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Sinais identificados em Marte podem ter vindo de rochas vulcânicas, não de água

Por| Editado por Patricia Gnipper | 25 de Janeiro de 2022 às 10h57

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ESA/G. Neukum, Freie Universitaet, Berlin/Bill Dunford
ESA/G. Neukum, Freie Universitaet, Berlin/Bill Dunford

O que parecia ser um reservatório de água sob uma calota polar no sul de Marte pode ser, na verdade, um aglomerado de rochas vulcânicas. Essa é a conclusão de um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade do Texas, que investigaram reflexos brilhantes de radar encontrados na região e descobriram que correspondem àqueles de planícies vulcânicas, presentes por todo o Planeta Vermelho.

Em 2018, uma equipe de cientistas anunciou a descoberta de uma possível reserva de água líquida subterrânea, localizada a 1,5 km abaixo de uma calota do planeta. A descoberta veio após a identificação de algo bastante reflexivo sob o gelo, que era consistente com uma grande reserva de água. Depois, outras buscas revelaram novas áreas brilhantes, que sugeriam a ocorrência de uma rede de pelo menos trêslagos subterrâneos.

Já no ano passado, um estudo subsequente trouxe novas análises dos dados usados no estudo de 2018, que mostraram que argila congelada poderia produzir um sinal reflexivo parecido com aquele observado anteriormente, que foi associado à água. Portanto, talvez não houvesse reservatórios de água por lá, mas sim vastos depósitos de argila congelada.

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Cyril Grima, principal autor do novo estudo, acredita que para a água existir em estado líquido por lá, deveria haver uma forte fonte emissora de calor na região e um ambiente salgado, o que não corresponde ao que se conhece da área. Assim, os autores propõem uma nova explicação: eles sugerem que, na verdade, o sinal reflexivo tenha vindo de rochas vulcânicas enterradas sob o gelo.

O que há abaixo do gelo?

Para investigar o que pode existir por lá, Grima e seus colegas aplicaram um lençol de gelo virtual em dados globais de radar de Marte, mostrando como o planeta ficaria se tivesse 1,4 km de água congelada. Depois, eles analisaram áreas reflexivas parecidas com aquelas que foram interpretadas como água, e descobriram que elas estavam espalhadas por todas as latitudes do planeta.

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Em seguida, os autores as mapearam com dados da geologia já conhecida sobre nosso vizinho, e perceberam que ela correspondia às localizações de planícies vulcânicas. Assim como a argila congelada produz reflexos, as rochas vulcânicas também são altamente reflexivas por serem ricas em metais. Outras possíveis explicações para os sinais reflexivos envolvem depósitos de minerais em leitos de rios secos.

Para Grima, descobrir a natureza destas áreas é uma forma de responder perguntas importantes sobre o passado de Marte. Futuras missões de sensoriamento remoto podem ajudar, estudando a calota de gelo para tentar descobrir se essas interpretações são prováveis ou se, talvez, a argila congelada seja a grande responsável pelos sinais observados.

Ian Smith, autor que liderou o estudo sobre a argila congelada, considera que o novo artigo fornece locais precisos para a busca de evidências de antigos lagos e leitos de rios, possibilitando também testar hipóteses sobre a perda da água de Marte ao longo de bilhões de anos. “A ciência não é à prova de erros na primeira tentativa”, disse. “Isso é especialmente verdade na ciência planetária, que estamos observando lugares jamais visitados e dependendo de instrumentos que analisam tudo remotamente”.

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Nos próximos passos, a dupla de cientistas irá trabalhar em propostas de missões que usem o sensoriamento remoto baseado em radar. A ideia é tentar encontrar e localizar água em Marte, um recurso importante tanto para futuras missões tripuladas no planeta quanto para a busca por possíveis sinais deixados por seres vivos, caso tenham existido por lá no passado.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.

Fonte: Geophysical Research Letters; Via: Science Alert, UTexas