Essa pode ser a explicação de como o norte magnético da Terra foi para a Sibéria
Por Daniele Cavalcante |
Cientistas europeus afirmam já serem capazes de explicar o que está fazendo o polo norte magnético da Terra se mover. Nos últimos anos, o norte magnético se mudou do Canadá para a Sibéria e, embora os pesquisadores soubessem que isso poderia acontecer, ainda não se sabia ao certo a causa dessas mudanças.
Uma equipe de cientistas liderada pela Universidade de Leeds afirmou que o comportamento do polo magnético é causado pela competição de duas "bolhas" magnéticas na borda do núcleo externo da Terra. Mas antes de explicar o que move o norte magnético, é preciso compreender que existem, na verdade, três polos no norte do planeta.
Os três polos
Um deles é o geográfico, o “norte verdadeiro”, que é o ponto do eixo de rotação da Terra. O segundo é o polo geomagnético, o extremo norte do “ímã” que fica no núcleo terrestre e aponta para a Groenlândia. Essa posição se altera pouco. E, por fim, há o polo norte magnético, que é o ponto no qual as linhas do campo magnético apontam verticalmente.
Este terceiro polo é o que nossas bússolas localizam, e é ele que tem feito tanto movimento. Ao contrário do norte geomagnético, o norte magnético é mais suscetível aos fluxos do ferro líquido que fica no núcleo da Terra. Os pesquisadores cogitavam que eram essas correntes que "puxavam" o campo magnético, fazendo com que o norte magnético se mova pelo globo ao longo do tempo.
Em 1831, o norte magnético foi localizado em ilhas canadenses, mas ele não ficou parado. Cada vez mais ele se movia para o norte geográfico do planeta e, nas últimas décadas, atravessou centenas de quilômetros. Em 2019, o Modelo Magnético Mundial teve de ser atualizado, pois o polo norte magnético da Terra mudou mais rápido que o normal, implicando em uma mudança em sistemas de navegação, como o GPS dos nossos smartphones.
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O que move o polo norte magnético?
De acordo com os pesquisadores, certas mudanças no fluxo do material derretido no núcleo do planeta alteram a força das regiões acima do fluxo magnético negativo. "Essa mudança no padrão de fluxo enfraqueceu o sistema no Canadá e aumentou ligeiramente a força do sistema na Sibéria", explicou o Dr. Phil Livermore, referindo-se às tais “bolhas” magnéticas.
É por isso que o polo norte magnético deixou sua posição sobre o ártico canadense e se dirigiu à Sibéria, no norte da Rússia. É como se essa região estivesse ganhando o “cabo de guerra”, explicou Livermore. De acordo com o recente modelo criado pela equipe, o norte magnético continuará se movendo em direção à Sibéria, mas com o tempo o movimento começará a diminuir. Na velocidade máxima, ele atinge 50 a 60 km por ano.
Ainda não se sabe se o polo voltará à sua posição canadense, mas a recente mudança levou o National Geophysical Data Center, dos EUA, e o British Geological Survey, da Inglaterra, a atualizarem antecipadamente o Modelo Magnético Mundial no ano passado. Este modelo é uma representação do campo magnético da Terra em todo o globo, e é incorporado a todos os dispositivos de navegação, incluindo os smartphones, para corrigir erros da bússola.
Fonte: BBC