h27

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Apps permitem que empresas espionem gravidez de suas funcionárias
Apps permitem que empresas espionem gravidez de suas funcionárias

A ascensão dos apps de saúde se tornaram uma mão na roda para médicos e pacientes, com softwares desse tipo permitindo a inclusão e monitoramento de dados, facilitando a localização de problemas e dificuldades. A questão é que esse tipo de informação também pode estar sendo repassada a empregadores e responsáveis por planos de saúde, como revelado em uma reportagem publicada pelo jornal The Washington Post.

No centro da questão está o Ovia, um dos principais apps para monitoramento de gestação, mas que também tem soluções voltadas para o acompanhamento de períodos férteis e planejamento parental. O software é pago para uso individual, mas a empresa também fornece planos empresariais para que o aplicativo seja fornecido às funcionárias como um benefício extra durante a gravidez. O problema é que os dados registrados por ela também podem ser acessados por seus superiores.

A distribuidora de jogos ActivisionBlizzard é apontada pela reportagem como uma das principais adeptas desse tipo de prática. Mais do que isso, a empresa estaria entregando às funcionárias outros benefícios, como cartões presente de US$ 1 a cada dia de utilização do Ovia, de forma a incentivá-las a incluir todos os dados regularmente. O que é citado por uma fonte do noticiário como reforço positivo, entretanto, também abre as portas para espionagem e obtenção de dados bastante privados.

Por meio do aplicativo, os empregadores estariam tendo acesso a detalhes pessoais da vida das gestantes, como períodos férteis, libido, possíveis gestações de risco e a possibilidade de partos prematuros. Termos médicos pesquisados pelas grávidas, assim como planejamentos relacionados a licenças e retorno ao trabalho também seriam compartilhados com os empregadores.

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Tudo isso é parte de uma versão do Ovia exclusiva para empresas. De acordo com a desenvolvedora do app, os dados são disponibilizados aos gestores de forma anônima e agregada, dando apenas uma visão geral da situação e não específica. Entretanto, companhias de todos os tipos podem adotar o sistema, enquanto os dados e o fato de o número de mulheres grávidas em uma corporação geralmente ser baixo facilitar a localização das pessoas, configurando uma grave brecha na privacidade.

Ainda, foi levantada como problemática a exibição de anúncios direcionados durante a utilização do Ovia. Essa seria mais uma maneira de a empresa monetizar seus serviços, com as propagandas exibindo empresas de fertilização, produtos médicos, seguros, roupas e até propagandas de hospitais de acordo com o andamento da gestação e as pesquisas realizadas pelas usuárias.

Falando em sua defesa, a Ovia diz estar de acordo com leis de privacidade dos países em que atua. Além de entregar os dados a empregadores de forma conjunta, a empresa também disponibiliza termos de uso às usuárias, que estão cientes desse compartilhamento antes de começarem a usar a aplicação. A desenvolvedora ainda ressalta os fatores positivos da questão, já que a disponibilização desse tipo de solução mostra uma preocupação das companhias com suas colaboradoras gestantes.

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Sobre a questão dos anúncios, a Ovia negou que vende os dados de suas usuários para fins de publicidade. Entretanto, em seus termos de uso, a companhia diz precisar de acesso aos dados anônimos para fins de pesquisas externas e marketing, enquanto cita, também, o direito a repassar as informações a terceiros.

Já Milt Ezzard, vice-presidente de benefícios globais da Activision Blizzard, disse que a disponibilização do Ovia para as funcionárias da empresa é parte de uma mudança de postura, voltada para auxiliar as mulheres. O executivo afirmou que a entrega de dados é feita de forma voluntária e também faz parte dessa alteração de visão, além de gerar prêmios internos e um melhor planejamento e apoio às gestantes.

O temor dos partidários da privacidade e da responsabilidade no uso de dados tem a ver com o mau uso das informações, com empresas levando em conta tentativas de engravidar, por exemplo, para adiar promoções, modificar salários ou mudar o status empregatício de suas funcionárias. Além disso, o compartilhamento com empresas de seguro saúde, grandes clientes da Ovia, também pode servir para manipulação de preços de convênios caso uma nova cliente esteja tentando ter filhos, por exemplo.

A Ovia foi fundada nos Estados Unidos em 2012, mas entrou no mercado de aplicativos médicos apenas em 2016. Hoje, ela conta com mais de 10 milhões de usuários, com as soluções voltadas para acompanhamento de gestação estando entre seus principais serviços, também atraindo milhões de dólares em investimentos.

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Fonte: The Washington Post