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Startup vai usar robôs para desenvolver remédios no espaço

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Imagesourcecurated/Envato
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Já pensou em desenvolver novas pesquisas na área da farmacologia ou ainda produzir remédios com a ajuda de robôs no espaço? Esta é a missão da startup norte-americana Varda Space Industries. A empresa deve lançar, em junho, o seu primeiro satélite, através de uma espaçonave de SpaceX. Este será o primeiro desafio envolvendo a viabilidade da produção espacial de medicamentos.

A vantagem dos estudos envolvendo medicamentos no espaço é a questão da microgravidade. Isso porque, nessas condições, os átomos e as moléculas se comportam de maneira diferente, permitindo novas possibilidades de construção de um remédio e impactando as suas funções. Basicamente, misturar, aquecer e resfriar compostos químicos geram produtos diversos — até mesmo desconhecidos — e estas novidades serão enviadas de volta para a Terra para novas rodadas de estudo.

“Construímos uma maneira única de manipular sistemas químicos” dentro de nossos satélites, operados por robôs, explica Will Bruey, cofundador e CEO da startup Varda, para o site Bloomberg. Caso seja realmente promissora, a iniciativa levará à descoberta de novos tratamentos médicos.

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Como os testes com novos medicamentos serão feitos na microgravidade?

Para o desenvolvimento de novos medicamentos, o satélite-laboratório experimental da Varda é bastante diminuto. O seu ponto mais largo tem cerca de um metro de diâmetro, o que não deve ser um problema, já que nenhum astronauta embarcará junto. Tudo é automatizado.

Nesta primeira fase, a ideia é apenas produzir protótipos de novos medicamentos que serão enviados de volta à Terra. Ainda na primeira missão, os engenheiros esperam descobrir se a cápsula é resistente ao ponto de reentrar na atmosfera terrestre, mantendo os produtos químicos inalterados. Caso alguma falha ocorra, toda a pesquisa será perdida e o experimento precisará ser refeito.

Quais tipos de remédios poderão ser feitos no espaço?

A ideia é que sejam levados para o espaço projetos de desenvolvimento para remédios, cuja pesquisa esteja estagnada na Terra, e tenham alta demanda no mercado. Por exemplo, entre as possíveis pesquisas, a startup destaca medicamentos que atuem contra o câncer ou o diabetes, além de dores crônicas. Afinal, a iniciativa é extremamente complexa e cara.

Considerando que a estratégia da startup funcione e novos compostos sejam descobertos no espaço, todo o processo precisa ser replicável na gravidade da Terra. Isso porque a produção em larga escala, mesmo com robôs, é inviável dentro dos satélites por enquanto.

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Desafios para a produção de remédios no espaço

“O potencial é enorme, e vejo isso como uma esmeralda promissora no céu”, pontua Arthur Boni, biofarmacêutico e professor da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA. A questão é que, para além da startup, outras empresas mais sólidas no mercado já exploram as possibilidades espaciais.

Por exemplo, a farmacêutica MSD realizou experimentos, ainda em 2019, na Estação Espacial Internacional (ISS), o que permitiu o aperfeiçoamento do seu medicamento oncológico Keytruda. Em uso conjunto com uma vacina de mRNA (RNA mensageiro), o tratamento recebeu o selo de "terapia inovadora" pela agência Food and Drug Administration (FDA) no uso contra o câncer de pele.

Em outra frente, a farmacêutica brasileira Cimed também investe em pesquisas na ISS. Além de estudos envolvendo o vírus da covid-19, outra etapa do projeto busca entender como ocorre a absorção de vitaminas na microgravidade. Este experimento será feito com leveduras, mas a ideia é simular a ação do aparelho digestivo humano e buscar possíveis insights. Diante destes exemplos e de tantas projeções, é inegável que a Era da Medicina Espacial esteja apenas começando.

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Fonte: Bloomberg