Publicidade

Terra 2.0: China trabalha em missão para encontrar exoplanetas iguais ao nosso

Por| Editado por Rafael Rigues | 12 de Abril de 2022 às 11h44

Link copiado!

NASA/ESA/G. Bacon/STScI
NASA/ESA/G. Bacon/STScI

A China está trabalhando em sua primeira missão dedicada a procurar exoplanetas parecidos com o nosso, chamada Terra 2.0. Um satélite vai procurar mundos em outras partes da Via Láctea que, além de serem rochosos, orbitem estrelas como o Sol e estejam nas zonas habitáveis de seus sistemas planetários. A meta é lançar a missão até o fim de 2026.

Até hoje, mais de 5 mil exoplanetas foram encontrados na Via Láctea. A maior parte desses mundos foi descoberta pelo telescópio espacial Kepler, da NASA, que, após 9 anos de missão, foi aposentado em 2018. Ele encontrou planetas rochosos ao redor de anãs vermelhas, mas nenhum se assemelhava à Terra.

Continua após a publicidade

Mesmo com a tecnologia atual, encontrar pequenos planetas rochosos é um grande desafio, pois suas estrelas hospedeiras são incomparavelmente mais massivas e brilhantes do que eles. É exatamente este desafio que a missão chinesa Terra 2.0 quer superar.

A missão será financiada pela Academia Chinesa de Ciências, e encontra-se em sua fase final de design. Em junho, todos os detalhes do projeto serão revisados por uma bancada de especialistas e, uma vez aprovado, o satélite começará a ser montado. A China divulgará mais detalhes sobre a missão ainda neste mês.

Missão Terra 2.0

O satélite Terra 2.0 será equipado com sete telescópios e, inicialmente, passará quatro anos estudando o céu. Seis destes telescópios trabalharão juntos observando as constelações de Cygnus e Lira, mesma região estudada pelo telescópio Kepler.

Continua após a publicidade

Eles observarão pequenas mudanças no brilho de uma estrela conforme um planeta passa em sua frente — o conhecido método do trânsito. A combinação de vários telescópios confere uma campo de visão bem maior do que o de um único e grande, como o Kepler.

Juntos, os telescópios observarão 1,2 milhão de estrelas em uma área do céu de 500 graus quadrados. “Nosso satélite pode ser 10 a 15 vezes mais poderoso que o telescópio Kepler em sua capacidade de levantamento do céu”, explica Jian Ge, astrônomo que lidera a missão.

O Terra 2.0 observará estrelas mais escuras e distantes do que o telescópio Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA. Sua sétima ferramenta será um telescópio de microlente gravitacional, que pesquisará planetas que não orbitam nenhuma estrela ou muito distantes de suas estrelas, como Netuno está do Sol.

Continua após a publicidade

Esse telescópio detectará mudanças na luz das estrelas, que ocorrem quando a gravidade de um planeta passando à sua frente distorce a luz. Seu alvo será o centro da Via Láctea, que concentra um maior número de estrelas. Se tudo der certo, este será o primeiro telescópio de microlente gravitacional a funcionar no espaço.

Acumulando dados

Para um exoplaneta ser classificado como semelhante à Terra, sua órbita também deve ter o mesmo período: um ano. No entanto, para confirmar sua órbita, os astrônomos precisam observar, pelo menos, três trânsitos — passagens em frente à estrela hospedeira — ou até mais.

Continua após a publicidade

Em quatro anos de missão, o telescópio Kepler estava prestes a confirmar exoplanetas realmente parecidos com a Terra, mas uma falha em seu sistema suspendeu seu trabalho por longo tempo — criando uma lacuna nos dados.

O time por trás da missão espera que os dados do novo satélite, combinados com os do Kepler, ajudem a confirmar quais mundos alienígenas são semelhantes ao nosso. A equipe tem 300 cientistas e engenheiros, mas a China espera a participação de mais parceiros internacionais.

A Agência Espacial Europeia buscará mundos em outros sistemas estelares com a missão Planetary Transits and Oscillations of Stars (PLATO), que também deve ser lançada em 2026. Com 26 telescópios, o PLATO terá um campo de visão bem maior e a cada dois anos mudará a região do céu observada.

Fonte: Via Nature