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Última reversão dos polos magnéticos da Terra levou 20 mil anos para acontecer

Por| 06 de Novembro de 2020 às 11h17

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ESA/ATG medialab
ESA/ATG medialab

No planeta Terra, há mais de uma definição para “polo norte”, sendo que as principais são o geográfico (que é onde fica o Ártico), e o magnético (que orienta a agulha da bússola). Mas nem sempre esses dois nortes estão alinhados. Às vezes, o norte magnético está deslocado, e eventualmente o polo norte e sul magnéticos trocam de lugar. A última vez que isso aconteceu foi há 773 mil anos, e agora os cientistas encontraram novos detalhes sobre esse evento.

Nosso planeta tem em seu interior um núcleo formado por ferro em constante movimento e carregado eletricamente. É graças a essas correntes elétricas que temos ao redor da Terra um campo magnético que nos protege contra a radiação solar. Contudo, a magnetosfera (essa “bolha” magnética que nos protege) não é estática — ela muda constantemente, podendo se deslocar alguns graus ou reverter completamente.

Atualmente, o polo norte magnético está na Sibéria, mas, durante uma reversão magnética, os polos magnéticos norte e sul trocam de lugar. Isso é algo completamente natural e não há motivos para pânico, mas os cientistas querem entender melhor este processo, pois, durante uma reversão, a magnetosfera perde parte de sua força, e a Terra pode ficar um pouco mais vulnerável às tempestades solares.

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Mas o que realmente intriga os pesquisadores é que a última reversão aconteceu há muito tempo. A estimativa é que as reversões ocorram a cada 200 mil a 300 mil anos, mas a última delas, que deixou os polos como estão agora, foi há 773 mil anos. Para conhecer mais os detalhes sobre esse último episódio da nossa magnetosfera, uma equipe realizou um estudo paleomagnético, buscando descobrir quando exatamente ele aconteceu e quanto tempo o processo de reversão durou.

O paleomagnetismo é um estudo que analisa rochas, sedimentos e materiais arqueológicos capazes de conservar um registro do campo magnético da Terra à medida que se solidificam. Fluxos de lava, por exemplo, são um ótimo material para esse tipo de pesquisa, porque eles obtêm esse registro quando ainda estão no estado líquido e, ao se solidificarem, o campo magnético da lava não se altera mesmo quando os polos da Terra sofrem uma reversão.

Cientistas deram um nome à última vez que os polos norte e sul trocaram de lugar: reversão geomagnética Matuyama-Brunhes. O novo estudo, conduzido por Yuki Haneda e publicado na revista Progress in Earth and Planetary Science, buscou registros magnéticos em alguns depósitos de sedimentos em Chiba, Japão. Os geofísicos consideram que este é um registro muito detalhado da última reversão, que recebe o nome de reversão geomagnética Matuyama-Brunhes.

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Neste estudo, os cientistas coletaram novas amostras de rochas magnéticas nos sedimentos de Chiba “para reconstruir a sequência completa da reversão geomagnética Matuyama-Brunhes,” disse Haneda. Essa região já era considerada por conter o registro sedimentar marinho mais detalhado dessa reversão, tanto que aquele período ganhou o nome de Idade Chibana.

Mas a equipe de Haneda encontrou um resultado diferente de outros estudos sobre o assunto. Alguns sugerem que levou vários milhares de anos para a reversão Matuyama-Brunhes acontecer, enquanto outros dizem que ela foi concluída no período de uma vida humana. Mas o novo artigo aponta que levou cerca de 20 mil anos, incluindo um período de instabilidade de 10 mil anos que levou à reversão.

Quais são os efeitos de uma reversão magnética?

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Durante a reversão, a proteção do campo magnético da Terra é reduzido e, portanto, mais radiação solar pode atingir a superfície da Terra durante o evento. Isso pode colocar animais como as baleias em perigo, por exemplo, de acordo com alguns estudos, embora esse efeito sobre os mamíferos marinhos não seja comprovada.

Também não há nenhuma certeza sobre quais efeitos a próxima reversão poderá trazer à humanidade. Algumas pesquisas apontam para mudanças climáticas, mas há poucas evidências nessa área e o assunto ainda é controverso. A humanidade moderna ainda não passou por este fenômeno, então é muito difícil prever o que poderá acontecer.

Por enquanto, o que sabemos é que os sistemas de energia e comunicações, incluindo satélites, são os mais propensos a correr algum risco. Por isso, entender melhor os mecanismos e as dinâmicas das reversões poderá ser útil no futuro, quando for necessário preparar o planeta para a próxima ocasião em que isso acontecer.

Fonte: Universe Today