Telescópio espacial James Webb vai estudar o "cemitério" do Sistema Solar
Por Danielle Cassita |
Depois de diversos atrasos, o telescópio espacial James Webb deverá ser lançado no ano que vem. Pouco depois, o telescópio deverá examinar, por meio da série de programas Guaranteed Time Observations, os objetos misteriosos e congelados que existem além da órbita de Netuno, no Cinturão de Kuiper, que são restos do processo de formação planetária e nos ajudarão a saber mais sobre como o Sistema Solar se formou.
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Os objetos presentes na região são frios e brilham bastante na luz infravermelha — que é aquela para qual o telescópio foi designado para detectar. Assim, os estudos serão feitos com a técnica da espectroscopia, que divide a luz em cores individuais para determinar as propriedades dos materiais que interagem com a luz. Os "membros" do Cinturão de Kuiper têm tamanhos e formas variados: alguns deles têm pares, enquanto outros possuem luas e anéis. Além disso, eles têm várias cores, o que pode indicar diferentes formações ou exposições à luz solar. "Com o Webb, vamos poder coletar informações sobre a química da superfície [dos objetos], que pode nos dar algumas pistas sobre por que existem essas diferentes populações no Cinturão", diz Heidi Hammel, cientista interdisciplinar do Webb para observações do Sistema Solar.
Entre os objetos na mira dos estudos, estão o planeta anão Plutão e sua lua Caronte, e os dados do Webb poderão complementar os dados obtidos pela missão New Horizons em 2015. Já Eris, o segundo maior planeta anão do Sistema Solar, será estudado para sabermos mais sobre os tipos de gelo que existem em sua superfície. Os planetas anões Sedna e Haumea, junto do centauro Chariklo, também estão na fila para estudos — os centauros são pequenos corpos com natureza híbrida que foram “expulsos” do Cinturão de Kuiper. Para Jonathan Lunine, cientista interdisciplinar do Webb que vai estudar alguns desses objetos com o telescópio, eles estão no cemitério da formação do Sistema Solar. "Eles estão em um lugar onde poderiam durar bilhões de anos, e não existem muitos desses lugares no Sistema Solar. Adoraríamos saber como eles são", diz.
Ao estudar esses corpos, Lunine e seus colegas esperam poder aprender sobre as formações congeladas que estavam presentes no início do Sistema Solar; como esses mundos são os mais gelados que apresentam atividade geológica e atmosférica, os cientistas deverão compará-los com planetas. Se tudo correr bem, o telescópio espacial James Webb deverá ser lançado em 2021. O instrumento é ambicioso, e tem objetivos como detectar as primeiras estrelas e galáxias que nasceram no universo primitivo e também deverá analisar como as galáxias crescem e mudam com o tempo.
Fonte: NASA