Startup cria rover para transportar carga e pessoas na Lua e, talvez, em Marte
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

O rover FLEX é o novo veículo interplanetário da startup Venturi Astrolab, criado para transportar cargas e até pessoas pela superfície da Lua — e talvez até em Marte, no futuro. A empresa revelou o rover nesta quinta-feira (10), e afirma que espera construir uma frota completa do veículo ao longo dos próximos 10 anos, para ajudar a NASA e empresas comerciais a estabelecerem a presença de longo prazo na Lua.
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O nome FLEX é, na verdade, a abreviação de “Flexible Logistics and Exploration”, expressão que descreve bem o funcionamento do veículo: ele foi projetado para poder se agachar e erguer cargas na superfície lunar, levando-as sob sua “barriga” para, depois, deixá-las na localização desejada. Além disso, o FLEX foi pensado com design modular, que permite modificações, e é semi-autônomo, podendo ser controlado remotamente.
A ideia da Astrolab é utilizar o FLEX para capitalizar os novos esforços em todo o mundo para enviar novos humanos à Lua, tal como a dedicação que a NASA vem empregando no programa Artemis, que deverá levar a primeira mulher e a primeira pessoa negra à superfície do nosso satélite natural. “Empresas como a SpaceX e a Blue Origin estão resolvendo o problema de transporte de longa distância, e nós queremos resolver o problema de transporte local — e estabelecer o padrão para a logística lunar”, disse Jaret Matthews, CEO da empresa.
No momento, a Astrolab já construiu um protótipo do FLEX em escala real, que foi testado em um deserto na Califórnia para coletar e entregar cargas úteis, além de configurar um painel solar vertical. Chris Hadfield, ex-astronauta e membro do conselho da empresa, deu uma volta no rover e trouxe suas considerações sobre o projeto. Futuramente, a empresa espera que o FLEX possa ser utilizado para carregar a maior quantidade possível de cargas úteis.
Usos futuros do rover
O FLEX foi projetado para carregar até 1.500 kg de cargas, posicionadas acima ou abaixo de sua estrutura principal, com foco na flexibilidade. “Estamos trabalhando no FLEX para torná-lo o rover mais versátil já criado, e a inovação principal é o fato de que temos essa capacidade de cargas úteis modulares”, explicou Matthews. Segundo ele, a Astrolab vem trabalhando no veículo pensando no projeto Lunar Terrain Vehicle (LTV), da NASA.
No ano passado, a agência espacial publicou duas solicitações de informações da indústria sobre requisitos do veículo. Jacob Bleacher, cientista-chefe de exploração na sede da NASA, afirmou durante a conferência Lunar and Planetary Sciences Conference que esperava que a NASA fosse publicar um pedido de propostas para um LTV ao longo dos próximos meses — e é aí que entra o FLEX.
Pensando na competição, a empresa vem trabalhando no veículo para garantir que esteja dentro dos requisitos exigidos pela NASA, como a capacidade de operar durante oito horas de caminhada lunar, funcionar no polo sul lunar mesmo durante as noites e operar por mais de 10 anos. Até o momento, Matthew se mostrou otimista com o andamento do projeto. Segundo ele, muito disso se deve ao desenvolvimento rápido e objetivo adotado pela empresa, de "projetar, construir, quebrar, repetir".
Quando estiver pronto, o rover deverá ser compatível com lançamentos em diferentes tipos de foguetes e módulos de pouso, e Matthew acredita ser possível que o FLEX seja levado à Lua até mesmo antes do pouso tripulado da missão Artemis 3, que não deverá acontecer antes de 2026. “Eu iria amar se o FLEX fosse o primeiro rover dirigido por astronautas desde a era Apollo”, sugeriu. “Estamos indo o mais rápido possível, e acho que estaremos prontos na primeira oportunidade”, finalizou.