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Telescópio Hubble encontra pistas sobre origem do cometa interestelar 2l/Borisov

Por| 20 de Abril de 2020 às 18h40

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NASA/JPL
NASA/JPL

Astrônomos já descobriram mais de 4.000 planetas fora do Sistema Solar, mas é muito difícil determinar a composição deles com a tecnologia atual. No entanto, o cometa 2I/Borisov, que veio de algum canto desconhecido da galáxia, nos trouxe pistas sobre a química de um objeto nascido em torno de outra estrela que não o Sol.

Uma vez que cometas são feitos do gás, gelo e poeira que fizeram parte dos blocos de construção de um planeta, o Borisov é a chance de obtermos um vislumbre dos dias iniciais de outro sistema estelar. Por isso, uma equipe de pesquisadores usou novas observações do Telescópio Espacial Hubble para investigar a composição deste cometa comprovadamente interestelar.

Eles encontraram uma incomum abundância de monóxido de carbono, algo bem diferente dos cometas que fazem parte do Sistema Solar. Essa abundância pode significar que cometa tenha se formado em um disco circunstelar em torno de uma estrela anã vermelha, as mais frias dentre as estrelas da sequência principal.

Usando a sensibilidade ultravioleta exclusiva do Hubble, a equipe da pesquisa conseguiu detectar o monóxido de carbono que escapava do núcleo do cometa Borisov. O espectrômetro de origens cósmicas do Hubble observou o cometa em quatro ocasiões distintas, entre os dias 11 de dezembro de 2019 a 13 de janeiro de 2020, o que permitiu aos pesquisadores verem a composição química do objeto mudar rapidamente, à medida que diferentes misturas de gelo - incluindo monóxido de carbono, oxigênio e água - eram sublimadas sob o calor do Sol.

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A surpresa foi descobrir que o coma do cometa (a nuvem de gás ao redor do núcleo) contém pelo menos 50% mais monóxido de carbono do que vapor de água. Essa quantidade é três vezes maior que a quantidade já medida em qualquer cometa do Sistema Solar interno.

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O gelo de monóxido de carbono é muito volátil. Não é preciso muita luz solar para aquecer o gelo e convertê-lo em gás, que escapa do núcleo de um cometa. Para o monóxido de carbono, essa atividade ocorre muito longe do Sol, a cerca de 18 bilhões de quilômetros de distância - mais do que o dobro da distância de Plutão em seu ponto mais distante do Sol. Em contraste, a água permanece em sua forma gelada até cerca de 200 milhões de quilômetros do Sol, a distância aproximada da borda interna do cinturão de asteroides.

Com essa abundância de gelo de monóxido de carbono que sobreviveu tão perto do Sol, os pesquisadores cogitam que o Borisov vem de um lugar muito mais frio e de um disco de detritos muito diferente do nosso, rico em carbono, ao redor de uma estrela anã vermelha. As anãs vermelhas são mais fracas e menos massivas que o Sol, e seus discos podem ser muito mais frios que o nosso Sistema Solar.

Ainda não se sabe o que fez o cometa ser ejetado de seu sistema estelar, mas é possível que tenha sido resultado da força gravitacional de um grande objeto. Se um planeta do tamanho de Júpiter migrar para a parte mais interna do sistema, por exemplo, muitos desses cometas seriam expulsos da órbita ao redor da estrela anfitriã.

Estudar cometas é importante porque os astrônomos ainda estão tentando entender o papel que eles desempenham na formação de planetas. Além disso, eles também podem redistribuir material orgânico entre os planetas jovens e podem inclusive ter sido os responsáveis por trazer água para a Terra, no início da formação do nosso planeta.

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Fonte: Hubble