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Um processo contrário ao que temos na Terra está congelando montanhas em Plutão

Por| 13 de Outubro de 2020 às 20h20

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Lançada em janeiro de 2006, a missão New Horizons sobrevoou Plutão em 2015 e revelou a complexidade do planeta anão em uma missão histórica. Agora, uma nova pesquisa conduzida por uma equipe internacional de cientistas analisou os dados coletados pela missão, e eles descobriram que o gelo que cobre as montanhas do planeta, em formações bem parecidas com as montanhas cobertas por neve na Terra, é formado, na verdade, por metano.

Neste estudo, os cientistas analisaram os dados sobre a atmosfera e a superfície de Plutão com simulações numéricas do clima, que revelaram que a cobertura de gelo das montanhas do planeta é criada em um processo bem diferente daquele que temos na Terra. “É particularmente interessante ver que duas paisagens bem parecidas na Terra e Plutão podem ser criadas por processos bem diferentes", diz Tanguy Bertrand, pesquisador de pós-doutorado no Ames Research Center, da NASA, e principal autor do estudo. A princípio, objetos como a lua Tritão, de Netuno, poderiam ter um processo similar, mas não há mais nenhum lugar no Sistema Solar com montanhas cobertas de gelo dessa maneira, além da Terra.

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Para entender como a mesma paisagem poderia ocorrer sob diferentes condições, os pesquisadores desenvolveram um modelo 3D do clima de Plutão, onde simularam a atmosfera e a temperatura ao longo do tempo. Assim, eles descobriram que a atmosfera do planeta anão tem mais metano gasoso nas altitudes maiores e mais quentes, de modo que o gás fica saturado, sofre condensação e é congelado diretamente no pico das montanhas sem a necessidade da formação de nuvens. Já em altitudes mais baixas, o metano não congela porque há menos do gás, de modo que a condensação não acontece.

No nosso planeta, a temperatura atmosférica cai de acordo com a altitude, de modo que o frio da atmosfera esfria a temperatura da superfície. Quando ventos úmidos se aproximam de uma montanha da Terra, a água deles esfria e se condensa, formando nuvens e a neve do topo das montanhas. Já em Plutão, acontece o contrário: a atmosfera do planeta se aquece com o aumento da altitude devido ao metano, que fica mais concentrado em altitudes elevadas e absorve radiação solar. Entretanto, a atmosfera é fina demais para impactar a temperatura da superfície, que se mantém constante.

Esse processo não só cria as coberturas de neve nas montanhas de Plutão, como também forma características similares nas crateras — o terreno misterioso da região Tartarus Dorsa, em volta do equador do planeta anão, também pode ser explicado por esse ciclo. “Plutão é realmente um dos melhores laboratórios naturais que temos para explorar os processos físicos e dinâmicos envolvidos quando componentes que se movem regularmente entre o sólido e o gasoso interagem com a superfície do planeta”, disse Bertrand. "O sobrevoo da New Horizons revelou paisagens glaciais impressionantes, sobre as quais continuamos aprendendo".

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.

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Fonte: NASA