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Superfície da lua Europa pode brilhar no escuro graças à radiação de Júpiter

Por| 09 de Novembro de 2020 às 18h50

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NASA/JPL-Caltech/SETI Institute
NASA/JPL-Caltech/SETI Institute
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A lua Europa, uma das 79 que orbitam Júpiter, é um mundo congelado que abriga um oceano sob sua superfície, que poder até conter algum tipo de vida. Enquanto orbita o maior gigante gasoso do Sistema Solar, essa lua recebe elétrons e outras partículas que a banham com radiação altamente energizada, que podem brilhar no escuro. Assim, uma nova pesquisa feita por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA, detalhou como esse brilho seria e o que ele pode revelar sobre a composição da lua.

Em outras observações, os cientistas já haviam considerado que a superfície de Europa seria feita de uma mistura de gelo e sais comuns, como o cloreto de sódio — o sal de cozinha — e o sulfato de magnésio, o sal Epsom, que pode ser usado em banhos. Assim, o estudo, com cientistas liderados pelo físico Murthy Gudipati, sugere que a radiação do campo magnético de Júpiter pode fazer com que a superfície de Europa brilhe devido às reações químicas com o gelo. “Essas partículas de alta energia carregadas, incluindo elétrons, interagem com a superfície rica em gelo e sal, o que resulta em processos físicos e químicos”, explicam os autores.

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Para o estudo, foi preciso imitar as condições da lua. Assim, durante os experimentos, a equipe resfriou gelo a cerca de -173,15 °C, e depois, o gelo foi exposto a pulsos de radiação de elétrons. Os cientistas notaram que o gelo emitiu brilho, cuja intensidade dependia das substâncias presentes na água. "Os análogos ao gelo de Europa emitem assinaturas espectrais características na região visível quando são expostos à radiação de elétrons com alta energia", colocam os autores.

Nisso, eles descobriram que o cloreto de sódio e o carbonato são compostos capazes de reduzirem o brilho do gelo, enquanto a epsomita o aumenta. Para Fred Bateman, co-autor do estudo, “ver o cloreto de sódio brilhar menos foi o momento ‘aha!’ que mudou o curso da pesquisa” — isso porque, inicialmente, o objetivo era verificar como o material orgânico sob o oceano da lua interage com emissões de radiação, e os pesquisadores ficaram surpresos quando perceberam que o brilho variava de acordo com a composição do gelo.

À primeira vista, uma lua brilhar no escuro pode não parecer algo tão novo assim; afinal, a nossa própria Lua brilha por refletir a luz solar. Entretanto, o brilho de Europa é causado por um mecanismo bem diferente, que é capaz de iluminá-la até no lado que não recebe luz do Sol. "Se a Europa não tivesse essa radiação, ela seria parecida com a nossa Lua — escura no lado que fica na sombra", explica Gudipati, autor principal do estudo.

A superfície de Europa será observada melhor pela missão Europa Clipper, que deverá ser lançada na metade da década de 2020, e os cientistas da missão estão analisando as descobertas dos autores para descobrir se o brilho poderia ser detectado pelos instrumentos científicos da sonda. Se os sistemas da Europa Clipper puderem observar o brilho e analisar o espectro, podemos receber novas informações da composição do gelo dessa lua. Além disso, as técnicas também poderão ajudar em análises das outras luas jovianas.

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Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Astronomy.

Fonte: ScienceAlert, NASA