Publicidade

Sonda indiana encontra evidências de mar de magma na Lua

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
NASA/Unsplash
NASA/Unsplash

Os primeiros resultados científicos do rover da missão indiana Chandrayaan-3 foram publicados nesta quarta (21). A missão contou com um rover enviado ao nosso satélite natural em 2023, e segundo o novo artigo, o robô encontrou solo que corresponde àquele das regiões mais equatoriais da Lua já analisado em missões anteriores. Portanto, a descoberta reforça que a crosta lunar é feita de magma que esfriou há 4,4 bilhões de anos.

No passado, nossa Lua foi coberta por um oceano de magma e estava muito mais perto da Terra do que está hoje. “A Lua teria parecido com uma bola quente e vermelha”, descreveu Santosh Vadawale, autor principal do novo estudo. 

O cenário que descreve nosso satélite natural coberto por magma é chamado de hipótese do Oceano de Magma Lunar, e sugere que o manto da Lua (a camada sob a crosta e acima do núcleo metálico) se formou conforme minerais mais pesados afundaram neste oceano. Depois, rochas mais leves deram origem à crosta. 

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Pois bem, o rover Pragyan encontrou uma pista interessante deste processo. Ele foi à superfície lunar a bordo do lander Vikram, da missão Chandrayaan-3, e passou 10 dias explorando a superfície da Lua. O robô se deslocou por mais de 90 metros e coletou dados do regolito com seu espectrômetro de raios X.

O Pragyan revelou que o solo ali era feito principalmente de anortosito, um tipo de rocha ígnea. No caso da hipótese do Oceano de Magma Lunar, a anortosita teria flutuado e formado a crosta da Lua — e as novas medidas do rover reforçam a hipótese. “O estudo atual fornece as primeiras medidas locais das regiões nos planaltos polares, que se somam às medidas anteriores nas regiões equatoriais”, explicou Vadawale.

Os resultados não são uma surpresa em meio ao entendimento atual sobre nosso satélite natural, mas são importantes mesmo assim. Afinal, pesquisadores em todo o mundo ainda investigam os detalhes da evolução lunar — e encontrar evidências empíricas deste processo é uma grande conquista para o programa de ciência lunar da Índia.

Além disso, a descoberta é um ótimo exemplo do potencial das missões espaciais robóticas. “Este tipo de dado mostra o que exploradores móveis, como rovers e robôs saltadores, podem fazer na Lua para permitir que os cientistas façam perguntas e as respostas sobre a evolução planetária a partir do seu registro geológico de mais de 4 bilhões de anos”, finalizou Bethany Ehlmann, cientista planetária da Caltech. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature, The Washington Post